Ministro da Fazenda participou de audiência pública na Comissão de Finanças e Tributação da Câmara dos Deputados nesta quarta. Para ele, economia está 'no rumo certo'. O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, em imagem de 2024
TON MOLINA/ESTADÃO CONTEÚDO
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou nesta quarta-feira (22) que a economia está no rumo certo e rechaçou avaliações de analistas e economistas que estão subindo o tom das críticas à política econômica do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
"A impressão que dá é que tem um fantasminha fazendo a cabeça das pessoas e prejudicando nosso plano de desenvolvimento", declarou o ministro da Fazenda, durante audiência pública na Comissão de Finanças e Tributação da Câmara dos Deputados.
O ministro citou artigos de jornal que desabonam o plano do governo petista para o desenvolvimento do país.
Além de artigos, economistas proeminentes aumentaram as censuras nas últimas semanas depois que o governo anunciou que quer reduzir as metas de superávit das contas públicas.
Essa alteração das metas fiscais permitirá uma ampliação de R$ 160 bilhões em gastos públicos em 2025 e 2026.
Em painel sobre os 30 anos do Plano Real realizado na semana passada, por exemplo, Pérsio Arida, Gustavo Loyola e Pedro Malan avaliaram que o problema dos rombos orçamentários ainda permanece em aberto e sem solução aparente.
A percepção de economistas é de que déficits elevados e recorrentes nas contas públicas dificultam o controle da inflação e elevam a dívida pública - obrigando o Banco Central a elevar a taxa básica de juros, o que compromete o crescimento da economia e a geração de empregos.
Nas últimas semanas, pesquisa realizada pelo Banco Central também mostram uma expectativa do mercado financeiro de crescimento maior da inflação, de expansão menor do Produto Interno Bruto (PIB), de corte menor na taxa de juros e de taxa de câmbio mais alta neste e no próximo ano.
Percepção de Haddad sobre a economia
Para o ministro Haddad, entretanto, as contas públicas estão mais equilibradas, apesar do rombo de R$ 230 bilhões registrado no ano passado e da permissão para gastar mais em 2025 e 205.
Além disso, ele avaliou que a "inflação está totalmente controlada", com seus núcleos (que excluem choques temporários), rodando abaixo das metas fixadas (3% para os próximos anos, podendo chegar a até 4,5%]), que é, em sua visão, "exigentíssima".
"Estamos construindo um caminho mais justo do ponto de vista social. É um ajuste fiscal [das contas públicas] que está sendo feito sem fazer doer nas famílias trabalhadores, no empresário que paga seus impostos corretamente, sem prejudicar programas sociais importante, contratos sociais já estabelecidos. Estamos fazendo um caminho mais difícil pois exigem vários pequenos ajustes, que, somados, vão resolver nosso problema fiscal", declarou o ministro Haddad.
Ele avaliou que o problema foi "herdado" da gestão anterior, do presidente Jair Bolsonaro, sendo que a PEC da transição, aprovada no fim de 2022, apenas assumiu gastos contratados e não assumidos durante a campanha eleitoral.
Para endereçar o problema das contas públicas, afirmou que a equipe econômica está reduzindo benefícios fiscais (redução de tributos para setores da economia), "pois tem muita gente que não está pagando imposto, quando a sociedade brasileira está pagando".
"Por enquanto está acontecendo, tanto do ponto de vista de crescimento, inflação, geração de emprego, fiscal. Está acontecendo o que entendíamos que ia acontecer", concluiu o ministro da Fazenda.
Ele também destacou a aprovação da PEC da reforma tributária sobre o consumo no ano passado, que ainda tem de ser regulamentada. Em sua visão, a reforma vai estimular o crescimento do país e acabar com a cumulatividade dos tributos existentes, desonerando investimentos e barateando alimentos.