ECONOMIA
Segundo representantes do setor, movimento reflete queda no número de lançamentos e no de estoques. Preços de apartamentos sobe no Brasil.Jornal Nacional/ ReproduçãoO índice de preços médios de apartamentos brasileiros cresceu mais de 50% nos últimos cinco anos, indica o novo levantamento feito pela Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC).Segundo a pesquisa, o índice de preços ficou em 171,9 pontos no trimestre encerrado em março deste ano – uma alta de 54,4% em relação aos primeiros três meses de 2019, quando era 111,35 pontos. O indicador reflete a variação de preços dos apartamentos ao longo do trimestre.O estudo só considera apartamentos e leva em consideração uma análise feita em 220 cidades brasileiras. Veja no gráfico abaixo a evolução do índice de preços ao longo dos últimos cinco anos:O número também representa um avanço de 12% em comparação ao primeiro trimestre do ano passado, quando estava em 153,46 pontos.O movimento, segundo representantes da CBIC, do Sindicato das Empresas de Compra, Venda, Locação ou Administração de Imóveis Residenciais ou Comerciais de São Paulo (Secovi-SP) e da Brain Inteligência Estratégica, reflete dois fatores principais: o aumento de custos de construção visto no mercado ao longo da pandemia; ea queda dos estoques de apartamentos disponíveis."No passado recente, há cerca de dois anos, nós tivemos [...] altas muito expressivas [nos preços] de aço, de cimento, de alumínio e de cobre em função da pandemia. E isso proporcionou uma pressão para que o preço [dos imóveis] aumentasse", explicou o presidente da CBIC, Renato Correia. "Isso independe da capacidade de pagamento dos clientes. O custo [de construção] subiu e é preciso deixar as companhias com uma margem operacional, então o preço sobe", completou. Agora, o movimento é um pouco diferente. De acordo com os executivos do setor, o que explica o aumento de preços mais recente é a queda dos estoques, em meio ao número cada vez menor de lançamentos.Puxadas pelo Minha Casa Minha Vida, vendas de imóveis crescem 30% até novembro de 2023Segundo o levantamento da CBIC, por exemplo, o lançamento de apartamentos residenciais totalizou 56.355 unidades no primeiro trimestre deste ano, uma redução de 9,6% em comparação a igual período do ano passado. A oferta final, na mesma base de comparação, registrou uma queda de 12,2%, para 272.708 unidades."Nós estamos no menor patamar de oferta final", disse o presidente da Brain inteligência Estratégica, Fábio Tadeu Araújo, durante a apresentação do levantamento. "Isso significa que se ninguém lançasse mais nada hoje, em 9,9 meses acabaria a oferta [os estoques]. Esse é o nosso recorde no sentido de menor tempo de escoamento da oferta [de apartamentos]", acrescentou o executivo. Assim, com cada vez menos apartamentos disponíveis, a tendência é que a variação de preços obedeça a lei de oferta e demanda."Agora vemos um outro movimento. Não é mais um movimento de custo de materiais, mas de menos lançamentos. Com as vendas permanecendo no mesmo patamar e os estoques diminuindo, isso naturalmente leva a um ganho de preços", disse Correia, da CBIC, reiterando que a estimativa é que os preços continuem a subir ao longo deste ano.Destaque para o Minha Casa Minha VidaAinda segundo o levantamento da CBIC, outro destaque importante no mercado imobiliário é o maior foco em lançamentos feitos dentro do programa Minha Casa, Minha Vida (MCMV) – que foi beneficiado pelas mudanças trazidas pelo governo no ano passado.Com as novas regras, o programa passou a ter um subsídio maior, juros mais baixos e um aumento no valor máximo do imóvel que pode ser comprado — o que trouxe um maior apetite de lançamentos por parte das incorporadoras e uma maior demanda por parte da população.De acordo com o levantamento, os lançamentos na modalidade aumentaram 24,7% no primeiro trimestre deste ano em relação a igual período de 2023. Já as vendas de apartamentos que se enquadram no programa subiram 21,3% na mesma base de comparação. Para o economista-chefe do Secovi-SP, Celso Petrucci, os números já são resultado das mudanças feitas no programa, e a expectativa é que tanto os lançamentos quanto as vendas de apartamentos na modalidade se intensifiquem à frente."Estamos voltando aos patamares que tínhamos antes de o programa se mostrar desenquadrado e atrasado em relação às curvas de subsídios e limites operacionais", afirmou o economista durante apresentação do levantamento.Segundo Araújo, da Brain, apesar de a expectativa ser a de que haja um crescimento de todos os segmentos ao longo deste ano, o destaque ainda deve ficar com as unidades que se enquadram no MCMV."Esse é o maior mercado, onde tem mais demanda. E se nesse momento existe apoio de diferentes governos, é ainda mais fácil fazer com que essa demanda seja realizada", afirmou o executivo.Ele disse, ainda, que a expectativa é que o volume de lançamentos da modalidade ultrapasse o de outros segmentos do mercado imobiliário ao longo deste ano. Atualmente, 47% do total de lançamentos feitos no mercado imobiliário são do programa MCMV."Praticamente metade do mercado já é Minha Casa, Minha Vida, e a possibilidade é inverter logo no primeiro semestre, passando a ter mais lançamentos já no segundo semestre", completou Araújo.