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Dia Mundial da Obesidade: médica endocrinologista explica quais as causas e sintomas

Por Nova TV Alto Tiete em 04/03/2023 às 18:39:32

A médica endocrinologista Carla Adlung afirma além dos medicamentos, dos cuidados com alimentação e da prática de atividade física, uma mudança no estilo de vida também contribui no tratamento. Dia Mundial da Obesidade: endocrinologista explica quais as causas e sintomas

Neste sábado (4), é celebrado o Dia Mundial da Obesidade, uma condição que é um dos principais fatores de risco para doenças não transmissíveis, como diabetes tipo 2, hipertensão, entre outras. O objetivo da data é alertar sobre as consequências da doença.

A médica endocrinologista Carla Adlung explica como é o processo de atendimento para que um paciente seja diagnosticado com obesidade.

“Pra começar essa história a gente precisa colocar que obesidade é uma doença, acho que essa frase a gente precisa colocar como algo muito sério. Obesidade é uma doença e deve ser tratada como tal. Obesidade significa excesso de gordura corporal. Se formos muito técnicos, a relação da obesidade é peso x altura, é aquela continha do IMC, que é o Índice de Massa Corpórea. Mas a gente sabe que tudo que vem depois é muito mais intenso e muito mais grave. A obesidade é sim uma doença multifatorial, então nós temos fatores genéticos, mas isso não são determinantes a desenvolver obesidade. E o grande problema que a gente tem são as doenças que vêm depois disso, como você acabou de citar: hipertensão, diabete, as doenças articulares, as doenças vasculares, que vêm diante do desenvolvimento da obesidade”.

A médica também afirma que, por mais que exames médicos não indiquem alterações, pacientes com obesidade estão propensos a desenvolverem outros tipos de doenças.

“De novo colocar a frase: obesidade é doença. Então, assim, "ah, estou com sobrepeso, com obesidade, mas os meus exames estão ótimos". Estão ótimos ainda, porque daqui a pouco eles não vão estar mais. A obesidade, em sempre falo assim, é uma doença de cartas marcadas. Então, se você tá bem hoje, saiba que daqui a pouco alguma coisa vai aparecer, porque esse é o natural, fisiológico da doença. O paciente obeso ele vai desenvolver alguma doença. Então, não existe obesidade saudável. Por mais que você tenha exames de sangue bons, se você tem obesidade, você tem excesso de gordura corporal. E aí vem aquelas doenças, a gordura no fígado, vem aquela pré-diabetes, que a gente não tem diagnóstico ainda, aquela pressão que tá começando a subir, como foi falado agora pouco, um colesterol, triglicerídeo. São os pontinhos que vão somando além do só peso, a gente não tá falando só de balança, algo muito mais complexo.

Segundo Carla Adlung, os primeiros sinais de obesidade em crianças indicam que pais e responsáveis devem começar se atentar e buscar atendimento médico. “Infelizmente, a gente não pode esquecer de falar de criança. As crianças obesas hoje, com sete, oito, nove anos, são crianças já hipertensas, já diabéticas, é algo muito sério. E aí entra a história do tratamento, o quanto a gente precisa tratar do tempo de doença que essa pessoa tá dentro do quadro da obesidade. Se essa criança foi no pediatra, tem aquele gráfico, mãe sabe disso, aquele gráfico que você coloca a criança dentro do gráfico. A gente tem que falar assim: se essa criança está fora do gráfico, ela tem que ser tratada. Uma criança, inicialmente, a gente não vai falar de um tratamento medicamentoso. Tratamento pra criança é ofertar comida de boa qualidade e colocar essa criança pra fazer atividade física. É diferente do adulto. A gente sempre vai pedir essa mudança do estilo de vida, mas entra aquele fator genético, famílias obesas têm uma tendência muito maior a ter crianças obesas. A gente fala que é o ambiente obesogênico. Então, isso é algo muito mais intenso, mas essas crianças devem ser tratadas a partir do primeiro momento em que elas saíram do gráfico, elas estão acima da curva”.

O tratamento contra a obesidade não se restringe aos medicamentos. De acordo com a médica endocrinologista, é necessária uma mudança no estilo de vida e, principalmente, cuidados com alimentação e prática de atividade física. “Acho que o primeiro passo sempre vai ser a tal da mudança de estilo de vida. E lembrar que não existe medicação que faça emagrecer. Seria fácil, "vou tomar o remédio e vou emagrecer tomando remédio". Não, o remédio vai agir pra auxiliar com que esse processo aconteça. Então, a gente precisa sim da medicação, precisa da mudança de estilo de vida geral. Então, sem atividade física e sem dieta não há medicação que vá agir. As crianças, diante de uma determinada idade se elas não apresentam resultado nesse processo de perda de peso, a gente já tá falando de um quadro de obesidade, elas podem sim ser tratadas com medicação. Nós temos medicações já liberadas pra esse público mais jovem, não crianças muito pequenininhas. Mas esse público mais jovem já deve ser tratado com um olhar um pouco mais agressivo. A gente precisa ser agressivo quando se fala de obesidade. Obesidade é doença, tem que ser tratada dessa forma”.

Uma orientação feita pela médica é de que o acompanhamento de profissionais é um dos fatores mais importantes para o processo de tratamento contra a obesidade. “É pensar que, envelhecer, estamos envelhecendo a cada dia. Então, se a gente precisa pensar em saúde e envelhecer de forma saudável, a gente precisa de cuidado. Se você percebe que o peso tá aumentando e você não está conseguindo perder peso só com suas básicas mudanças, que seja dieta, começar a fazer academia e não tá com resultado, tem que procurar ajuda. E procurar ajuda e tratamento medicamentoso não é diminuir, não é o caminho mais fácil. Muito pelo contrário, é só quem trabalha com isso que sabe o quanto o entrar num consultório, o quanto se expor, expor a sua vida, expor as suas delicadezas é mais intenso. Só não deixa de procurar tratamento, a gente tá aqui pra isso”.

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Fonte: G1

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