Gleudys Mayerlin Pérez Olmedo e Darwin Jesus Perez vieram para o Brasil pelas dificuldades vividas na Venezuela e dizem que a população é, majoritariamente, contra essa reeleição. O presidente Nicolás Maduro se dirige a apoiadores reunidos em frente ao palácio presidencial de Miraflores depois que as autoridades eleitorais o declararam vencedor das eleições presidenciais na Venezuela
AP Photo/Fernando Vergara
Contestada na Venezuela, a reeleição de Nicolás Maduro tem causado protestos no país e reações em todo o mundo. Venezuelanos que moram em Mogi das Cruzes, na Grande São Paulo, definem o resultado - que não foi reconhecido pela Organização dos Estados Americanos (OEA) - como fraude.
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Gleudys Mayerlin Pérez Olmedo, 36 anos, veio para Mogi das Cruzes há aproximadamente cinco anos, época em que uma "onda imigratória" de venezuelanos aconteceu no Brasil.
"Eu acho que é fraude e eles sempre fazem isso: falam que ganharam, mas não estão falando a verdade. A gente está vendo as notícias, que falam que nas escolas onde estava acontecendo a votação a oposição era maioria, mas na hora do resultado eles dizem que não", opina.
De acordo com o Conselho Nacional Eleitoral (CNE) da Venezuela, Maduro teria conquistado 51,2% dos votos para ser eleito presidente do país pela terceira vez. Enquanto o principal candidato da oposição, Edmundo González, teria recebido 44% dos votos.
A venezuelana afirmou que González seria sua opção, porque o via como uma esperança para o país.
"Eu vim para o Brasil porque o governo já estava muito ruim, a gente não tinha liberdade de expressão, todo mundo tinha que ficar calado com o que estava acontecendo lá. Há um tempo, a gente tinha condição econômica, mas não tinha comida para comprar, era preciso ficar em filas durante a madrugada. Depois, tinha o que comprar, mas estava tudo muito caro, a comida, a gasolina, o gás", conta Gleudys.
Ao ser questionada se acredita que as manifestações que estão sendo feitas contra a nova eleição de Maduro podem ter resultado, ela diz que é necessário ter "fé em Deus".
Darwin Jesus Perez, 36 anos, veio para o Brasil há seis anos e logo se mudou para Mogi das Cruzes também. Com muitos familiares e amigos ainda morando na Venezuela, ele diz que há quase uma unanimidade quando o assunto é a reeleição de Maduro.
"Quase 90% dos venezuelanos dizem que é fraude. Tenho amigos e família que ainda moram lá e todos dizem que ganharia a oposição. Nós crescemos aprendendo a gostar do Maduro e que isso seria o certo, então, em algum momento ele tinha apoio de grande parte da população. Hoje, isso já não acontece mais", afirma Darwin.
O venezuelano também fala sobre as dificuldades que encontrou no país, dizendo que chegou a ficar cinco dias na fila do mercado e, quando conseguia entrar, podia comprar apenas três produtos.
"Hoje, tem muita coisa no mercado, mas é tudo muito caro. O custo de vida na Venezuela é muito alto e não existe mais a classe média. Lá ou a pessoa é pobre ou a pessoa é rica. E só é rico quem o governo quer que seja", diz o venezuelano.
Divulgação incompleta de resultado
A Venezuela foi às urnas no domingo (28), e, na madrugada de segunda-feira (29), o CNE declarou Nicolás Maduro vencedor com 51,2% dos votos. O principal candidato da oposição, Edmundo González, ficou com 44% dos votos, ainda de acordo com a Justiça eleitoral do país.
No entanto, o resultado foi anunciado com 80% dos votos apurados, e as atas de votação -- documentos que registram o número de votos e o resultado em cada local de votação -- não foram divulgadas pelo CNE.
A oposição venezuelana contestou o resultado e acusou o CNE de fraude. Na noite de segunda, a oposicionista María Corina Machado afirmou ter tido acesso a 73% das atas, que, segundo ela, dão vitória a Edmundo González.
O grupo oposicionista abriu um site com as atas às que a oposição teve acesso para provar sua versão.
Uma contagem rápida independente à qual o Blog da Sandra Cohen teve acesso nesta terça-feira (30) aponta vitória de González sobre Maduro por 66.2% a 31.2%.
Na segunda-feira (29), nove países da América Latina pediram uma reunião de emergência da OEA para discutir o resultado divulgado pelo CNE. O pedido foi feito por Argentina, Costa Rica, Equador, Guatemala, Panamá, Paraguai, Peru, República Dominicana e Uruguai.
Em uma carta conjunta, os países "manifestam profunda preocupação com o desenvolvimento das eleições presidenciais" na Venezuela e exigem uma "revisão completa dos resultados com presença de observadores eleitorais independentes que assegurem o respeito à vontade do povo venezuelano que participou de forma massiva e pacífica".
Nesta terça, Brasil, México e Colômbia devem divulgar uma declaração conjunta cobrando a divulgação das atas eleitorais por parte do governo.
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