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Dólar abre em baixa, com relatório de inflação do BC e empolgação com a China no radar

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Por REDAÇÃO: NOVA TV ALTO TIETÊ em 26/09/2024 às 10:12:10

Foto: G1 - Globo

No dia anterior, a moeda norte-americana subiu 0,23%, cotada a R$ 5,4755. Já o Ibovespa, principal índice de ações da bolsa, encerrou em queda de 0,43%, aos 131.587 pontos. Cédulas de dólar

Pexels

O dólar abriu em baixa nesta quinta-feira (26), com investidores começando a repercutir a divulgação do Relatório Trimestral de Inflação, referente ao segundo trimestre deste ano, pelo Banco Central do Brasil (BC).

No documento, a instituição elevou sua estimativa para a inflação oficial no ano. As projeções para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) saltaram de de 4% para 4,3%. Apesar da alta, o número permanece abaixo dentro da meta para a inflação brasileira -- que é de 3%, podendo oscilar entre 1,5% e 4,5%.

No entanto, segundo o BC, a probabilidade estimada de a inflação ultrapassar o teto da meta também subiu nesta última avaliação, passando de 28% para 36%.

O BC também elevou suas estimativas para o Produto Interno Bruto (PIB), de 2,3% para 3,2% e disse que "o ritmo de crescimento da atividade econômica tem sido forte e superado as expectativas". Além disso, afirmou que os impactos econômicos das enchentes no Rio Grande do Sul (RS) mostraram-se "menores do que os esperados anteriormente, contribuindo para parte da surpresa".

No exterior, a China continua no centro das atenções. No começo da semana, o Banco Central Chinês anunciou uma série de estímulos econômicos para fomentar o consumo, agradando o mercado, que espera um aumento na demanda externa da segunda maior economia do mundo.

Nesta quinta, também, líderes chineses reconheceram que a economia do país enfrenta novos desafios e prometeram "gastos fiscais necessários" para garantir o crescimento de 5% do PIB da China neste ano. Com essas falas, investidores acreditam que novos pacotes de estímulos podem ser anunciados e aumentar o consumo chinês.

Veja abaixo o resumo dos mercados.

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Dólar

Às 09h50, o dólar caía 0,76%, cotado a R$ 5,4337. Veja mais cotações.

No dia anterior, a moeda subiu 0,23%, cotada a R$ 5,4755.

Com o resultado, acumulou:

queda de 0,82% na semana;

perda de 2,79% no mês;

avanço de 12,84% no ano.

Ibovespa

O Ibovespa começa a operar às 10h.

Na véspera, o índice caiu 0,43%, aos 131.587 pontos.

Com o resultado, acumulou:

alta de 0,40% na semana;

recuo de 3,25% no mês; e

queda de 1,94% no ano.

O que está mexendo com os mercados

No Brasil, o mercado segue de olho no cenário econômico, agora repercutindo, também, o relatório de inflação do segundo trimestre.

Segundo o BC, "o aumento da projeção de inflação no horizonte relevante resultou principalmente da atividade econômica mais forte que o esperado".

Os principais pontos do relatório são os seguintes:

A principal contribuição para a alta da inflação mensal deve vir da variação positiva dos preços de alimentação no domicílio;

Os preços de bens industriais, influenciados pelo aumento dos preços ao produtor, pela alta do dólar e pelo IPI maior sobre o cigarros, "devem apresentar variações mais elevadas";

Os preços de serviços devem acelerar principalmente devido aos aumentos em passagens aéreas;

Quanto à gasolina, as quedas recentes nos preços do petróleo e da gasolina internacional, que têm exibido volatilidade relevante, sugerem "tendência de moderação" nos preços domésticos;

Em relação à energia elétrica, as chuvas abaixo do padrão e as temperaturas mais elevadas têm elevado a probabilidade de "bandeiras mais restritivas" até o final do ano.

O mercado analisa o relatório, enquanto segue repercutindo outros dados econômicos divulgados ao longo da semana.

Nesta quarta-feira (26), o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou os novos dados do IPCA-15, que registrou uma alta de 0,13% em setembro, abaixo das expectativas do mercado.

O resultado foi puxado pelo grupo de Habitação, impactado principalmente pelo aumento da energia elétrica residencial. Esse é o primeiro indicador de preços desde o aumento da bandeira tarifária de energia elétrica.

O reflexo do resultado melhor do que o esperado nos preços, no entanto, é limitado — principalmente após o tom mais duro deixado pelo Copom na ata de sua última reunião.

Divulgado na véspera, o documento reforçou o "firme compromisso" do comitê com a conversão da inflação à meta da instituição, sinalizando que novas altas devem acontecer nos próximos meses.

A ata ainda mostrou que todos os dirigentes concordaram em iniciar o ciclo de altas nos juros de maneira gradual, para acompanhar com cuidado os próximos dados econômicos -- principalmente inflação e emprego --, ao mesmo tempo em que o aumento da taxa já comece a fazer efeito sobre o mercado.

"O Comitê julgou que o início do ciclo deveria ser gradual de forma a, por um lado, se beneficiar do acompanhamento diligente dos dados, ainda mais em contexto de incertezas, tanto nos cenários externo como doméstico, mas, por outro lado, permitir que os mecanismos de transmissão da política monetária que possibilitarão a convergência da inflação à meta já comecem a atuar", diz a ata.

Juros maiores elevam o custo do crédito para pessoas e empresas, o que tende a diminuir o consumo e os investimentos empresariais. O efeito desejado com isso é a redução da inflação.

O documento ainda indicou que os indicadores de atividade econômica e do mercado de trabalho têm apresentado um dinamismo maior do que o esperado e criticou o "esmorecimento no esforço (do Governo Federal) de reformas estruturais e disciplina fiscal".

A cautela com o cenário fiscal é, inclusive, um grande fator negativo para os investidores. O 4º Relatório de Avaliação de Receitas e Despesas Primárias (RARDP) de 2024, por exemplo, mostrou uma contenção de despesas abaixo do esperado pelo mercado.

Na última sexta-feira (20), o governo anunciou um bloqueio de R$ 2,1 bilhões no Orçamento de 2024 para manter a meta de gastos do arcabouço fiscal.

Porém, no mesmo relatório de despesas e receitas, o governo anunciou também a reversão de R$ 3,8 bilhões que foram contingenciados no terceiro bimestre.

Enquanto um bloqueio no Orçamento é utilizado para controlar o crescimento das despesas obrigatórias, o contingenciamento visa lidar com a falta de receitas, explicam analistas da XP Investimentos.

"Acreditamos que a meta de resultado primário está comprometida, devido ao otimismo ainda presente em relação aos efeitos das medidas de aumento de receita e à subestimação das despesas com seguridade social", comentam.

Os especialistas ainda indicam que essa meta pode "estar perdendo relevância como indicador de esforço fiscal, em virtude do crescente número de exceções que não são consideradas no cálculo para a apuração da meta".

"Mesmo que o governo atinja o limite inferior da meta (equivalente a um déficit de R$ 28,8 bilhões), o déficit fiscal real será significativamente maior, alcançando R$ 68,8 bilhões", destacam.

Em entrevista à GloboNews, Henrique Meirelles, ex-ministro da Fazenda e ex-presidente do BC, disse que essa cautela do mercado com o cenário fiscal "não é uma preocupação exagerada", tendo em vista que o Brasil tem uma dívida pública elevada -- e uma das maiores entre os países emergentes.

Meirelles destacou que o país "não tem uma capacidade infinita de captar recursos pelo Tesouro no mercado" e que o investidor tem que querer investir nos títulos brasileiros. Assim, com a percepção de chance de alta do custo da dívida nacional, os investidores passam a demandar mais juros para que a rentabilidade compense o risco.

Na última segunda-feira, o Boletim Focus voltou a mostrar um aumento das expectativas do mercado financeiro para a inflação brasileira em 2024, passando de 4,35% para 4,37%.

As projeções para a inflação continuam se distanciando da meta central e se aproximando do teto definido pelo Conselho Monetário Nacional (CMN). A meta central de inflação é de 3% neste ano – e será considerada formalmente cumprida se o índice oscilar entre 1,5% e 4,5% neste ano.

Para 2025, a estimativa de inflação subiu de 3,95% para 3,97% na última semana. E, para 2026, a expectativa avançou de 3,61% para 3,62%. A meta de inflação para os próximos anos é a mesma que para 2024.

Já para o crescimento do PIB em 2024, a projeção do mercado subiu de 2,96% para 3% após a divulgação do PIB do segundo trimestre, que registrou expansão de 1,4%, contra os três meses anteriores, e surpreendeu positivamente o mercado financeiro.

Cenário externo

No exterior, o destaque segue com um pacote de estímulos econômicos sem precedentes anunciado pelo Banco Central Chinês, que tenta elevar os níveis de consumo e apoiar o mercado de imóveis.

A China vem sendo bastante afetada por uma crise imobiliária, em meio aos níveis elevados de desemprego entre os jovens e diante da retração do consumo das famílias. Ao mesmo tempo, o país ainda é ameaçado pela deflação.

Segundo o governador do BC chinês, Pan Gongsheng, Pequim deve reduzir o Índice de Reservas Obrigatórias (RRR) dos bancos, bem como suas taxas diretoras.

O RRR é um índice que determina a porcentagem de depósitos que os bancos são obrigados a manter nos seus cofres. A sua redução deverá permitir emprestar mais às empresas para apoiar a economia real.

O dirigente ainda anunciou que a China também deve reduzir as taxas de juros dos empréstimos hipotecários existentes. A medida, segundo Pan, deverá "beneficiar 50 milhões de famílias e 150 milhões de pessoas", além de "ajudar a estimular o consumo e o investimento".

Ainda lá fora, o mercado espera por novos discursos de dirigentes do Fed, depois de a instituição cortar suas taxas de juros em 0,5 ponto percentual na semana passada, levando-as ao patamar entre 4,75% e 5% ao ano.

Essa foi a primeira redução na taxa em quatro anos, desde março de 2020, e investidores querem mais sinalizações sobre o que o Fed deve fazer nos próximos meses.

Na agenda de indicadores, novos dados de inflação são esperados nos Estados Unidos.

Fonte: ECONOMIA

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