Com propostas parecidas, motocicletas se distinguem pela tecnologia, espaço para bagagem e tamanho do tanque. Shineray Urban e Honda ADV disputam consumidor de scooters com estratégias semelhantes. Diferenças ficam por conta de tanque, espaço para bagagem e instalação de bauleto
Divulgação | Shineray e Honda
Há poucos mercados mais aquecidos do que o de venda de motos novas no Brasil. Nos primeiros oito meses do ano, foram 1.253.627 emplacamentos no país, segundo dados da Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave). A alta é de 19% contra o mesmo período de 2023.
Não é um fenômeno recente. No primeiro semestre de 2024, foram 930 mil emplacamentos, e isso representa crescimento de 76% contra o mesmo período de 2019. Além de ser uma forma de se locomover mais econômica, as motos ganharam público também em cidades com pouca infraestrutura de transporte público.
Por isso, as novidades no mercado não param. Em julho, a marca chinesa Shineray decidiu trazer para o Brasil a scooter Urban. A estratégia foi desenhada sob medida para roubar vendas de uma das líderes de mercado, a Honda ADV.
A Shineray não divulgou quantas scooters pretende vender por ano, mas afirma voltar seus esforços para conquistar novos motociclistas ou em quem quer deixar para trás a vida no ônibus e metrô. A título de comparação, a Honda de ADV emplacou 9.230 unidades até agosto deste ano.
Como é comum, a chinesa Urban chega para incomodar com preço agressivo, custando quase R$ 3.500 a menos que a ADV.
Shineray Urban: R$ 19.590
Honda ADV: R$ 23.060
Para descobrir se a Shineray tem potencial de incomodar a Honda nesse segmento para além do preço baixo, o g1 avaliou as duas scooters por uma semana.
Veja o comparativo abaixo, nos seguintes tópicos.
Um visual (muito) parecido;
Motorização e consumo;
Fichas técnicas;
Comodidade e conforto;
Tecnologia e periféricos;
Revisões;
Pontos fortes e fracos.
Comparativo de scooters: Shineray Urban encara a Honda ADV
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Um visual (muito) parecido
É inegável a semelhança entre as duas motocicletas. Bolha, rodas, formato do banco, sistemas de iluminação e até as dimensões são quase as mesmas.
Durante os testes da scooter da Shineray, motociclistas paravam a reportagem para comentar o design. Alguns pediram fotos da Urban para mostrar aos amigos.
As dimensões são praticamente as mesmas. Na ficha técnica abaixo, é possível ver que o comprimento é igual nas duas, enquanto a Urban é 2 cm mais estreita, 3 cm mais alta e tem entre-eixos 2 cm maior.
Até a altura do assento é cravada na mesma medida: 79 cm de altura do solo para ambas. Em comparação com scooters mais populares, como Honda PCX e Yamaha NMAX, as aventureiras tem 2,5 cm a mais de altura, o que proporciona visão levemente melhor do trânsito.
As rodas são milimetricamente idênticas, com 14 polegadas na dianteira e 13" na traseira. Sobre o sistema de frenagem, a Shineray Urban sai na frente por ter ABS nas duas rodas, enquanto a ADV só tem a tecnologia antitravamento na dianteira.
Há poucas distinções de lanternas e faróis (estes, mais eficientes na Shineray).
Motorização e consumo
Com motor de 149 cilindradas cada, o torque das duas scooters é o mesmo: 1,3 kgfm. A potência também é muito parecida: 13,2 cv de potência para a Honda ADV e 12,9 cv para a Shineray Urban. A transmissão das duas é automática CVT.
A despeito das semelhanças, dá para dizer que a moto da Honda tem saídas mais espertas. No fim, é preciso girar menos o manete para fazê-la andar. Apesar do esforço maior, a Shineray não chega a incomodar o consumidor.
O que pode fazer o ponteiro mudar no final do mês é o consumo. Enquanto o Instituto Mauá indica que a Honda ADV tem consumo médio de 50 km/l, a Shineray divulga que a Urban faz 45 km/l na cidade e 36 km/l na estrada.
Apesar de mais econômica, a Honda ADV tem um tanque de apenas 8 litros, com autonomia de 400 quilômetros. A Shineray Urban carrega 13,5 litros de combustível, então a distância máxima percorrida chega a 607 quilômetros em perímetro urbando.
Quem busca um veículo para trabalhar com entregas de aplicativo, por exemplo, a ADV bebe menos, mas a Urban exige menos retornos ao posto.
Fichas técnicas
Comodidade e conforto
Honda ADV tem 27 litros de espaço abaixo do banco
Divulgação | Honda
Não tem segredo: se as dimensões são idênticas e a Urban tem tanque maior, algo precisaria ser sacrificado. A escolha da Shineray foi diminuir o bagageiro sob o banco.
A chinesa tem apenas 18 litros, o que não permite nem guardar um capacete aberto. Há espaço apenas para guardar luva, capa de chuva e objetos pequenos.
Na ADV tem 27 litros, com bom ambiente para bugigangas. Dá para colocar um capacete fechado e ainda sobra espaço.
A Urban compensa o espaço menor com um suporte para bauleto, que vem de fábrica. O acessório não está presente na scooter da Honda e precisaria de um adaptador para instalar o baú.
Já para os porta-objetos, ambas têm um nicho com tampa do lado esquerdo do painel. Mas a solução da Honda é mais inteligente, porque adiciona uma tomada de 12V na parte de dentro.
Apesar de exigir um adaptador, pois não é um USB tradicional, o fato de estar no porta-objetos permite que o usuário carregue o celular de forma protegida.
Já na Shineray, há uma entrada USB, só que ela fica posicionada ao lado da chave de ignição, do lado de fora do porta-objetos, à direita do painel. É preciso viajar com um cabo passando de um lado para o outro, uma solução que poderia ser repensada em uma futura geração da Urban.
Entrada USB para carregar celular fica fora do porta-objetos na Shineray Urban
Divulgação | Shineray
Tecnologia e periféricos
A Shineray tem a vantagem de vir equipada com uma tela de LCD de 10 polegadas que espelha informações do celular, mas é necessário baixar um aplicativo. Na maior parte do tempo, funciona bem, mas a conexão cai às vezes.
Embora a telinha resolva o problema de rodar com o celular à mostra ou preso a um suporte no guidão, existe um empecilho. Só é possível rodar com o espelhamento funcionando se o celular ficar destravado, ou seja, se o celular for bloqueado, a tela da moto também será.
Painel da Shineray Urban é uma tela de 10 polegadas
Divulgação | Shineray
A única forma é rodar com o celular desbloqueado, no bolso, e com o aplicativo de navegação aberto. É mais um item que seria bom corrigir, adicionando as funções de Android Auto e Apple CarPlay.
Pior que ter uma tela com funções limitadas é não ter: a ADV tem apenas um painel digital, sem interação com smartphones.
Honda ADV tem apenas painel digital, sem compatibilidade com smartphone
Divulgação | Honda
Revisões
A disparidade de valores de revisões até 18 mil km é de apenas R$ 272,34 a menos na Shineray.
Só que, apesar de mais baratas, as manutenções da chinesa devem ser feitas a cada três meses ou três mil quilômetros rodados, um período curto para quem costuma trabalhar com a motocicleta diariamente — sobretudo para quem trabalha com delivery.
Confira abaixo o intervalo e custo das revisões das duas scooters:
Pontos fortes e fracos
Semelhanças à parte, opta pela ADV quem preza pela confiabilidade mecânica, precisa de mais espaço de bagagem e prefere uma scooter mais firme. Quem busca tecnologia, segurança, suspensão mais confortável e quer passar menos vezes no posto de combustível, achará na Shineray uma boa escolha e ainda vai pagar R$ 3.470 a menos.
Dinamicamente, a ADV é um pouco mais firme e passa mais segurança em curvas. A Shineray tem suspensão mais confortável e o banco permite que o motociclista pilote por mais tempo sem desconforto.
Honda ADV:
? Cabe um capacete fechado no baú;
? Arrancadas mais rápidas que a concorrente;
? Falta freio ABS na roda traseira;
? Tela digital não permite conexão com celular.
Shineray Urban:
? Tanque de combustível é o maior da categoria;
? Freio ABS nas duas rodas;
? Desempenho em baixas rotações deixa a desejar;
? Tomada USB está posicionada fora do porta-objetos.