ECONOMIA
No dia anterior, a moeda norte-americana teve um avanço de 1%, cotada a R$ 5,5875. Já o principal índice de ações da bolsa encerrou em queda de 1,18%, aos 129.962 pontos. Cédulas de dólarJohn Guccione/PexelsO dólar abriu em leve baixa nesta quinta-feira (10), com investidores do mundo inteiro aguardando a divulgação de novos dados de inflação nos Estados Unidos.A expectativa do mercado financeiro é que, em setembro, o Índice de Preços ao Consumidor (CPI, na sigla em inglês), tenha registrado uma leve alta de 0,1%, uma desaceleração em relação ao 0,2% de agosto. Já para a inflação anual, a projeção é de uma desaceleração de 2,5% para 2,3% entre agosto e setembro.Esses números são observados com atenção pelo mercado porque serão usados como referência pelo Federal Reserve (Fed, o banco central americano) para determinar os próximos passos em seu ciclo de corte de juros — iniciado no mês passado com o corte de 0,50 ponto percentual das suas taxas de juros, hoje entre 4,75% e 5,00% ao ano.No Brasil, investidores repercutem novos dados do comércio. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), as vendas no varejo apresentaram um leve recuo de 0,3% em agosto, melhor que a queda de 0,5% projetada. Em relação a agosto do ano passado, o varejo apresentou alta de 5,1%, contra os 3,6% esperados.Veja abaixo o resumo dos mercados.MOTIVOS: Ibovespa tem melhor mês desde novembro, mas dólar não segue o entusiasmoDÓLAR: Qual o melhor momento para comprar a moeda? DólarÀs 09h, o dólar caía 0,05%, cotado a R$ 5,5849. Veja mais cotações.No dia anterior, a moeda norte-americana subiu 1%, a R$ 5,5875. Com o resultado, acumulou:alta de 2,42% na semana;avanço de 2,58% no mês;ganho de 15,15% no ano.OIbovespaO Ibovespa começa a operar às 10h.No dia anterior, o índice caiu 1,85%, aos 129.962 pontos.Com o resultado, acumulou:queda de 0,21% na semana;perdas de 0,23% no mês; recuo de 1,99% no ano.O que está mexendo com os mercadosO dia é marcado pela divulgação da inflação nos Estados Unidos, dado bastante aguardado pelo mercado financeiro em nível global.Uma inflação mais controlada pode dar fôlego para o Fed continuar com seus cortes nos juros. Em contrapartida, números que mostrem uma economia muito aquecida e com pressão inflacionária podem levar a instituição a reduzir seu ritmo de cortes.Nesse sentido, o Fed divulgou a ata de sua última reunião nesta quarta-feira (9). O documento apontou que uma "maioria substancial" das autoridades da instituição apoiaram o início da flexibilização da política monetária norte-americana na reunião de setembro — ou seja, o corte dos juros. Ainda assim, a ata informa que persiste a preocupação com o mercado de trabalho americano. Os dirigentes seguem observando os recentes aumentos na taxa de desemprego e as fracas leituras de emprego e inflação em julho e agosto. Após os dados fortes do mercado de trabalho divulgados no país na última semana, a maior parte dos investidores já passou a prever uma redução no ritmo de cortes de juros pelo BC norte-americano. Segundo Nicolas Borsoi, economista-chefe da Nova Futura Investimentos, a ata do Fed passa a impressão de que o corte de 0,50 ponto percentual foi uma consequência da possível demora da instituição em iniciar o ciclo de quedas. No entanto, "a divergência sobre cortar 0,25 ou 0,50, que não era obvio no texto da decisão, mostra que o Fed não quer um ciclo agressivo de corte de juros. Além disso, os dados desde a última reunião caminharam em direção contrária à visão do comitê, reforçando que 0,5% não deve ser repetir à frente", analisa Borsoi. No Brasil, o mercado continua repercutindo os dados de inflação, divulgados nesta quarta, enquanto analisa os números de vendas no varejo.O comércio nacional, apesar da queda registrada em agosto, demonstra força em relação ao ano passado. No acumulado em 12 meses, o varejo cresceu 4,0%, enquanto no acumulado de 2024, a alta foi de 5,1%.Já os dados de inflação mostram que o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) subiu 0,44% em agosto, contra a deflação de 0,02% registrada em agosto.Esse foi o primeiro IPCA depois da mudança da bandeira tarifária de energia elétrica, por conta da grave seca que atinge o Brasil, e a conta de luz foi o item que mais pesou sobre a inflação, com alta de 5,36%. Também, os preços dos alimentos voltaram a subir, reflexo da estiagem que atinge lavouras de frutas cítricas e pastagens de gado, principalmente. Luis Otavio Leal, economista-chefe da G5 Partners, avalia que o grupo 'Alimentação no domicílio' será uma "dor de cabeça" para o IPCA do final do ano, "principalmente por conta do grupo de 'Carnes', que já sobre mais de 6,00% no atacado, e tem um peso relevante no índice geral (2,35%). Até por isso, subimos a nossa projeção para o IPCA no final do ano de 4,40% para 4,60%, com viés de alta".Mesmo que a alta tenha sido puxado por fatores fora do controle da política monetária, o mercado continua esperando novas altas da Selic, taxa básica de juros. Em setembro, o Comitê de Política Monetária (Copom) já elevou a taxa em 0,25 ponto percentual, para 10,75% ao ano. Segundo Gustavo Sung, economista-chefe da Suno Research, um ponto importante para a análise sobre os juros é o crescimento robusto da economia, comprovado, também, pelos números fortes do comércio. "Embora esse crescimento seja positivo para a atividade doméstica, pode gerar pressões inflacionárias ou retardar o ritmo de desaceleração", afirmou."Diante de uma atividade econômica mais forte do que esperado, de uma inflação que deve terminar o ano próximo da banda superior da meta, de expectativas de inflação desancoradas e uma taxa de câmbio acima de R$ 5,50, o BC deve continuar o ciclo de ajuste da taxa de juros", disse Sung.