Objetivo é analisar tudo o que entra e sai da conta, separando os valores em espaços com propósitos específicos. A fórmula de 'caixas e torneiras' para melhorar a vida financeira
Por vezes, táticas simples podem ajudar quem não tem tanta familiaridade com a educação financeira. É o caso do método das "caixas e torneiras", criado pelo educador financeiro Thiago Godoy.
A ideia é simples: direcionar os valores para espaços com propósitos específicos, com foco no destino dado ao dinheiro.
As "caixas" são as áreas da vida em que o dinheiro entra para grandes realizações:
trabalho (que engloba tudo o que gera renda),
emergência (uma reserva para situações adversas),
sonhos (uma espécie de poupança para realizar grandes objetivos)
e futuro (para questões de longo prazo, como a aposentadoria).
Já as "torneiras" são os gastos recorrentes, divididas em quatro tipos:
necessidades vitais (contas básicas, como água, luz, comida, aluguel, saúde);
necessidades importantes (academia, gastos com o carro, entre outros);
desejos importantes (lazer, compras de reposição etc)
e desejos supérfluos (toda vontade que pode esperar).
Veja no infográfico abaixo como funciona.
O método das "caixas" e "torneiras"
g1
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Em um mundo ideal, parte do dinheiro é usada para pagar as necessidades vitais e importantes, parte para abastecer cada uma das outras "caixas". O restante é separado para os desejos importantes. Aquilo que é supérfluo, então, deve estar em último lugar na lista de gastos.
Essa é uma análise pessoal, já que cada um tem suas próprias referências e pode ter visões diferentes sobre o que é importante e o que é supérfluo. Porém, ao olhar com atenção para o quanto é gasto com coisas que não são necessárias ou importantes, fica mais fácil identificar quais são os hábitos prejudiciais para a vida financeira.
Veja mais sobre isso no vídeo abaixo.
Thiago Godoy explica a diferença entre sonhos e desejos
O método das caixas e torneiras foi abordado no último episódio do podcast Educação Financeira, inaugurando a nova temporada, que fala sobre como organizar a vida financeira ainda em 2024, para começar o próximo ano com o pé direito.
Veja a entrevista na íntegra ou outros cortes do episódio mais abaixo:
Thiago Godoy fala ao Educação Financeira sobre como montar um bom orçamento para 2025
Tirando um extrato bancário
Segundo Thiago Godoy, mesmo difícil, enfrentar as finanças alivia um enorme peso
Antes mesmo de entrar no método das "caixas e torneiras", a forma mais eficiente e rápida de entender como anda a vida financeira é tirar um extrato da conta bancária, segundo Thiago Godoy. Uma boa análise do documento vai mostrar tudo o que entrou e o que saiu da conta, e já permite uma primeira análise dos gastos.
Embora a atitude seja muito simples, Godoy diz que as pessoas podem ter certa resistência de fazer essa "foto" da sua vida financeira, justamente porque ela pode mostrar uma realidade difícil de encarar.
"Por mais que possa ser doloroso encarar as finanças, na prática tira um peso muito grande e te dá condições de analisar com mais clareza, com mais tranquilidade para poder tomar decisões e eliminar as coisas que estão te fazendo mal", diz.
O especialista ainda pontua que ter esse olhar atencioso para o extrato do ano pode servir para esclarecer a visão que se tem sobre as contas pessoais.
"Muitas vezes a gente está ansioso porque acha que a nossa vida está um caos, mas, na verdade, você vai ver e nem está tão caótico assim e o problema nem é tão ruim. Ou você está 'de boa' e não está vendo o quanto sua vida financeira está desorganizada", explica.
Orçamento para o próximo ano
Uma forma de conseguir poupar é inverter a ordem de como se gasta dinheiro
O primeiro passo para definir um bom orçamento para o próximo ano é ter dimensão de qual será o rendimento mensal, seja individual ou familiar.
Para quem trabalha com carteira assinada é mais fácil: basta considerar o salário mensal. Já para os profissionais autônomos ou empreendedores, essa missão costuma ser mais difícil, uma vez que as receitas podem variar de um mês para o outro.
Para esses casos, Thiago Godoy indica uma fórmula:
Pegar todo o rendimento mensal dos últimos 12 meses;
Descontar os dois meses que tiveram os maiores faturamentos;
Com os 10 meses restantes, somar todo o valor e dividir por 10.
O resultado desse cálculo, explica o especialista, deve ser considerado como o rendimento mensal do profissional. Assim, nos meses em que o faturamento for maior, uma parte deve ser destinada para a reserva do mês em que o rendimento for menor que a média.
Tendo conhecimento da renda mensal, seja com um salário fixo ou com o valor médio, Godoy recomenda o uso do método das caixas e torneiras também para definir o quanto pode ser gasto no futuro.
A ideia, então, é calcular e definir quanto será gasto com cada uma das torneiras das necessidades e desejos e quanto será destinado para cada uma das caixas.
Para que o dinheiro seja melhor aproveitado, Godoy recomenda que essa análise do orçamento seja feita em uma ordem que priorize as caixas antes das torneiras dos desejos.
1??As necessidades, principalmente as vitais, são consideras primeiro justamente por serem importantes para a sobrevivência e uma boa qualidade de vida.
Ainda assim, Godoy orienta a tentar reduzir o consumo dentro do que for possível, como a energia elétrica e água usada no mês, o que pode pesar menos na conta de luz e água, e o que é comprado nas despesas de supermercado.
Essas economias tendem a liberar um espaço, mesmo que pequeno, no orçamento. E o dinheiro economizado pode ser direcionado para a caixa da reserva para emergências e dos sonhos, por exemplo.
2?? Com as contas essenciais já englobadas no orçamento, o próximo passo é definir quanto é possível destinar para as outras caixas.
A caixa da emergência, idealmente, deve ser abastecida todo mês, mesmo que com pouco.
"Em um momento de emergência, qualquer dinheiro que você tiver guardado te ajuda a não precisar contrair uma dívida tão grande", explica Godoy.
A dos sonhos também pode ser abastecida todo mês, mas antes é importante desenhar bem as metas. Um grande objetivo pode demorar a ser realizado, como a compra de uma casa ou uma viagem internacional, por exemplo. Então, a motivação para guardar dinheiro para realizar esses sonhos pode diminuir com o passar do tempo.
Uma alternativa é dividir o grande objetivo em pequenas metas mais alcançáveis — no caso da compra de uma casa, algo como economizar um determinado valor que seria o equivalente a mobiliar a cozinha. Esse desmembramento pode ajudar a não perder o foco.
Também é importante colocar um pouco na caixa do futuro, pensando na tranquilidade para a época da aposentadoria. Mas isso pode ser feito de forma mais devagar, até que a pessoa consiga adquirir o hábito.
3?? Por fim, o valor que sobrar no orçamento depois de separadas essas reservas pode ser direcionado para a realização dos desejos, priorizando o que é mais importante para cada um em vez do supérfluo, que pode gerar arrependimentos.
Mesmo gastos que são esporádicos, mas inegociáveis para alguém durante um ano — como uma viagem para a praia, um presente de aniversário para alguém especial ou a compra de ovos de Páscoa para as crianças, por exemplo — devem entrar no orçamento.
Ao olhar para 2025, vale anotar todas essas despesas que já são previstas e colocar um limite do valor a ser gasto em cada compra. Isso também pode liberar um espaço valioso para a realização de outros sonhos.
Dividir um sonho em pequenas metas pode ajudar na organização financeira
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