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Mogi das Cruzes

Seis cidades do Alto Tietê nunca tiveram uma mulher ocupando o cargo de prefeita


Municípios de Arujá, Biritiba-Mirim, Itaquaquecetuba, Mogi das Cruzes, Salesópolis e Suzano nunca tiveram uma mulher chefiando o Executivo de forma definitiva. A primeira mulher a governar uma cidade da região foi Deoclésia de Almeida Mello, eleita prefeita em 1964 em Guararema. Desde 2021, Márcia Bin (PSDB) chefia a Prefeitura de Poá

Flávio Aquino/Prefeitura de Poá

Seis das dez cidades do Alto Tietê nunca tiveram mulheres ocupando o cargo de prefeita de forma definitiva, segundo levantamento do g1.

Os únicos municípios a eleger ou registrar a presença de prefeitas na região foram Ferraz de Vasconcelos, Guararema, Poá e Santa Isabel.

Em contrapartida, Arujá, Biritiba-Mirim, Itaquaquecetuba, Mogi das Cruzes, Salesópolis e Suzano nunca tiveram uma mulher chefiando o Executivo.

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A primeira a ocupar o cargo de prefeita de maneira definitiva no Alto Tietê foi Deoclésia de Almeida Mello, eleita em Guararema. Ela atuou de 1964 a 1967.

A cidade ainda teve Conceição Apparecida Alvino de Souza, que chefiou o Executivo nos seguintes períodos: de 1989 a 1992; de 1997 a 2000; e de 2001 a 2004.

Já Santa Isabel contou com duas mulheres no comando da Prefeitura: Maria Angela Sanches, de 1997 a 2000; e Fabia da Silva Porto, de 2017 a 2020.

Ferraz de Vasconcelos e Poá elegeram mulheres pela primeira vez para as respectivas prefeituras nas últimas eleições municipais, em 2020.

Priscila Gambale (Podemos), em Ferraz, e Márcia Bin (PSDB), em Poá, foram eleitas para o mandato que teve início em 2021 e que se encerra em 2024.

Vale destacar, no entanto, que nenhuma delas era negra.

Falta de representatividade

Vânia Pereira da Silva, integrante do Quilombo Periférico e presidente do Conselho do Direito das Mulheres de Mogi das Cruzes (ComMulher), lembra que, historicamente, a participação feminina na política foi limitada. Durante muito tempo, esse não era visto como um assunto para mulheres.

Comportamento que perpetua e, até hoje, prejudica quem tenta atuar no setor. “Quando entram no partido, essas mulheres não recebem investimento para ter engajamento, para ter participação efetiva. A maior parte deles querem mulheres só pra cumprir cota”, comenta a especialista.

“Os próprios partidos não têm política para as mulheres. Então, as que conseguem espaço, viram elementos figurante dos homens. Não conseguem voz pro próprio projeto”.

Quando a questão racial entra em debate, o cenário fica ainda mais apertado. Vânia lembra que Mogi das Cruzes, por exemplo, nunca teve uma mulher negra ocupando a Câmara Municipal. Para o cargo de prefeita, essa parece uma meta ainda mais distante.

Outro ponto de destaque envolve a intenção das mulheres que chegam aos espaços de poder. Para a entrevistada, é preciso que o público feminino ocupe a política com as próprias pautas, guiadas pela verdadeira vontade de representar.

“A sociedade perpetua o machismo, o racismo. Não dão espaço para as mulheres e muito menos para as negras. A gente luta por igualdade de gênero. Isso falta muito. Pra chegar lá como mulher negra, a gente precisa dialogar com mulheres e homens, negros principalmente”.

“Além disso, a mulher que chega ao poder precisa nos representar. Ela precisa estar preocupada com as nossas demandas, com as demandas das mulheres, e não apenas com os projetos dos homens. Especialmente entre a população negra”.

“A representatividade só vai existir quando essas pessoas falarem por nós. Eu não elejo alguém só pra colocar as coisas da cabeça dela. Eu elejo para que ela fique atenta às demandas do eleitor”.

Questionada sobre a conscientização do eleitorado, Vânia acredita que este é um trabalho longo, que deve começar na base, mas que é eficiente. O perfil de quem é eleito só vai mudar quando a sociedade compreender que os cargos políticos são daqueles que realmente representam a nação.

“Tem que ir na periferia, conversar com a mulher da periferia, melhorar as condições de educação, da sociologia e da história. Eu sou otimista. Eu acho que a gente tem espaço para disputar e apresentar nossos projetos. Sem projeto não tem o que fazer”.

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G1

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