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Um dos réus do assassinato de Marielle Franco e Anderson Gomes confessa o crime pela primeira vez

Por Gilberto Silva em 24/07/2023 às 22:52:17

Em depoimento, Élcio Queiroz afirma que Ronnie Lessa já havia planejado matar Marielle três meses antes, mas que a operação foi abortada. Um dos participantes daquela primeira tentativa foi preso nesta segunda-feira (24).


Pela primeira vez, um réu do assassinato de Marielle Franco e Anderson Gomes confessou o crime – cinco anos depois. Em um acordo de delação premiada, o ex-PM Élcio de Queiroz narrou detalhes do planejamento e da execução. E o depoimento dele acabou levando à prisão de um ex-bombeiro nesta segunda-feira (24).

A Polícia Federal entrou no condomínio de casas, na Zona Oeste, no início da manhã desta segunda-feira (24) e saiu com o ex-bombeiro preso e algemado. Maxwell Simões Corrêa é acusado de participar do plano para matar a vereadora Marielle Franco, do PSOL, na ação que terminou também na morte do motorista dela, Anderson Gomes.


Maxwell, conhecido como Suel, é amigo de Ronnie Lessa, o ex-PM reformado que está preso, acusado de ter feito os disparos contra Marielle e Anderson. Suel já tinha sido preso por esconder armas de Lessa e por atrapalhar investigações sobre o paradeiro da arma do crime. Foi condenado em 2021 a quatro anos de prisão, mas cumpria a pena em regime aberto.

Agora, a polícia volta até ele por causa da delação de outro acusado. Élcio de Queiroz, ex-policial militar, que está preso acusado de dirigir o carro que perseguiu as vítimas. No depoimento, homologado pela Justiça, Élcio confessou que dirigiu o Cobalt prata usado no ataque e confirmou que foi Ronnie Lessa quem atirou contra a vereadora e o motorista.

Mas Élcio disse que Lessa queria ter executado Marielle antes, em dezembro de 2017, e que, daquela vez, o motorista seria o ex-bombeiro Maxwell.


Élcio contou, na delação, que passou a virada de 2017 para 2018 na casa de Ronnie Lessa, que ele bebeu bastante e começou a desabafar, revoltado, contando que semanas antes tinha ido com Edmilson e o Maxwel para pegar a mulher que estavam monitorando há alguns meses. Entretanto, na hora, Maxwell falou que o carro deu problema e falhou.


Macalé foi executado em 2021. A Polícia Federal afirma que uma das provas de que Élcio, Lessa e Macalé atuavam juntos - e que corroboram a delação - foi o cruzamento de ligações telefônicas feitas entre os três desde outubro de 2017 e, inclusive, depois das mortes de Marielle e Anderson; e que mesmo desistindo de conduzir o carro na primeira tentativa de matar Marielle, a PF diz que Maxwell atuava na vigilância e acompanhamento da vereadora, e dava apoio aos demais participantes.


Ronnie Lessa disse que precisava estar no Centro da cidade até as 19h. Quando chegou na porta da casa, Lessa já estava de pé na porta com uma bolsa na mão. Os dois saíram no carro de Ronnie Lessa e foram para rua atrás do condomínio onde estava parado o Cobalt prata, segundo a investigação, com placas clonadas. Élcio disse que deixou o telefone em modo avião no carro de Lessa, a pedido dele.


Ronnie Lessa teria garantido a ele que não fez pesquisas sobre Marielle na internet. Os dois tinham medo de que isso pudesse fazer a polícia chegar ao assassino. Mas os investigadores encontraram registros de busca em um site de crédito, dois dias antes do assassinato.

No dia 12 de março de 2018, Ronnie Lessa pesquisou os CPFs de Marielle Franco e de sua filha Luyara em um banco de dados privado. Lessa encontrou um endereço atrelado aos CPFs e pesquisou no Google Maps para saber onde ficava. Era a casa de Marielle Franco. Os investigadores afirmam que a consulta não ocorreu de forma aleatória, nem estava relacionada ao interesse de Lessa por imóveis, como ele justificou em uma audiência.



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