Alunos que frequentavam o local por causa de um projeto de fortalecimento de vínculo para maiores de 30 anos foram avisados que a parceria da instituição com a prefeitura não foi renovada. Apae disse que conseguiu iniciar uma negociação com a Prefeitura de Ferraz no sentido de manter as atividades. Famílias de alunos da Apae de Ferraz reclamam de transferências para outras unidades
Em Ferraz de Vasconcelos, famílias de alunos da Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (Apae) reivindicam a volta de um projeto realizado em parceria com a prefeitura. As atividades foram transferidas para uma unidade de difícil acesso.
Desde o início de agosto, em alguns horários do dia as salas de atividades da Apae de Ferraz de Vasconcelos ficam vazias, sem uso. Os alunos que frequentavam o local por causa de um projeto de fortalecimento de vínculo para maiores de 30 anos foram avisados que a parceria da instituição com a prefeitura não foi renovada.
"Eles não podiam fazer isso. Tinha que ter um consenso com as nossas crianças. Tinha que ter mais projetos pra atender esses adultos, não diminuir o projeto, tirar da Apae, que eles estão adaptados. Eles amam esse espaço aqui. Que existisse outro lugar, mas pra somar, não pra tirar. É muito triste", disse Josefa Xavier Matos, secretária executiva da Apae.
Olímpia do Rosário Barbosa faz parte da diretoria da instituição e explica que a decisão da prefeitura foi por causa de um débito, que segundo ela já tinha sido pago.
"Até o período de 2017, pagavam os funcionários da saúde com o dinheiro da educação. Aí depois de 2017, aí veio a lei 13.019 e mudou a secretaria, então eles cobraram essa dívida. Porque achou errado, que a Apae não poderia pagar os funcionários da saúde com o dinheiro da educação. O nosso presidente foi até a prefeitura e negociou a dívida, pagou a primeira parcela, e a gente já tá com a certidões válidas, agora novas certidões válida até fevereiro de 2024", explicou Olímpia.
O ajudante geral Joene Gonçalves dos Santos conta que, desde quando o filho parou de frequentar o espaço, o rapaz, que tem 39 anos, está mais agitado que o normal, e por isso, tem medo que essa falta das atividades comprometa o desenvolvimento do filho.
"Em casa, ele fica nervoso. Qualquer coisinha ele fica nervoso, entende? Aí pra acalmar, tem que chamar ele 'vamos ali'. Liga televisão pra ficar sossegado. Agora fica assim: sofá, televisão. Come, televisão. Então acho que é uma coisa que, pra eles, não é justo o que estão fazendo com eles. Pra tirar a atividade deles daqui. Aqui eles vêm, desenha, pinta, às vezes tem até uma coisa de plantação, ele fala que plantou essas coisas aqui. Tudo aqui, chega tudo alegre em casa. É o que a gente pensa, porque eles são muito agressivos. Então, mesmo que tome os medicamentos, é muito agressivo. Se ficar sem atividade nenhuma
Ele chega aqui, vê os coleguinhas dele, fica contente. Parece que a família deles é os coleguinhas dele. Então, fica tudo contente. Vai embora, é um abraçando o outro. Em casa, não tem nada disso aí", lamentou Joene.
A dona de casa Juracema Siqueira dos Santos é mãe de Roberta, de 41 anos. Ela explica que os alunos estão sendo transferidos para o recanto, um outro espaço na cidade que continua com as mesmas atividades que eram realizadas na Apae, acontece que segundo ela, pra muito, ir até o recanto fica inviável.
"Não tem transporte. E pra quem mora próximo, porque minha casa é aqui próximo, eu venho a pé com a minha filha. E lá não, lá tem que pegar ônibus e desce longe pra chegar até o parque".
Segundo os pais, há quase um mês sem as atividades, os alunos maiores de 30 anos da instituição estão em casa achando que as férias ainda não acabaram. Enquanto eles não veem a hora de voltar, os pais estão esperançosos para que a Prefeitura volte atrás na decisão.
"Fazer culinária, pintura. Está difícil montar o projeto", disse Roberta.
"Peço a Deus, do pessoal lá de cima. Porque é muita frieza acabar com tão pouco deles porque se eles tivessem outras coisas, tudo bem. Mas eles só têm esse projeto, e esse projeto eles tiraram", finalizou Juracema.
Na manhã desta quarta-feira (30), a Apae disse que conseguiu iniciar uma negociação com a prefeitura no sentido de manter as atividades. No entanto, a Prefeitura de Ferraz de Vasconcelos não enviou uma posição até a publicação desta reportagem.
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