A turismóloga Débora Mello e a artista Silvia de Simone Gilwan foram responsáveis por desenvolver o projeto. Foram cerca de três meses para a criação artística do mapa, explorando detalhes de cada ponto escolhido. Mogi das Cruzes completa 463 anos e tem grande diversidade cultural
Com mais de 712 mil quilômetros quadrados e cerca de 449.955 habitantes, Mogi das Cruzes é um conjunto de muitas culturas, sabores, crenças e tradições. Por ser a maior cidade do Alto Tietê, são muitas ruas, muitos comércios, muitos locais para explorar e, claro, muitas histórias.
Pensando nisso, duas mogianas desenvolveram o mapa artístico "Mogi por Dentro", criado com o objetivo de despertar a curiosidade da população em conhecer a cidade como nunca foi vista.
Mapa artístico "Mogi Por Dentro" foi criado para exaltar dez pontos turísticos da cidade
TV Diário/Reprodução
A turismóloga e também idealizadora do projeto, Débora Mello, conta que foram necessários vários encontros para que os dez pontos turísticos e culturais que seriam apresentados no mapa fossem definidos.
"As pessoas falam 'ah, Mogi não tem nada'. Nós fizemos esse projeto justamente para mostrar que Mogi tem e tem muita coisa", diz.
Após isso, o processo foi um pouco mais demorado. Foram cerca de três meses ao lado da artista Silvia de Simone Gilwan para a criação artística do mapa, explorando detalhes de cada ponto escolhido.
Através de um processo lento, cheio de cor e significados, elas enfrentaram diversos desafios para mostrar "Mogi por Dentro". Mais do que identificar regiões, a proposta ali era despertar a curiosidade das pessoas em querer conhecer a cidade como nunca foi vista.
O colorido dos lápis e da aquarela ajuda a mostrar o melhor e o mais curioso de cada pedacinho de Mogi.
"Eu coloquei pessoas que representam cada região, que podem representar, que fazem parte do grupo também, e os pontos turísticos. Os símbolos da região, por exemplo, a anta aqui na Serra do Mar, o tucano. E fui transpondo isso pra símbolos", conta Silvia.
"Muita gente conhece o Pico do Urubu e acha que ele é o limite da cidade. E a gente colocou o Pico do Urubu bem aqui no meio, com o parapente. E, na verdade, ele fica quase que na região central e atrás dele tem todo
Eu chamaria de um mundo ali, que é a região da Moralogia, Taboão", diz Débora.
Primeira caixa d'água
Cobrindo parte do território de Mogi das Cruzes, a Serra do Itapeti é um dos cartões postais da cidade e não poderia ficar de fora do mapa. No trecho da serra que fica no bairro Rodeio, o guia Rovani Lopes levou a reportagem do Diário TV até a primeira caixa d'água de Mogi. Já Andy abre o caminho e garante a segurança durante o trajeto.
No caminho até a caixa dágua, uma outra Mogi das Cruzes se apresenta. A mata vai ficando mais fechada e as curiosidades começam a aparecer. Entre elas, a embaúba, árvore comum na mata atlântica e a preferida do bicho-preguiça.
"É a casa natural do bicho-preguiça. Em alguma época do ano ele varia pro tapia também ou pra embaúba. Mas a preferência dele é a embaúba por causa desses frutinhos aqui, que é uma espécie de uma bananinha, por assim dizer. Mas é o fruto da embaúba, é a alimentação natural dele, do bicho-preguiça. A embaúba é oca por dentro. Ela tem um canal que ela junta água e ela tem uma formiga também que vive dentro dela, que na biologia chama de simbiose. Ela protege a árvore e a árvore dá a casa pra formiga. E o líquido de dentro da embaúba, essa água de dentro dela, antigamente os antigos tomavam remédio pra dor de estômago, pra cólica", explica Rovani.
Primeira caixa d'água de Mogi das Cruzes fica próxima da região da Serra do Itapeti
TV Diário/Reprodução
Além dela, a helicônia, a planta, essencialmente tropical, é uma das maiores riquezas da flora brasileira. Com as folhas parecidas com a da bananeira, são muito usadas na culinária. na mata, ela indica a presença de água. também é possível encontrar a samambaiaçu, uma palmeira de onde era extraído o famoso "xaxim", que colocou a planta quase em extinção.
E o morango silvestre, um fruto pequeno e vermelho, traz um pouco da doçura misturada com a acidez. Entre tantas curiosidades, ainda se nota a intervenção do homem.
"Essa região foi muito explorada em relação ao eucalipto. Hoje em dia ela já está retomando, creio que não seja nem uma secundária, seja uma terciária. Mas a gente percebe aqui a presença de intervenção humana, como o eucalipto, bambu, goiaba. Uma pessoa que está perdida percebe que tem intervenção humana com relação à essa vegetação", completa Rovani.
A trilha de cerca de 30 minutos é um convite para relaxar e prestar mais atenção nos pequenos detalhes. Em alguns pontos, durante o trajeto é possível ver a tubulação que faz parte do destino. Um pouco mais à frente fica a primeira caixa d'água da cidade, que levava a água para mogi no começo do século XX.
Coberta por uma camada de ervilha dágua, planta aquática muito comum em lagos, a água da caixa, é potável.
"É um piscinão, na realidade, de 10 por 10 [metros]. A água que vem da serra decanta nessa caixinha menor e segue por um cano, que está subterrâneo aí, e seguia até o Centro de Mogi. Isso até a década de 1930. Atualmente ela só serve aqui o pessoal dessa região do pé da serra mesmo".
Casa Gardênia
Um paraíso em meio a Mata Atlântica. A Casa Gardênia, também fica na serra do itapeti e está entre os 10 pontos do mapa "Mogi por Dentro". Projetada por um arquiteto japonês, toda a arquitetura é modernista. Do alto, é possível ver que o formato da casa lembra um leque japonês.
"A gente tem day use, que a pessoa pode ficar aqui o dia inteiro usufruindo da piscina e do que a gente tem aqui. E a gente funciona também no sistema de grupos, então a gente, com grupos formados, de 15, 20 pessoas, eles locam aqui pra fazer as atividades de meditação, de yoga", contou a empresária rural Gláucia da Costa Monsores.
Com 140 mil metros quadrados de muito verde, fauna e flora, o lugar é um refúgio em meio a natureza. Em relação ao turismo rural, outra opção para os hóspedes em Mogi das Cruzes é a toca do tatu.
Casa Gardênia é um dos pontos turísticos escolhidos para o mapa artístico
TV Diário/Reprodução
Com uma arquitetura sustentável, o espaço é um convite a mais para um contato direto com o meio ambiente. Débora afirma que o espaço foi escolhido com o objetivo de contemplar a beleza da Serra do Itapeti.
"Aqui é um espaço que eu falo que é de bem-estar, que é um espaço que recebe a gente, que é um lugar pra gente descansar, pra comer, pra ter almoço, café da manhã, e também hospedagem", conta a turismóloga.
Casa das Mandalas
Do outro lado da cidade, no distrito de Quatinga, a cerca de 50 quilômetros da Casa Gardênia, fica a Casa das Mandalas. O espaço está localizado à beira da estrada conhecida como Rota do Sal, construída por povos que foram escravizados na região.
O lugar grande e aconchegante é muito procurado por quem gosta de acampar. No local, o contato com a natureza também é o bem mais precioso.
Neste espaço, Leandro da Silva Pereira busca inspiração para viver. O artesão conta que há cinco anos saiu da capital em busca de uma nova vida, e foi junto da natureza que conseguiu se reconectar.
"Aqui eu descobri o meu propósito de vida, onde tem tudo ao meu redor, o que eu preciso. Tem terra pra plantar, tem matéria-prima pra fazer arte. Tem lugar pra descansar, pra meditar", conta o artista plástico.
Casa das Mandalas fica à beira da estrada conhecida como Rota do Sal
TV Diário/Reprodução
Para ele é gratificante poder receber os visitantes e contribuir para que as pessoas conheçam uma Mogi das Cruzes tão diferente da que estão acostumadas.
"A gente tem uma grande estrutura, uma grande área. Então, a gente cede espaço para as pessoas fazerem acampamentos, terem uma vivência bem tranquila, bem mais calma de como é o dia a dia na roça. A galera acordar com o barulho dos passarinhos. Parar é necessário, parar pra pensar um pouco, realmente buscar aquilo que o ser humano precisa é muito importante", completa Leandro.
Vila Hélio
O mapa artístico da cidade valoriza o que há de melhor e traduz tudo isso em potenciais turísticos e culturais. Bem no coração da cidade, construída há mais de 60 anos, a Vila Hélio foi inaugurada em 1951 pelo imigrante ucraniano Helio Borenstein.
À época, o empreendimento era residencial. hoje, o espaço é comercial e oferece para os visitantes, cultura e lazer. Com um paisagismo que une o rústico e o contemporâneo, o lugar acolhedor é conhecido por ser um centro gastronômico, e também é muito procurado para ser cenário de ensaios fotográficos.
Vila Helio fica na região central de Mogi das Cruzes e homenageia o imigrante ucraniano Helio Borenstein
TV Diário/Reprodução
Totalmente renovado, o espaço também tem um memorial. o lugar aberto ao público, conta a história de uma família tradicional da cidade, que se mistura com a história de Mogi.
"Com a revitalização da Vila Hélio, inspirada na arquitetura toscana, este ponto da região
A Vila Hélio acabou se tornando um ponto turístico, tanto que ela hoje é classificada dentro do programa de rotas do governo do Estado de São Paulo. Então, ela já foi escolhida e ela já faz parte deste programa de rotas do estado de São Paulo. Então, o Mogi Por Dentro, por ser um projeto que envolve o turismo e o objetivo era justamente desenvolver locais com potenciais turísticos, então acabou vindo de encontro o projeto Mogi Por Dentro junto com o nosso negócio , que é realmente mostrar pro mogiano que, apesar de ser na região central, tem um pedacinho da Itália aqui no Centro e tem muita história pra contar e muitos lugares pra visitar", afirmou a gestora de comunicação de marketing Fabíola Trovatto.
Entre as lembranças, um resgate histórico é o Cinema Urupema. Com 3.600 lugares, o local era ponto de encontro entre os mogianos, encerrando as atividades na década de 1990.
Para quem deseja conhecer um pouco mais do município, "Mogi por Dentro" é uma oportunidade para ver a cidade com outros olhos.
Uma Mogi grande, desenvolvida, mas que guarda dentro de si, sua essência. Aos 463 anos, uma das cidades mais antigas do estado ainda tem muito para mostrar e surpreender.
"A gente tem uma cidade muito bonita. Com essa parte rural, super fortalecida, com espaços maravilhosos. Então, por que não promover isso?", disse a livreira Solange Mazia.
Assista a mais notícias sobre o Alto Tietê