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De acordo com a FGV, nas últimas três décadas a temperatura em Salesópolis teve um aumento de 2 graus. Centro de Estudos em Sustentabilidade faz estudo sobre mudanças climáticas no Alto TietêO Centro de Estudos em Sustentabilidade da Fundação Getúlio Vargas fez um estudo no Alto Tietê para saber como as mudanças climáticas atingem os agricultores na região. Em Salesópolis, por exemplo, a temperatura aumentou 2 graus nas últimas três décadas. Uma enchente, nos primeiros meses deste ano, levou mais 70% da produção do agricultor Fernando Sussumu Kamya. E esse foi apenas um dos problemas relacionados ao clima, enfrentado pelo agricultor. “Recentemente a gente teve uns picos de frio, geadas na região, que não é tão normais acontecer. Ano passado, retrasado teve uma geada forte, três dias seguidos que eu com 37 anos nunca tinha visto na minha vida”, afirma Kamya.Para ter um clima que colabore, o agricultor sabe que precisa fazer a sua parte. Por isso, já há algum tempo, a plantação vem passando por mudanças com o objetivo de unir a produção e o respeito ao meio ambiente. No sítio de mais de 20 mil metros quadrados, que fica em Biritiba Mirim, ele planta no momento salsão, espinafre, beterraba e a cebolinha que ocupa a maior área. O que não tem condição de ser vendido vai para um canteiro e vira compostagem. Com isso o produtor acredita que em alguns meses, consiga uma redução de até 40% no uso de adubos químicos. “Uma das medidas sugeridas pelo projeto foi o plantio direto. Hoje eu trabalho com sistema artificial de cobertura de solo. Pretendo brevemente estar utilizando essa técnica que venha a ajudar a produção e no combate a essas oscilações climáticas.”O projeto faz parte do estudo da Fundação Getúlio Vargas que analisa os reflexos das mudanças climáticas em diferentes culturas. O plantio direto já é usado no sítio do agricultor Cláudio Gunji. A palha da aveia ajuda no cultivo da abobrinha e, segundo o produtor, garante vários outros benefícios. “Melhorou o desenvolvimento da planta, adubação a gente diminuiu e a irrigação a gente diminuiu bastante. O custo da produção também diminuiu.”O sítio de Gunji fica próximo do limite de Biritiba Mirim com Salesópolis. Segundo o estudo da FGV, a cidade onde nasce o Rio Tietê nos últimos 33 anos teve um aumento de 2,2 graus de temperatura máxima média. E os efeitos são sentidos no campo. O agricultor se queixa do frio extremo fora de época que pega a plantação desprevenida sem o preparo ideal. Além dos dias quentes com calor excessivo, que exige um gasto maior com a irrigação. Com essas mudanças climáticas foram necessárias as adaptações que devem continuar fazendo parte da rotina do agricultor. “Cada vez a gente tá fazendo pesquisa, fazendo a melhoria do que foi implantado para gente. E cada região é um trabalho diferente.”O pesquisador e engenheiro florestal, Samuel de Mello Pinto, explica que o projeto teve como objetivo apoiar a adaptação as mudanças climáticas pelos agricultores familiares do cinturão verde do Estado de São Paulo onde o Alto Tietê está inserido. “Quando a gente fala em adaptação é que esses impactos que apareceram na reportagem eles já são sentidos pelos produtores da região. O Alto Tietê é uma região muito relevante na produção de hortaliças em todo o estado de São Paulo. Quase 300 mil toneladas de hortaliças são produzidas ao ano na região.” Mello ressalta que além disso a região tem uma importância grande na segurança hídrica do estado. “Temos área de mananciais, principalmente, em Salesópolis e Biritiba-Mirim e também fazemos parte da região metropolitana do Estado de São Paulo. Então, a agricultura e as áreas verdes que compõem a região elas cumprem um papel muito grande em impedir o crescimento desordenado das cidades.” Assista a mais notícias