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Segundo o promotor do MP, provas apontam que o policial militar usou arma funcional para impor sua vontade sobre a conduta dos moradores do bairro. PM responderá por homicídio com duas qualificadoras. Luiz Miguel morreu após ser baleado no pescoço na noite de véspera de Natal de 2022, em ItaquaquecetubaReprodução/TV DiárioA Justiça recebeu uma denúncia do Ministério Público do Estado de São Paulo (MP-SP) contra o policial militar acusado de matar um menino de 11 anos com disparo de arma de fogo, em Itaquaquecetuba, na Grande São Paulo. O caso aconteceu no dia 24 de dezembro de 2022. Luiz Miguel, a vítima, estava na garupa da moto de um familiar quando foi atingido no pescoço pelo disparo de arma de fogo. À época, a família do menino afirmou que disparo partiu da arma de policial militar.O promotor Cláudio Sérgio Alves Teixeira afirmou que as provas apontam que o PM usou arma funcional para impor sua vontade sobre a conduta dos moradores do bairro Jardim Paineira. Com isso, o acusado responderá por homicídio, com duas qualificadoras: motivo torpe e com emprego de meio que gerou perigo comum. LEIA MAIS:Menino de 11 anos morre depois de ser baleado na noite de Natal, em Itaquaquecetuba; PM é investigadoFamília de menino morto após ser baleado no Natal em Itaquaquecetuba afirma que disparo partiu da arma de policial militarSegundo o MP, o policial estava de folga na noite do crime e celebrava a véspera de Natal na casa da filha. Em determinado momento, começou a se sentir incomodado com o barulho gerado por motocicletas que passavam pela rua, que provocavam explosões pelo escapamento. Em seguida, o acusado, que estava armado, foi até a rua e abordou um homem que estava com o sobrinho na garupa da moto. Durante a conversa, o militar chegou a dar uma coronhada no condutor. Quando o motociclista tentou deixar o local, o acusado atirou e atingiu a criança nas costas.O g1 questionou a Secretaria do Estado da Segurança Pública (SSP) se o PM está afastado do cargo. Em nota, a SSP disse que o policial militar faz parte do 32º Batalhão da Polícia Militar, em Suzano, e que ele estava de folga no dia do acontecimento. Além disso, segundo a nota, o policial teria agido em legítima defesa de terceiros. Ainda de acordo com a SSP, a investigação segue em andamento pelo Setor de Homicídios e Proteção a Pessoa (SHPP) de Mogi das Cruzes e o caso está sendo acompanhado pela Corregedoria da Polícia Militar. A pasta informou que outros detalhes serão preservados para garantir a autonomia do trabalho policial.O g1 tenta localizar a defesa do réu.Relembre o casoO crime aconteceu no dia 24 de dezembro de 2022 no bairro Jardim Paineira, em Itaquaquecetuba. De acordo com o boletim de ocorrência, o menino, de 11 anos, estava na garupa de uma moto com um familiar.O familiar da vítima, de 23 anos, que conduzia a motocicleta em que a criança estava, contou à PM que pilotava pelo bairro quando um homem surgiu correndo em sua direção, com a mão fechada, como se fosse agredi-lo. Perto dele estava o acusado, que é conhecido na vizinhança.Ainda segundo o boletim de ocorrência, o jovem ouviu um disparo. Em seguida, a criança relatou que havia sido atingida. Ele parou a moto e viu que a criança estava com um ferimento no pescoço. O pai foi chamado e levou o menino até o hospital, mas a vítima não resistiu.À época, o rapaz disse que não viu quem atirou, mas que desconfiava do policial. Ele acreditava que o agente teria ficado nervoso com as motocicletas que passavam pela rua e, por isso, disparou em sua direção. A versão também foi dada por pessoas que estavam no local, que não souberam dar detalhes.Versão do policialEm depoimento, o policial afirmou que, pouco após o disparo, ligou para o 190 e relatou que a esposa dele tinha sofrido uma tentativa de assalto. Ele contou que chegava em casa quando percebeu que a mulher estava cercada por motociclistas.O agente alegou que os homens gritavam "perdeu, perdeu", provocando estalos no escapamentos e fazendo barulho. Disse ainda que chegou a sacar a arma, mas que não atirou porque ela falhou quando o gatilho foi acionado.Por fim, o PM contou que o local por medo de represálias e negou ter atirado na criança. Assista a mais notícias sobre o Alto Tietê