G1
Segundo Fabíola Morais, corretora que trabalha com seguros, desde 2020 os clientes buscam opções mais baratas de planos de saúde. Planejador financeiro explica como organizar as finanças para manter serviço no orçamento mensal. Aumento de valor em planos de saúde causa aflição no orçamento dos consumidoresSaúde, transporte e alimentação. Produtos ou serviços fundamentais para o nosso dia a dia puxaram a alta da inflação em outubro. E aí cada um se vira como dá para se ajustar à nova realidade dos preços.Ir às compras ou contratar um prestador de serviço não tem sido fácil. A explicação está na ponta da língua, principalmente quando o assunto é plano de saúde. “Eu acho que é muito caro, entendeu? E eu não tenho condições de pagar. Eu ganho só o salário mínimo”, disse a aposentada Eliete Santos.Já Lourdes Maria dos Santos tinha um plano de saúde, mas por causa dos reajustes altos e sucessivos, teve que cancelar. “No meu caso, que nem, eu uso bastante hospital público e eu acho que é um atendimento bom. Então assim, não tenho que me queixar, não”, contou a cozinheira.Quem consegue manter o plano tenta negociar. “Mudei pra esse, questão de custo. Porque tava muito [caro] o outro. Eu tive uma diferença de uns 30, 40% de economia. Pelo menos com esse dá pra viajar e não gastar”, afirmou a aposentada Célia Freitas.De acordo com o IBGE, depois de três meses consecutivos de queda, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) ficou em 0,59% em outubro. No ano, o índice acumula alta de quase 4,70%. Dos nove grupos de produtos e serviços pesquisados, oito tiveram alta no mês.A maior veio do grupo de alimentação e bebidas com 0,72%, na sequência aparecem saúde e cuidados pessoais com 1,16%, e transporte com 0,58%. Juntos, os três segmentos responderam por cerca de 73% do IPCA de outubro.Fabíola Morais, corretora que trabalha com seguros há mais de 10 anos, conta que, desde 2020, o mercado de planos de saúde tem se movimentado mais, com clientes buscando opções mais baratas.“O pessoal tem feito trocas muito mais efetivas do que nos últimos anos, desde quando a gente trabalha com plano de saúde. Eu já tive clientes que teve que trocar no prazo de dois anos, que é de 2020 a 2022, a gente trocou de plano três vezes. A gente remaneja e troca categoria de plano, troca pra hospitalar, contrata com participação pra poder ajudar o nosso cliente a não ficar sem plano e economizar”, explicou a corretora.Gabriela Diegues tinha o mesmo plano de saúde desde 2015. Em 2021, foi avisada que o serviço teria reajuste e precisou mudar de plano, mas não parou por aí.“Esse ano, aliás, 2022, nesse primeiro aniversário de contrato já veio reajuste que foi aquela pancada, então quase 20% que a ANS autorizou pra todo mundo. E aí foi necessário fazer uma nova troca. O plano que eu tava há um ano pra esse que eu peguei agora, a cobertura dele é um pouco mais regional, o outro era uma cobertura maior, então vai ser um pouco mais regional. Ainda atende o que eu preciso, mas eu precisei mudar alguns laboratórios que eu tava acostumada nesse novo plano já não tem. Eu precisei trocar a pediatra da minha filha porque ela até atende numa outra clínica que o plano cobre, mas a forma de atendimento é diferente”, contou a empreendedora.Apesar da economia feita com a troca, a despesa ainda pesa no orçamento da empresária. Ela diz que, como consumidora de planos de saúde, adquiriu experiência com as negociações e até dá algumas dicas para quem, como ela, não pode ficar sem a assistência particular.“O importante é sempre observar principalmente o aniversário do contrato. Então, a gente sabe que toda vez que faz um ano tem o reajuste, eles avisam mas às vezes a gente deixa passar, não lê direito o comunicado, o e-mail, seja a forma aí que a operadora tem de contato com você. Então, é sempre ficar de olho, principalmente no aniversário do contrato porque é nessa hora que a gente consegue sair de um plano e ir pra outro sem aí pagar, sei lá, uma multa ou coisa do tipo, e tentar achar algo que entre, caiba no nosso orçamento”.Não é exagero dizer que o custo faz com que ter um plano de saúde entre no campo dos "sonhos" para muita gente.Planejamento financeiroSegundo Renan Carini, planejador financeiro, é importante analisar os custos fixos desnecessários para que as famílias possam seguir contando com o plano de saúde.“A questão é: plano de saúde teve um aumento muito relevante nesse ano agora de 2022. E pra caber no orçamento, a dica que eu dou é olhar para os custos fixos. Então, a gente analisar o nosso orçamento algum tipo de custo fixo que tá tomando uma proporção maior ali no nosso orçamento pra poder retirar esse custo e destinar essa parte para os planos de saúde, que a gente sabe que é de extrema importância aqui pra todos os brasileiros”.O planejador financeiro recomenda que o gasto com o plano de saúde seja de 20 a 30% do orçamento das famílias. “Hoje a gente analisa em torno de 20 a 30% algo interessante pra uma família considerar ali pro seu balanço patrimonial. O que a gente visualiza é que isso pode variar bastante com a renda e também até com a faixa etária das pessoas participantes desse plano. Então, isso pode variar bastante. Mas uma porcentagem interessante, em torno de 20 a 30% do orçamento familiar”.Para o especialista em planejamento financeiro, trocar de plano de saúde pode ser uma alternativa para quem busca diminuir os gastos com este tipo de serviço.“Isso pode ser uma saída, você consultar outras operadoras pra analisar se todas as coberturas que você tem você de fato está utilizando. Então, a gente até viu na matéria que às vezes você tem uma cobertura nacional e às vezes acaba não utilizando totalmente essa cobertura. Então, fazer uma redução pra uma cobertura mais regional, buscar algum modelo de coparticipação, que você paga ali somente quando utiliza, pode ser umas saídas pra você pagar menos na parte do plano de saúde”.Carini também afirma que a melhor forma de tentar diminuir o valor do serviço é analisar outras coberturas disponíveis. “O teto ele já é estabelecido pela Agência Nacional de Saúde Suplementar, a ANS, então fica difícil essa negociação. O que você pode tentar é falar ali com o seu corretor pra ver se consegue reduzir um pouco essa margem, mas a saída, de fato, é analisar outras coberturas, fazer uma redução aí do plano. Porque a gente sabe que o aumento do veio muito alto, então essa negociação acaba sendo um pouco difícil na prática do dia a dia. Então, olhar pra alguns pontos da cobertura que você não está utilizando e tentar fazer essa negociação pra diminuir isso e fazer com que o custo seja mais baixo também no dia a dia”.O planejador financeiro ainda indica a contratação de coberturas regionais ao invés de nacionais para famílias que não têm o costume de viajar ou sair da rotina com frequência.“Pode sim ser uma saída, até porque isso também vai depender ali da utilização da família. Se a família às vezes acaba não viajando tanto e não necessita dessa cobertura nacional, às vezes é interessante ela também fazer essa redução pra uma cobertura mais regional. E se por ventura for ali fazer alguma viagem, algo que sai da sua rotina, contratar, por exemplo, um seguro viagem, que sai muito mais barato do que ter um plano dessa cobertura nacional. Então, é sim uma saída analisar ali planos com coberturas mais regionais, sim”.Assista a mais notícias sobre o Alto Tietê