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Pai de jovem negro baleado diz que guarda perseguiu sua família após atrito: 'ele pediu pra utilizar o meu muro para fazer a garagem dele e eu neguei'

Por Nova TV Alto Tiete em 26/11/2022 às 10:29:27

O caso, registrado como tentativa de homicídio, ocorreu em Mogi das Cruzes. Guarda jogou casca de banana na frente de casa de jovem negro antes de atirar contra ele

O pai do jovem negro que foi baleado por um guarda municipal de Mogi das Cruzes disse que as ameaças contra o filho e sua família teriam começado após ele se recusar a deixar que o vizinho utilizasse a parede de sua casa para realizar uma obra de construção. Este fato teria ocorrido anos atrás.

"Ele pediu pra utilizar o meu muro para fazer a garagem dele e eu neguei', disse Jefferson Azpilicueta. Desde então, o guarda municipal José Carlos de Oliveira teria passado a direcionar ameaças, agressões verbais e ofensas racistas a ele, ao filho, Pedro Azpilicueta, e a toda a família.

Pedro, de 28 anos, foi baleado na manhã de quarta-feira (23) após discutir com o guarda em frente à sua casa. O crime ocorreu na Avenida Ricieri José Marcatto, no distrito de César de Sousa.

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Nas imagens é possível ver o momento em que o guarda e o jovem discutem. Então, o suspeito vai até a frente da casa da vítima para agredi-la com uma barra de ferro. O jovem então começa a gravar com o celular.

O atirador então chega com um revólver e atira enquanto a vítima tenta se esconder dentro da própria casa. Segundo a família, o guarda atirou três vezes no jovem, que estava dentro de casa. A vítima foi atingida por dois disparos.

Guarda municipal atira contra vizinho negro em Mogi das Cruzes

A vítima foi levada a uma Unidade de Pronto Atendimento (UPA) da cidade e depois transferida para o Hospital Luzia de Pinho Melo, onde passou por cirurgia ainda na terça-feira. Segundo Jefferson Azpilicueta, pai de Pedro, o jovem já está se recuperando no quarto.

Jefferson disse ao g1 que era comum o suspeito proferir ataques racistas direcionados a toda a família da vítima. O g1 tenta localizar o advogado do suspeito.

Outras imagens da câmera de monitoramento mostram que o guarda municipal descartou cascas de bananas em frente à casa de Pedro em duas oportunidades, uma delas em 9 de novembro. A atitude é considerada racista. De acordo com Jefferson, essas não foram as únicas vezes que o suspeito fez isso.

Guarda joga casca de banana na frente de casa de jovem negro antes de atirar contra ele

Imagens de câmera de monitoramento

Atitudes recorrentes

O pai do jovem disse que vive no local há cerca de 30 anos. Ele recordou que o guarda municipal mudou-se para a vizinhança por volta de 2015. Desde então, a família é insultada pelo vizinho. Jefferson ainda revela que, durante uma das diversas discussões que já teve com o guarda, o vizinho apontou uma arma em sua direção. "Ele colocou a arma em cima do carro e apontou pra mim".

Pedro Azpilicueta trabalha em seu próprio pet shop em Mogi das Cruzes, segundo o pai

Arquivo pessoal

"Vinha rolando durante um tempo esses ataques racistas", disse. "Macaco" e "preto sujo" seriam algumas das ofensas ditas constantemente pelo guarda à família. Questionado sobre por que não foi registrado boletim de ocorrência, ele disse que "não tinha como provar" os casos de racismo.

Sindicância e afastamento

O caso foi registrado pela Polícia Civil como tentativa de homicídio no 3º DP de Mogi. A polícia solicitou a perícia para a casa da vítima e também o exame de corpo de delito.

O g1 questionou, mas a Secretaria Estadual de Segurança Pública não informou se o guarda é considerado foragido. Em nota, a pasta informou que "a ocorrência segue em investigação por meio de inquérito policial instaurado pelo 3º Distrito Policial de Mogi das Cruzes, que analisa todas as circunstâncias relevantes ao caso. A Polícia Civil segue nas diligências visando ao completo esclarecimento dos fatos. Outros detalhes serão preservados para garantir autonomia ao trabalho policial".

Guarda municipal atira contra vizinho negro em Mogi das Cruzes

Imagens de câmera de monitoramento

A Prefeitura de Mogi informou que apura o caso em conjunto com a Corregedoria da GCM. O guarda foi afastado administrativamente e uma sindicância será aberta. Segundo a administração, o guarda municipal ainda não foi localizado para prestar esclarecimentos.

A Secretaria Municipal de Segurança informou que o guarda municipal não fazia parte das equipes que utilizam arma de fogo no exercício das funções. Além disso, segundo a pasta, o servidor estava licenciado do trabalho e a arma utilizada não pertence à Prefeitura.

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Fonte: G1

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