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ALTO TIETÊ

Boca Feliz oferece tratamento odontológico para mais de 300 pacientes no Alto Tietê

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Em pouco mais de um ano, o projeto já atendeu 331 pacientes e tem levado atendimento empático para alunos das Apaes de Mogi das Cruzes e Itaquaquecetuba. No Boca Feliz, pacientes encontram profissionais que atuam com paciência e amor

Arquivo Pessoal

Cuidar da saúde bucal de crianças e adolescentes portadores de deficiência é um desafio. Muitas vezes, os responsáveis por esses jovens encontram dificuldade na hora de encontrar um dentista.

Por isso, o projeto Boca Feliz tem feito diferença na vida dos frequentadores da Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (Apae) de Mogi das Cruzes. A iniciativa fornece tratamento a pacientes que precisam de profissionais com paciência e compreensão das particularidades dos portadores de deficiência. Em pouco mais de um ano, o projeto já atendeu 331 pacientes.

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Idealizado e coordenado pela dentista Náthali Ramos La Blanca de Morais a iniciativa deu a esses jovens a oportunidade de receber um tratamento odontológico com atendimento empático e acolhedor.

Mas o projeto, infelizmente, tem data para acabar, já que a verba angariada por meio de incentivo fiscal pelo Programa Nacional de Apoio à Atenção da Saúde da Pessoa com Deficiência (Pronas/PCD) é suficiente para manter o projeto por dois anos.

"Nós queremos muito conseguir um meio de continuar, porque durante os atendimentos do Boca Feliz a gente vê o quanto é precário o atendimento odontológico para pessoa com deficiência. Muitos não sabem nem onde procurar por um profissional especializado e o projeto realmente veio para ajudar", diz Náthali.

A esperança da coordenadora é de que a Prefeitura de Mogi das Cruzes assuma os custos dos atendimentos, que atualmente também são oferecidos para pacientes encaminhados pela administração municipal e também pela Apae de Itaquaquecetuba.

Por meio de nota, a Prefeitura afirmou que está acompanhando o Boca Feliz desde o início da implantação por meio de validações, regulações ou encaminhamentos. "Trata-se de um projeto muito importante para o nosso município. Além da Apae, Mogi das Cruzes também é referência com a Emesp e essa iniciativa é de grande valia para as crianças com necessidades especiais", completou.

A Coordenação de Saúde Bucal afirmou ainda que aguarda estimativa dos custos.

A história do projeto

Foi justamente pensando na dificuldade em que os frequentadores da Apae tinham em encontrar um dentista que o Boca Feliz começou a ser desenhado, há cinco anos, pelas mãos de Náthali Ramos La Blanca de Morais de 30 anos. Ela é cirurgiã dentista bucomaxilofacial e coordenadora do projeto.

Ainda durante a residência, Náthali atendia pacientes com deficiência no Hospital Regional de Ferraz de Vasconcelos. Até que um dia, a Apae foi até ela para falar sobre a demanda interna da entidade e sobre a possibilidade dela montar um projeto odontológico para os alunos.

Com tudo criado, o projeto demorou a sair do papel. Isso porque a Associação não contava com a verba necessária para que ele fosse colocado em prática. O dinheiro, então, veio por meio do Programa Nacional de Apoio à Atenção da Saúde da Pessoa com Deficiência (Pronas/PCD).

Após a aprovação do Ministério da Saúde, com a verba em mãos, foi necessária uma adaptação na sala de odontologia que já existia na Apae e, depois disso, os alunos começaram a ser atendidos. Com metas a serem batidas, o projeto deveria atender 384 pacientes em dois anos, mas esse número já quase foi alcançado em pouco mais de um ano, com 331 pacientes já atendidos.

"Em setembro deste ano, nós tínhamos como meta atender 17 pessoas e atendemos 121. Ainda fizemos um total de 421 procedimentos. Desde que começamos a atender, nós temos conseguido bater todas as metas e isso é muito bom, porque são realmente pessoas que precisam disso", ressalta Náthali.

Somente em setembro, 421 procedimentos foram realizados dentro do projeto

Arquivo Pessoal

A eficiência nos atendimentos fizeram com que ainda mais pessoas fossem alcançadas. Agora, o Boca Feliz atende também a demanda encaminhada pela Prefeitura de Mogi e pela Apae de Itaquaquecetuba.

"Essas pessoas que chegam até nós muitas vezes não conseguiram sequer alguém que quisesse fazer o atendimento. Aqui, com a equipe que temos, a gente consegue passar confiança para os pais, falar que vamos conseguir e realmente conseguimos. E ter esse feedback positivo desses pais é a melhor parte desse trabalho".

Além de Náthali, o projeto é integrado também pelas cirurgiãs-dentistas Marli Ribeiro Goulart e Danila de Alexandria, pela auxiliar odontológica Dayane Rodrigues Lima e pela auxiliar administrativa Eliane Campos do Pinho Tobias.

Este ano, com o Boca Feliz, a equipe recebeu o prêmio da Associação Paulista de Cirurgiões Dentistas (APCD) de Mogi, no Melhores do Ano, na categoria Odontologia Solidária.

Este ano, o Boca Feliz levou o prêmio Melhores do Ano, da APCD, na categoria "Odontologia Solidária"

Arquivo Pessoal

Sorriso Feliz

Muito além da saúde bucal, Wlandenira Natalina Pereira viu as atitudes do filho dela, Fábio Henrique de Souza, de 19 anos, mudarem desde que ele começou a ser atendido pelo Boca Feliz.

"O projeto fez muita diferença. Hoje, ele mesmo faz a higiene bucal com mais atenção e melhor do que antes. Passa fio dental sozinho e escova os dentes sem eu precisar ficar orientando. Ele fala que a dentista vai ficar feliz, porque ele está fazendo tudo certinho", conta a mãe sem esconder a alegria.

Wlandenira conta que Fábio está bem mais confiante, agora que faz sua higiene bucal sozinho

Arquivo Pessoal

Wlandenira lembra que já tentou levar Fábio, que tem síndrome de down, a outros dentistas, mas que não deu certo, já que eles não tinham paciência e não davam muita atenção. Ela diz que agora encontrou profissionais que têm essa paciência e, acima de tudo, têm, nitidamente, amor pelo que fazem.

Aos 10 anos de idade, Paulo Roberto da Costa Neto já passou por muitos momentos estressantes para ir ao dentista. Ele é autista e para receber o atendimento precisava ser segurado, às vezes até por mais de uma pessoa, segundo conta a mãe dele Gisele Maria da Costa.

"No começo eu ia sozinha, até deitava em cima dele, e depois comecei a precisar da ajuda de outras pessoas da família. Foi ficando muito difícil e eu não o levava mais. Na primeira meia hora de consulta, eu já fui surpreendida pelas meninas do Boca Feliz. Elas deixaram meu filho à vontade e ele fazia tudo o que elas pediam", relata a mãe.

Ela explica que, enquanto a criança é menor, fica mais fácil conseguir ser atendida, mas que, conforme ela vai crescendo, os outros profissionais têm menos paciência. Com o projeto da Apae, ela sentiu que ela e o filho estavam acolhidos.

Gisele diz que com o atendimento que Paulo recebe no projeto, eles se sentem acolhidos

Arquivo Pessoal

"Esse projeto precisa existir para sempre, porque é muito importante. Muitas vezes, quando há algum problema no dente dessas crianças ele estraga e, depois, precisa ser arrancado. Fazendo a prevenção facilita muito e a crianças consegue viver melhor, porque ela come melhor e até fala melhor", finaliza.

A Apae

O presidente da Apae, Paulo Toledo, acredita que o Boca Feliz vem trabalhando no sentido de conquistar a confiança de pessoas que precisam de tratamento odontológico, mas que nem sempre conseguem atendimento.

"A avaliação que nós fazemos é que a qualidade do trabalho apresentado tem nos mostrado resultados excepcionais, espetaculares, resultados maravilhosos para as pessoas que necessitam da Apae. Isso é uma realização muito grande para os próprios familiares, que estão no entorno dessas pessoas com deficiência", afirma.

Para o presidente, o Boca Feliz complementa a missão da Apae, que é fornecer qualidade de vida e proporcionar cidadania para quem frequenta o lugar.

"A Apae é uma organização da sociedade civil que vem trabalhando aqui em Mogi das Cruzes durante 54 anos, cumprindo com excelência sua missão de melhorar a qualidade de vida de pessoas que são muito especiais para nós. O projeto vem de encontro a essa meta".

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