ECONOMIA
Texto, que estabelece as bases para o Orçamento da União, prevê repasse de até R$ 4,9 bilhões para o Fundo Eleitoral. Proposta de lei orçamentária, que ainda tem de ser sancionada por Lula, retirou recursos de emendas estaduais para encaixar valor no Orçamento. Urna eletrônicaJustiça EleitoralO presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) sancionou nesta terça-feira (2) a Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO), que prevê as bases para o Orçamento de 2024. Entre outros valores, o texto define um repasse recorde para o financiamento das eleições municipais, via Fundo Eleitoral, deste ano.O "guia" do Orçamento deste ano estabelece um teto de R$ 4,9 bilhões para o fundo — R$ 4 bilhões acima do proposto inicialmente pelo Planalto ao enviar o projeto da LDO.O valor previsto na lei supera em mais de duas vezes o total destinado para as eleições municipais de 2020 (R$ 2 bilhões). O recurso é equivalente ao distribuído para as eleições gerais de 2022 — presidente, governador, senador e deputado federal.A reserva também está prevista no projeto da Lei Orçamentária Anual (LOA), que já foi aprovado pelo Congresso e ainda tem de ser sancionado por Lula. Para bancar o fundo, deputados e senadores aprovaram uma redução no total previsto de emendas de bancadas estaduais com pagamento obrigatório pelo governo de R$ 12,5 bilhões para R$ 8,5 bilhões.Essa troca de emendas por fundo eleitoral foi criticada pelo presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), mas acabou incluída no texto final e sancionada por Lula.O fundo foi criado em 2027 como alternativa ao fim do financiamento de campanhas por empresas privadas. Os recursos são distribuídos com base no número de deputados federais e senadores eleitos pelas siglas na última eleição.A verba deve ser aplicada exclusivamente no financiamento das campanhas eleitorais, e os partidos devem prestar contas de cada gasto ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Se houver sobras, o dinheiro volta para a conta do Tesouro Nacional.Discussão no CongressoO aumento do Fundo Eleitoral foi articulado por parlamentares ao longo dos meses de discussão do Orçamento de 2024.A tentativa de "inflar" o montante proposto pelo governo recebeu apoio do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), mas foi criticada por Pacheco.Durante a votação da LOA, em 22 de dezembro, o presidente do Congresso chegou a sugerir a aprovação de um destaque que tinha o objetivo de desidratar o valor e retomar a previsão do governo. Tentou, ainda, uma alternativa para estabelecer um fundo de R$ 2 bilhões."O Fundo Eleitoral, nas eleições de 2020, foi da ordem de R$ 2,34 bilhões. Dois anos depois, na eleição de 2022, foi de R$ 4,961 bilhões. Evidentemente, está claro que uma eleição municipal é uma eleição menos complexa, é menos custosa", declarou Pacheco na ocasião.Prevaleceu o entendimento das principais lideranças partidárias, e as alternativas de Pacheco foram derrotadas.