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Mogi das Cruzes

Condemat solicita apoio emergencial do DAEE para conter enchentes e minimizar impactos das chuvas


Pela operação atual do sistema, quatro das seis comportas da Barragem da Penha permanecem fechadas. Na Vila Maria Augusta, em Itaquaquecetuba, moradores convivem com bairro inundado há mais uma semana. Condemat solicita apoio emergencial do DAEE para conter enchentes no Alto Tietê

A direção do Consórcio de Desenvolvimento dos Municípios do Alto Tietê (Condemat) solicitou apoio emergencial do Departamento de Águas em Energia Elétrica (DAEE) para conter as enchentes e minimizar os impactos causados pelas chuvas nas cidades da Região. Um dos pedidos do consórcio é a abertura de comportas na Barragem da Penha, em São Paulo, para permitir o melhor escoamento das águas do Rio Tietê.

Pela operação atual do sistema, quatro das seis comportas da Barragem da Penha permanecem fechadas, o que aumenta o represamento da água, principalmente nos trechos que cortam Mogi das Cruzes, Suzano, Itaquaquecetuba e Guarulhos. Consequentemente, segundo o Condemat, o nível do Rio Tietê não baixa, mesmo nos períodos de estiagem da chuva, e isso reflete em todas as cidades que estão na Bacia do Rio Tietê.

O Condemat já acionou o DAEE e aguarda uma agenda urgente com a superintendência do órgão, que é responsável pela operação das barragens. “As cidades aqui do Alto Tietê que margeiam o Rio Tietê, estão sendo prejudicadas justamente por uma decisão do DAEE de não abrir as comportas para o represamento da Penha, lá da Barragem da Penha. Só pra ter uma ideia, são seis comportas e somente duas estão abertas. Se você olhar o Rio Tietê, a lâmina dele hoje ela tá bastante alta. Isso significa o que? Qualquer chuva que der, a enchente é na certa”, disse Caio Cunha, presidente do Condemat e prefeito de Mogi das Cruzes.

O presidente do Condemat também afirma que a Barragem da Penha influencia diretamente na quantidade de água represada na região. “Eles estão mantendo as comportas fechadas justamente pra que não tenha alagamento próximo da Marginal Tietê, que é uma grande via de circulação de veículos. Porém, essa não inundação da Marginal Tietê afeta diretamente as cidades aqui do Alto Tietê. Então assim, tem tudo a ver uma coisa com a outra e a gente tá acompanhando de perto tudo isso”.

Cunha ainda disse que outra solicitação do Condemat ao DAEE é em relação ao desassoreamento do Rio Tietê. “Já faz alguns anos que nós temos pedido o desassoreamento do Rio Tietê. Ao longo do percurso dele até também a barragem. Já faz anos que esse desassoreamento não é feito. Então, por conta disso, acaba prejudicando também o aumento da lâmina do rio”, completou Cunha.

A Barragem da Penha conta com seis comportas, sendo que atualmente somente duas delas estão abertas para a vazão do rio. O fechamento das outras quatro comportas tem o objetivo de conter os alagamentos na Marginal Tietê, na Capital, mas provoca o transbordamento nas cidades do Alto Tietê. “É preciso rever o modelo de operação para que nossa região não seja tão prejudicada”, ressalta o presidente do consórcio.

Além da abertura das comportas em caráter de urgência, os prefeitos reforçam a solicitação para obras de desassoreamento dos trechos do rio nos municípios da região.

De acordo com dados do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden), órgão vinculado ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações, juntos, os municípios de Ferraz de Vasconcelos, Guarulhos, Itaquaquecetuba, Mogi das Cruzes e Suzano, que vêm sendo os mais afetados, registraram mais de dois mil milímetros de chuva nos sete primeiros dias de fevereiro. A previsão é de que as chuvas persistam ao longo do mês.

Vila Maria Augusta inundada

As chuvas continuam alagando as cidades da região. em muitos pontos a chuva cai, vem o alagamento e depois a água escoa, mas a situação é bem mais complicada na Vila Maria Augusta, em Itaquaquecetuba, que está alagado há mais de uma semana.

Muita água. Essa era a situação da Rua Carlos Gomes com a Rua Joaquim Nabuco, na Vila Maria Augusta, em Itaquaquecetuba. Mais cedo, Edinalia Ferreira Moreira mandou um vídeo para a produção Diário TV em que mostra a situação pouco antes da chegada da reportagem ao local.

“Minha calçada, olha isso. Sem chances. Olha ali, aquelas ruas tudo se encontrando de água”, disse.

Já passava das 19h e a chuva não dava trégua. Sem alternativa, adultos e crianças se arriscavam passando pelo meio da enchente. Um rapaz de muleta atravessava a rua com dificuldade. Alguns moradores usavam botas, inclusive crianças. Mas nem todos utilizavam o equipamento de proteção.

“Não tem esgoto na rua, não só é água da chuva. Daqui pra lá, não tem esgoto, a rua de lá não tem esgoto. Então, se misturar as fezes com a água da chuva. Aí, a gente é obrigado a andar, porque não tem outra coisa pra fazer. Tenho que buscar minha esposa lá na estação. Minha casa tá inundada. A garagem eu tinha levantado, mas tá na porta, entrando na garagem e a casa tá inundada. Levantei as coisas tudo e tô na casa do meu filho”, disse o aposentado José Hermenegildo da Silva Filho.

O caminhão da coleta de lixo recolheu os sacos no meio da rua. Não teve como chegar nas casas.

Homem de muleta anda pela rua toda alagada na Vila Maria Augusta, em Itaquaquecetuba

TV Diário/Reprodução

Algumas ruas do bairro se transformaram em rios. No fim de uma via, passa o Rio Tietê. Com as chuvas, que já caem há sete dias, o rio encheu e acabou transbordando. Os moradores estão ilhados em suas casas sem poder sair, inclusive, para trabalhar.

“A água fica tudo aqui. A [casa] do fundo que eu tenho, do fundo do quintal, tá cheia d"água. Casa da vizinha, que é de idade, tá cheia d"água, ela tem que ir pra casa dos filhos dela, entendeu? É difícil, não é fácil, não”, contou o motorista de ambulância Roberto Fidelis.

Mário Reis saiu cedo de moto para trabalhar. Na volta para casa, encontrou a rua ainda mais alagada.

“Minha moto dá pra andar até cobrindo a vela, dá pra você conseguir sair. Aí eu consegui sair com ela empurrando. Aí quando cheguei aqui fora eu liguei ela e aí eu consegui trabalhar. Mas aí eu tenho que vir trabalhar de bermuda, tô aqui de bermuda por baixo da calça porque não dá pra sair de calça. Aí meu pé já tá até com frieira porque não tem como sair de tênis, a bota não resolve. Vou ter que enfrentar a água de novo. Na minha casa ainda tem um sobrado, embaixo tá tudo inundado. A geladeira já tá cheia de água, o fogão, o sofá. A estante eu consegui colocar uns blocos, mas mesmo assim eu sei que vai perder tudo”, explicou o mestre de obras.

“Aqui, quando chove, você não sai, não. Se eu tenho que sair eu tenho que pôr uma pinguela ou qualquer coisa. Mas assim, bonitinho, de sapatinho, não sai”, disse o aposentado Sebastião Ferreira.

“Tudo cheio de água, a gente trabalha dentro de casa, como costureira. Eu e ela trabalha dentro de casa. A gente tá sem poder trabalhar e a água tá infiltrando por baixo. Infiltra por cima, infiltra por baixo. Todo mundo aqui depende de sair pra trabalhar. Eu tenho minha casa ali. Fora que lá pra baixo o povo, sei nem o que eles estão fazendo, porque eles moram mais lá pra baixo. A gente já tá com água quase aqui no joelho. Eles lá embaixo já deve tá caindo dentro do [Rio] Tietê”, contou a costureira Elza Maria Ferreira.

A Prefeitura de Itaquaquecetuba, por meio da Defesa Civil, informa que a chuva dos últimos dias gerou acúmulo de água no bairro Maria Augusta. Para haver vazão é necessário que o tempo melhore e cesse a precipitação.

Com a trégua desta quarta, o escoamento permitirá que as equipes de Serviços Urbanos realizem a limpeza e outras necessidades eventuais no bairro. Ainda segundo a Prefeitura, foram entregues kits com produtos de limpeza para os moradores.

Durante todo o ano foi realizado serviços de capinagem, roçagem, limpeza no rio e nos bueiros, o que contribuiu para que a água tivesse mais vazão. É fundamental que a população não descarte lixo e entulho em locais irregulares, uma vez que os mesmos vão parar em córregos e rios ocasionando ainda mais prejuízos para toda a população.

É importante ressaltar que a administração realiza monitoramento para dar pronta resposta à população, que deve acionar a Defesa Civil pelo 199 em casos de emergência, assim como o Corpo de Bombeiros pelo 193.

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G1

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