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Ariceli Santos lembra do filho Rafael dos Santos Silva, de 22 anos, assassinado em Suzano em dezembro. Seis suspeitos pelo crime foram presos. Aos 22 anos, Rafael foi espancado até a morte em Suzano, vítima de fake newsArquivo Pessoal"Rafael era meu filho, era meu amigo e meu companheiro. A gente conversava sobre tudo, eu me acabava de rir com ele e ele dizia sempre que me amava", é assim que Ariceli Santos lembra do filho Rafael dos Santos Silva, de 22 anos, que foi espancado até a morte após ser vítima de uma fake news, em Suzano.A agressão aconteceu no dia 17 de dezembro do ano passado. Os suspeitos agrediram a vítima com pauladas e pedradas no corpo, cabeça e rosto. ? Clique para seguir o canal do g1 Mogi das Cruzes e Suzano no WhatsAppA polícia disse que o motivo das agressões foi a divulgação de uma fake news nas redes sociais de que a vítima teria matado dois cachorros. Situação que, de acordo com a polícia, não aconteceu. Seis suspeitos foram presos nesta terça-feira (30).Mãe de outros dois rapazes, Ariceli conta sobre a ligação especial que tinha com Rafael, que foi para os braços dela assim que nasceu de um parto "tranquilo", como ela descreve, no Recife, capital do Pernambuco. A conexão, infelizmente, foi confirmada no dia 17 de dezembro de 2023, quando ele foi brutalmente assassinado."Eu recebi uma ligação do meu filho mais velho, dizendo que o Rafael tinha sido espancado. Ele pediu para eu ter calma e disse que o Rafael tinha sido resgatado pelo Samu. Eu comecei a chorar, mas eu já estava com um pressentimento ruim desde cedo, sentindo um aperto no peito e ainda disse para uma amiga que era porque estava acontecendo alguma coisa com o Rafael."A mãe, que ainda mora no Recife, tentou ligar para o filho e entrar em contato com conhecidos de Suzano, mas não demorou muito para que a notícia da morte de Rafael chegasse."Naquele momento, eu fiquei desesperada em casa. Eu chorava muito e gritava 'a minha vida acabou, a minha vida acabou'. Eu não tinha apoio, foi um momento muito difícil", conta.Ariceli sabia que o filho tinha se envolvido com drogas ao se mudar para Suzano e, além disso, estava demonstrando problemas psiquiátricos. Ele chegou a publicar vídeos na internet, falando que cachorros eram seres impuros. Foi a partir disso que os boatos de que ele havia matado dois cães esfaqueados surgiram na cidade.Mãe lembra com carinho do filho, com quem tinha uma relação especialAruqivo PessoalO delegado do Setor de Homicídios e Proteção à Pessoa (SHPP), Rubens José Ângelo disse que durante as investigações esse fato não foi confirmado. Os cachorros que as pessoas dizem estarem mortos nunca foram encontrados, também de acordo com o delegado. Por conta da falsa notícia, sete homens espancaram Rafael até a morte. Seis deles foram presos e o sétimo suspeito está sendo procurado.Leia TambémSuspeitos de espancar até a morte homem vítima de fake news são presos na Grande SP"Quando o corpo chegou no Recife, veio o momento mais difícil. Quando destamparam o caixão, eu não conheci ele, não. Eu gritei e disse que aquele não era meu filho, até senti uma esperança de que ele ainda estava vivo. Ele apanhou tanto que eu tive que chegar perto e reconhecer os detalhes, como um sinal que ele tinha na barriga", diz a mãe.Ariceli lembra ainda da última vez que esteve pessoalmente com o filho, cerca de três anos atrás, quando eles deram um abraço emocionado em um supermercado. Os abraços entre eles não eram raros, mas ela sentiu que esse foi especial."Ele falou 'mainha, a senhora sabe que eu te amo, né?'. Eu perguntei o que ele queria, ele disse que não era nada e que me amava muito. Ele me abraçou e chorou e eu não aguentei e comecei a chorar também. Ele disse que eu era a mulher da vida dele. Aquilo parecia uma despedida. E foi", lamenta.A vida em SuzanoNão era apenas pela mãe que Rafael era querido. Quando mudou para o estado de São Paulo ele foi diretamente ao encontro de Dóris Simãozinho, trabalhar no sítio da família dela. No emprego, que permaneceu até os últimos dias de vida, foi de ajudante de pedreiro para pedreiro."Ele tinha apenas 22 anos, mas trabalhava muito, era muito esforçado e talentoso. Nunca tivemos problemas com ele, tínhamos um bom relacionamento. Meu marido pagou a passagem para ele vir para Suzano, ele morava com a gente. Eu tenho certeza que só fizeram isso com ele, porque tínhamos viajado no final de semana. Jamais teríamos deixado isso acontecer", afirma Dóris.Cerca de um mês antes de Rafael morrer, ela conta que ele realmente estava com uns "papos estranhos", o que parecia ser um início de problemas psicológicos. Ela relatou isso para Ariceli, que logo disse que era para ele voltar para casa se estivesse passando por algum problema."Mas, ainda assim, eu não acredito que ele tenha matado cachorro. Inclusive, nunca me mostraram nenhum cachorro morto. Eu tenho quatro cachorros aqui, tenho gatos, cavalos e outros animais.Ele nunca os maltratou, fez até casinhas para eles", finaliza Dóris.Assista a mais notícias do Alto Tietê