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FMI recomenda a Milei proteger setores mais pobres da Argentina

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Na véspera, presidente da Argentina esteve em uma convenção ultraconservadora na região de Washington, e pediu em discurso que seus ouvintes não deixassem o 'socialismo avançar' e chamou a justiça social de 'aberração'. Javier Milei em 17 de janeiro de 2024

Denis Balibouse/Reuters

O Fundo Monetário Internacional (FMI) recomendou que o presidente Javier Milei proteja os setores sociais mais pobres da Argentina, enquanto avança com suas reformas econômicas ultraliberais e busca reduzir o déficit fiscal a zero.

"As medidas concretas adotadas para cumprir com a âncora fiscal devem ser calibradas para garantir que a assistência social continue sendo prestada e que o peso não recaia totalmente sobre os grupos mais pobres", declarou a subdiretora do FMI, Gita Gopinath, em uma entrevista ao jornal La Nación publicada neste domingo (25).

A Argentina mantém com o FMI um programa de crédito de 44 bilhões de dólares (219 bilhões de reais) e a funcionária visitou o país na quinta e sexta-feira para avaliar pessoalmente seu progresso e se reunir com Milei e membros de seu governo, mas também com economistas, sindicalistas e representantes de organizações sociais que demandam mais ajuda estatal.

O governo enfrentou nos dois meses e meio de gestão uma desvalorização de 50% da moeda, a completa liberalização de preços, desregulamentações e cortes drásticos para alcançar o déficit fiscal zero ainda este ano, como principal remédio para conter uma inflação de 254,2% e reverter uma pobreza de mais de 50%.

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Gopinath considerou "importante garantir que o valor real das aposentadorias e da assistência social seja mantido. Que as aposentadorias e a assistência social acompanhem o ritmo da inflação".

Ela opinou que "a economia herdada por este governo estava à beira de uma crise e exigia uma ação audaciosa e decisiva para afastá-la do precipício" e que já foram adotadas algumas medidas de alívio social, "mas serão necessárias mais, para garantir que a redução do déficit fiscal não recaia sobre os segmentos vulneráveis da sociedade".

"Prevemos que a inflação possa cair para um dígito até meados deste ano", disse a subdiretora do organismo de crédito, "mas acredito que levará pelo menos um ano para reduzir a inflação a níveis baixos e, em seguida, mantê-la nesses níveis até 2025 também exigirá esforços", ela ponderou.

Para o FMI, "também será muito importante investir em capital humano. Este é um aspecto crítico. As taxas de pobreza infantil de mais de 55% são extremamente preocupantes. É o futuro do país. É importante garantir que essa porcentagem diminua muito e poder investir mais em educação".

Sobre os planos de Milei de dolarizar a economia para concluir suas reformas econômicas ultraliberais, Gopinath insistiu que "a decisão sobre que tipo de regime monetário um país terá é uma decisão soberana".

'Não deixem o socialismo avançar'

No sábado (24), o presidente da Argentina esteve em uma convenção ultraconservadora na região de Washington, e pediu em discurso que seus ouvintes não deixassem o "socialismo avançar" e chamou a justiça social de "aberração".

Milei discursou na Conferência de Ação Política Conservadora (CPAC) e tentou aprofundar a ideia que apresentou no Fórum Econômico de Davos: o mundo "está em perigo" devido ao socialismo. O presidente ultraliberal, que venceu as eleições de novembro, falou sobre sua ideologia e concluiu: "Os socialistas arruínam nossas vidas".

A mensagem foi clara: "Não apoiem a regulação, não apoiem a ideia de falhas de mercado, não permitam o avanço da agenda assassina do aborto e não se deixem levar pelo canto da sereia da justiça social".

"Eu venho de um país que comprou todas estas ideias estúpidas" e de ser um "dos mais ricos do mundo, agora está no 140º lugar", afirmou.

Milei chegou ao poder com um discurso reformista. Ele emitiu um superdecreto que modifica centenas de leis para tentar reverter a crise. Mas parte das reformas provocaram grandes manifestações nas ruas e críticas da esquerda.

Na CPAC. ele disse que encontrou "grandes resistências" ao Decreto de Necessidade de Urgência e à 'Lei Omnibus' por "parte dos beneficiários do sistema, ou seja, a casta corrupta". Milei defendeu o capitalismo, que seria acusado de ser "um sistema hiperindividualista" diante do "altruísmo socialista com o dinheiro alheio".

"A aberração acontece em nome da justiça social", protestou. "Como diz o grande Jesús Huerta de Soto, a justiça social é violenta e injusta, ou seja, não é justa, nem social, nem nada, é uma aberração", destacou, ao cintar um economista espanhol.

Milei parafraseou o lema do ex-presidente republicano Donald Trump "Make America Great Again" (MAGA). O ex-presidente americano discursou um pouco antes de Milei, com quem teve um encontro nos bastidores. E brincou que a Argentina é um dos poucos países que podem utilizar a sigla em inglês (Make Argentina Great Again).

"Não vamos desistir de tornar a Argentina grande novamente", disse Milei.

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