Professores e pesquisadores da instituição vão concentrar os estudos para idealizar um mapeamento de risco hidrológico no município. Itaquaquecetuba foi uma das 20 cidades brasileiras a receber financiamento do governo federal para elaboração do plano. Universidades brasileiras elaboram plano de redução de riscos em 20 municípios
A Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e mais 15 universidades brasileiras firmaram uma parceria com o Ministério das Cidades para elaborar o Plano Municipal de Redução de Riscos em 20 municípios brasileiros. Uma das cidades que fazem parte da lista é Itaquaquecetuba.
Nos próximos três meses, professores e pesquisadores da Unicamp vão concentrar os estudos para idealizar um mapeamento de risco hidrológico em Itaquaquecetuba.
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Além de registros feitos pelos principais bairros afetados por enchentes, os profissionais também vão conversar com os moradores.
"Nós estamos 'casando' com o município, conhecendo cada rua do município, pra conseguirmos entender como é a dinâmica nas áreas de inundação, como aqui onde nós estamos hoje. De onde vem a água, por onde ela começa a chegar no bairro, se ela vem com uma velocidade alta, se ela vem mansinha, se a água vem suja, se não é água suja. Então, a gente tem que conversar com os moradores, além de andar pelo bairro todo pra entender esses processos. As inundações não são todas iguais, esse que é o negócio", disse Ana Elisa Abreu, professora e pesquisadora da Unicamp.
Em parceria com o Ministério das Cidades, Unicamp desenvolve Plano Municipal de Redução de Riscos em Itaquaquecetuba
TV Diário/Reprodução
Milton Geraldo dos Santos vive na Vila Japão há 70 anos e tem uma vida inteira convivendo com as enchentes. Confiante, ele acredita que o mapeamento possa traçar planos de possíveis soluções para o problema.
"Precisa realmente fazer um estudo, precisa se fazer os piscinões. Precisa ser feito. Fazer um mapeamento e, talvez, até tirar umas pessoas de alguma área de risco. Quando o rio está baixo, a água que vem de Arujá, por exemplo, chega com muita força. Aí chega aqui e represa. Então, quer dizer, vai muito da caída que você vai ter, a vazão que tem", disse o comerciante, que também acredita ser importante a participação de outras prefeituras.
O Plano Municipal de Redução de Riscos (PMRR) de Itaquaquecetuba é realizado em parceria com a Secretaria Nacional de Periferias, por meio do Ministério das Cidades, do Governo Federal, e a Unicamp. Além da Vila Japão, outros bairros, como Vila Sônia, Jardim Fiorelo e Maria Augusta, também devem receber a visita.
"Itaquá tem problemas diferentes. Tem algumas áreas de escorregamento, que é o que a gente ouve em outros municípios do estado, e tem também muitas áreas de inundação, que não é uma característica de todos os municípios. Então, a gente tem que ter olhares diferentes mesmo. No nosso grupo, temos uma equipe que fica mais concentrada em inundação e uma outra equipe que fica mais concentrada nas áreas de escorregamento. Mas a gente ainda está numa fase de diagnóstico. É a primeira vez que a gente está mapeando Itaquá, então a gente está conhecendo o município. Existem mapeamentos anteriores feitos por outros grupos", detalhou Abreu.
Ainda de acordo com a professora, depois do trabalho em campo, será feito um relatório final. O documento técnico terá direcionamento de políticas públicas de prevenção e ação em situações de risco e desastres e será entregue para à prefeitura.
"Esse documento é entregue pra prefeitura, foi construído junto com a prefeitura, mas se torna um plano do município. Então, de posse desse documento, ela [prefeitura] vai ter instrumentos pra priorizar os investimentos, pra conseguir ir atrás das verbas pra fazer todas as obras".
Chuvas fortes causam enchentes no rio Tietê na altura de Itaquaquecetuba
TV Diário/Reprodução
De acordo com Anderson Marchiori, coordenador da Defesa Civil, o último mapeamento contratado na cidade aconteceu em 2018.
"Nós gostaríamos de fazer isso de forma anual. Só que existe um custo muito elevado. Então, pra se ter uma ideia, lá em 2018, quando o município contratou esse estudo, saiu por volta de R$ 500 mil. E aí pra gente fazer isso todo ano, a gente tem impacto de notação, a arrecadação é baixa no nosso município
por isso que vejo com bons olhos, com bom agrado, essa parceria com o governo federal, com a Unicamp, onde nesse ano o custo é praticamente zero. O que a gente tem é contribuição de material humano em campo, associando com as informações, deslocamento com veículos e viaturas, mas a gente já não tem esse valor de investimento bem alto. Então, a gente agradece aí, principalmente essa parceria, o que vem pra contribuir pra que possamos ter a atualização desse mapeamento".
Para o coordenador, esse trabalho na cidade é fundamental e a participação da população é de grande importância.
"Ninguém melhor que o morador, que sabe o tempo que aquela água chega no seu bairro, como ela chega, se quando chove, se quando não chove. Então, com essas informações a gente consegue ter um detalhamento melhor do risco que corre ali, bem como orientar a população pra que ela se conscientize também. Então, é uma troca, recebemos informações do morador e passamos orientações sobre como se comportar nesse cenário, principalmente nas áreas de deslizamento de terra", avaliou Marchiori.
"A partir do momento que ter um mapeamento e existir a conclusão do trabalho pensado, eu acho que realmente resolve ou diminui, pelo menos diminui. O importante é pôr em prática", finalizou Milton.
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