Esse foi o 5º mês consecutivo de desaceleração do índice de preços do país. Bandeira da Argentina
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A inflação da Argentina ficou em 4,2% em maio, apontou o Índice de Preços ao Consumidor (IPC) divulgado nesta quinta-feira (13) pelo Instituto Nacional de Estatísticas e Censos (Indec) do país. Com o resultado, o aumento dos preços chegou a 276,4% em 12 meses.
Esse foi o quinto mês consecutivo de desaceleração. Em relação a abril, quando o índice de preços ficou em 8,8%, a inflação de maio caiu pela metade.
Os setores de maior aumento em maio foram os de Comunicação (8,2%) e Educação (7,6%). Na sequência, ficaram Bebidas Alcoólicas e Tabaco (6,7%) e Restaurantes e Hotéis (5,5%) e Alimentos e Bebidas Não Alcoólicas (4,8%).
A Argentina, sob o comando do presidente ultraliberal Javier Milei, passa por uma forte desregulação da economia com o objetivo de alcançar o "déficit zero" para o fim do ano.
O país já vinha enfrentando uma forte recessão econômica, e um ajuste fiscal que permitiu, no primeiro trimestre do ano, o primeiro superávit desde 2008.
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As medidas adotadas por Milei têm, inclusive, rendido elogios do Fundo Monetário Internacional (FMI). No mês passado, a organização internacional anunciou um acordo que permite o desembolso de quase US$ 800 milhões (R$ 4,1 bilhão).
O FMI destacou o "primeiro superávit fiscal trimestral" em mais de 10 anos anos, a "rápida queda da inflação, a mudança de tendência das reservas internacionais e uma forte redução do risco soberano".
Especialista destacam, porém, que o superávit é uma consequência direta da redução dos gastos, e não da elevação das receitas obtidas pelo governo — o que pode não ser sustentável no longo prazo.
Para isso, milhares de demissões ocorreram, assim como os salários e aposentadorias tiveram uma queda importante. A consequência é uma intensificação da crise econômica que assola o país e já colocou 41,7% dos 46,7 milhões dos argentinos abaixo da linha da pobreza, segundo o Indec.
Essas condições econômicas têm impactado os níveis de consumo da população e até as carnes — que representam uma das maiores tradições argentinas, o churrasco — estão perdendo espaço: até março, o consumo de carnes no país estava no menor nível em 30 anos, segundo a Câmara da Indústria e Comércio de Carnes e Derivados da Argentina.