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Leve agora, pague depois: jovens americanos 'descobrem' compras parceladas e contraem dívidas 'invisíveis'

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Por REDAÇÃO: NOVA TV ALTO TIETÊ em 30/06/2024 às 05:26:12

Especialistas dos Estados Unidos debatem o perigo dessas dívidas, que são invisíveis para economistas e para o próprio Estado, que não sabe ao certo o tamanho do problema. carteira dívida contas dinheiro pagamento e-commerce boleto

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Nos últimos dois anos, os americanos descobriram a "mágica" do método de pagamento Buy Now, Pay Later ("Compre agora, pague depois", em inglês).

A febre é tamanha, em especial entre os mais jovens, que o "BNPL" ganhou até tutoriais de uso no TikTok. Acontece que a possibilidade de pagar mais tarde também gera uma longa lista de novos endividados nos Estados Unidos.

???? O que é BNPL? É um tipo de financiamento a curto prazo que permite que os consumidores façam compras (geralmente on-line) e paguem depois. Diferentemente da compra parcelada no cartão de crédito, a opção se assemelha mais a um empréstimo pessoal, geralmente isento de juros — desde que a pessoa pague as parcelas dentro do prazo e integralmente. Neste caso, as parcelas costumam ser quinzenais, e não mensais.

Mas os boletos estão vencendo e acumulando. E muitos jovens consumidores podem não saber bem como irão pagá-los. Além da questão da possível inadimplência, o que está em debate por lá é que essas dívidas são invisíveis para economistas e, até mesmo, para o próprio Estado, que não sabe ao certo o tamanho do endividamento dessas pessoas.

Carla Beni, economista e professora da Fundação Getulio Vargas (FGV), explica que o BNPL nada mais é do que uma parceria entre empresas financeiras e varejistas.

"Essa parceria permite que os clientes paguem parcelado, em um modelo de quatro parcelas sem juros a cada duas semanas. No lugar de você gastar US$ 100, você só enxerga US$ 25. Não fazem uma avaliação de crédito e está sendo usado por pessoas que não teriam esse crédito normalmente no próprio cartão", diz.

O meio de pagamento existe há mais de 10 anos no país, mas começou a crescer durante a pandemia de Covid-19 e ajudou a impulsionar os resultados de plataformas focadas no e-commerce: "algumas cresceram na casa dos 20%", destaca Beni. Já o parcelamento em semanas está relacionado ao conceito americano de renda semanal, e não mensal como no Brasil.

Endividamento obscuro

A partir do momento em que mais pessoas se endividam mais, o problema passa a ser do Estado, que precisa resolver uma 'epidemia' de crédito é ruim, avalia Carla Beni.

"Uma das funções do Banco Central é controlar o volume de crédito no país. Vamos imaginar que os Estados Unidos tenham um volume de crédito equivalente a 100% do PIB, e isso possa estar crescendo em escala, a ponto de provocar uma mudança na economia pela inadimplência muito grande", contextualiza a professora.

Até o momento, não está claro com que frequência as contas do BNPL não são pagas. "As pessoas que utilizam os serviços têm duas vezes mais probabilidades de estarem inadimplentes em outro produto de crédito, como um empréstimo de carro ou uma hipoteca", alerta.

"O motor do sistema capitalista é o crédito e o endividamento", complementa.

Regulamentação

De acordo com uma pesquisa divulgada pela e-Marketer, embora não seja tão predominante quanto os cartões de crédito, cartões de débito ou PayPal, o BNPL foi usado por 14% dos compradores digitais dos EUA para fazer pelo menos uma compra digital em 2023.

O estudo prevê que em 2024 a adesão de jovens ao BNPL seja ainda mais representativa. Apesar da popularização entre os grupos mais jovens, existe uma tensão ascendente entre as empresas do BNPL e os bancos tradicionais, que cobram regulamentação para a indústria.

Em 2022, a Consumer Financial Protection Bureau (CFPB), agência responsável pela proteção aos consumidores de produtos financeiros, informou que planeja regular empresas do tipo BNPL. Na época, a agência enxergava riscos potenciais para os consumidores, tais como: proteções inconsistentes ao consumidor, risco de acumulação de dívidas e recolhimento de dados que possam comprometer a privacidade de seus usuários.

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Fonte: ECONOMIA

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