Indicação cabe a Lula, mas passa pelo crivo dos senadores; atual presidente, Campos Neto tem mandato até dezembro. Galípolo já foi 'braço-direito' de Haddad na Fazenda e é tido como favorito. Gabriel Galípolo, diretor do BC, em imagem de arquivo
Ton Molina/Fotoarena/Estadão Conteúdo
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) evitou confirmar nesta sexta-feira (16) se vai indicar o atual diretor do Banco Central Gabriel Galípolo para presidir o banco a partir de 2025, em substituição a Roberto Campos Neto.
Galípolo chegou a ser o "número 2" do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e foi o primeiro indicado do atual governo para compor a diretoria do Banco Central. A indicação do presidente da instituição cabe a Lula, mas precisa do aval do Senado.
"Eu não sei se é o [Gabriel] Galípolo. Eu sei é que eu tenho o direito de indicar agora o presidente do Banco Central e mais alguns diretores. Antes de indicar, eu quero conversar com o presidente do Senado, da Comissão [de Constituição e Justiça]. Para que as pessoas, ao serem indicadas, sejam votadas logo, para que não fiquem sofrendo desgaste e especulação política durante meses e meses", disse Lula em entrevista à Rádio Gaúcha.
Segundo Lula, a pessoa a ser indicada tem que ter "muito caráter, seriedade e responsabilidade".
"A pessoa que eu indicar não deve favor ao presidente da República. A pessoa vai ter compromisso com o povo brasileiro. Na hora que tiver que reduzir a taxa de juros, ele vai ter que ter coragem de dizer que vai reduzir. Na hora que aumentar, ele vai ter que ter a mesma coragem", disse Lula.
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Essa "independência" defendida por Lula sobre a posição do Banco Central contrasta, no entanto, com a relação entre o presidente e o atual chefe do BC, Roberto Campos Neto – que foi indicado por Bolsonaro e tem mandato fixo até dezembro.
Desde o início do mandato como presidente, Lula fez diversos ataques a Campos Neto – a quem acusou de não agir em defesa da população, por exemplo.
"Não me desagradou nada, ele desagradou o país. O setor produtivo desse país. Porque não tem explicação a taxa de juros [Selic] ainda estar a 10,25%, não existe explicação para isso. Nós levamos em conta a necessidade de autonomia do Banco Central, mas é importante lembrar que o Banco Central deve ao povo brasileiro", disse Lula nesta sexta.