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Após quatro meses em UTI neonatal, bebê de Suzano nascida com 580 gramas vai para casa

Por Nova TV Alto Tiete em 07/03/2023 às 17:50:34

Milena nasceu com seis meses de gestação e foi considerada a menor prematura nascida na Santa Casa de Misericórdia de Suzano. Denise Suguitani, diretora da ONG Prematuridade, explica os impactos dos nascimentos prematuros para a saúde pública. Menor bebê prematura nasce na Santa Casa de Suzano

Uma bebê nascida em Suzano resolveu vir ao mundo antes do previsto. Já nos primeiros dias de vida, ela tem muita história para contar. Inclusive, ela passou a fazer parte dos recordes da cidade.

Depois do parto, a dona de casa Crislaine Patrício teve que aguardar quatro meses para conseguir dar o primeiro beijo em sua filha. Quem vê a bebê nos braços da mãe nem imagina o que ela passou durante esse tempo.

“Foi uma luta. Porque no começo não tinha expectativa nenhuma, não tinha expectativa de melhora, de alta. Então, a gente ficava naquela aflição. Todos os dias era uma novidade, porque a gente chegava lá… Imagina só um bebezinho com 580 gramas, não dava nem pra enxergar dentro da incubadora, toda entubada, medicação”, disse a mãe da bebê.

Após quatro meses na UTI neonatal, Crislaine e Vinícius cuidam de Milena em casa

Reprodução/TV Diário

Milena nasceu com seis meses de gestação, pesando 580 gramas. Tão pequenininha que foi considerada a menor prematura nascida na Santa Casa de Misericórdia de Suzano. “A data do parto prevista era pra janeiro, então ela foi quatro meses antes da data”, disse Crislaine.

Foram quatro meses de acompanhamento na UTI neonatal. Nesse período, a pequena ficou entubada para ganhar peso. “Não dava nem pra enxergar dentro da incubadora, toda entubada, medicação, mas graças a Deus, ela não teve nenhuma intercorrência desde que ela entrou ali. Foi mesmo pra ganhar peso. Então, a cada dia, pela força de vontade dela, a gente foi vendo a superação”, completou a mãe.

No mês passado, a bebê teve alta do hospital, um orgulho que o pai, Vinícius Leonardo Bizzi, não consegue esconder. “Eu tô muito feliz, que essa bebezinha maravilhosa tá aqui com nós. É uma felicidade pra nós, essa bebezinha tem história muito pra contar, viu?”, disse o pai.

A história de Milena ganhou repercussão na cidade. A família não esperava por isso. Até a Câmara de Vereadores realizou uma honraria aos profissionais envolvidos.

“Tinha dia que eu chegava em casa, onde a gente não enxerga uma luz no fim do túnel, né? Mas graças a Deus e com a ajuda dos profissionais, de todos os envolvidos ali naquela UTI, a gente tá com nossa vitória, tá com a nossa bênção hoje em casa”, disse a mãe.

Hoje, a bebê está cheia de saúde e alegrando os dias da família. “O importante é que ela tá em casa, saudável, cheia da glória de Deus”, contou Crislaine. “Foi um milagre mesmo e uma vitória pra todos nós”, disse o pai.

Prematuridade no Brasil

O caso de Milena é um dos mais de 340 mil prematuros que nascem no Brasil por ano, segundo o Ministério da Saúde. Denise Suguitani, que é diretora da ONG Prematuridade, explica qual o impacto de uma nascimento prematuro para o sistema da rede pública de saúde.

“12% dos bebês que nascem hoje no Brasil são prematuros. Então, é uma grande parcela aí das nossas próximas gerações que são esses bebês que vêm antes da hora. Tem um impacto gigante, não só pra saúde pública, mas pra todo. É um impacto intersetorial, acaba que nós todos somos afetados de alguma forma, mesmo que não tenhamos entre os amigos, entre a família um bebê prematuro, é algo que nos impacta, porque além dos custos pra saúde pública, tem os custos emocionais pra essa família, pra esse bebê. A prematuridade é a principal causa de mortalidade infantil de crianças antes de cinco anos de idade. Então, temos várias histórias com finais felizes como a da Milena, mas, infelizmente, temos histórias que não são tão felizes.

Denise Suguitani é diretora da ONG Prematuridade

Reprodução/TV Diário

De acordo com Denise, os nascimentos prematuros também podem causar outros impactos. Um deles é o aumento das chances de deficiência nos bebês. "A prematuridade também é uma das grandes causas de deficiências em crianças. Então, é um problema de saúde pública muito grave, que afeta principalmente a saúde, mas tem toda uma questão intersetorial. E o Brasil é o 10º país no ranking global de nascimentos prematuros, então é algo que a gente tem que se preocupar, falar mais sobre o assunto, trazer esse tema. Cada vez mais bebês nascendo precocemente e, graças à tecnologia, ao trabalho dos profissionais, à dedicação, às terapias que a gente tem, esses bebês têm sobrevivido, mas a gente não quer só a sobrevida, a gente quer garantir qualidade de vida pra eles e para as famílias também”.

A diretora da ONG também comenta quais os fatores que influenciam no crescimento do nascimento de bebês prematuros no país. Segundo ela, a pandemia e as infecções pela Covid-19 foram alguns pontos agravantes.

“Vem crescendo e a pandemia agravou mais ainda esse cenário, em função de que muitas das grávidas que foram acometidas pela Covid no terceiro trimestre de gestação acabaram evoluindo pra um parto prematuro. Então, algumas dessas mulheres até vieram a óbito, esse bebê nasceu prematuro, já nasceu órfão. Então, a pandemia agravou ainda mais esse cenário, a gente acredita que vá, quanto tivermos dados oficiais do Ministério da Saúde em termos de nascimentos precoces, principalmente de 2021, a gente vai ter uma aumento aí pelo menos discreto dessa parte de prematuridade de 12%, que é a média nacional, infelizmente. E acabou que a pandemia também afetou outras coisas relacionadas à prematuridade, como a imunização que, para os prematuros, também é diferenciada. Mas a gente precisa olhar pra essa causa com mais atenção”.

A gravidez na adolescência, segundo a diretora da ONG, também é outra questão que influencia na prematuridade. “A gente tem o problema da gravidez na adolescência aqui no Brasil, é uma grande questão que traz muitos bebês prematuros. Então, quando a gente fala de prevenção de parto prematuro, temos que falar de educação sexual para os adolescentes, planejamento reprodutivo. E aí sim, depois que acontece a gestação, pré-natal. Então, temos vários fatores que a gente pode trabalhar antes. Outro fator aqui no Brasil que traz partos prematuros é a cesária eletiva, aquele parto cesariano agendado, sem uma necessidade, sem uma indicação médica. Então, sempre tem uma margem de erro da contagem das semanas gestacionais que pode acabar trazendo também bebês prematuros, mesmo que prematuros limítrofes, que são aqueles de 37, 38 semanas, mas são prematuros. Nasceu abaixo de 37 semanas, é prematuro, independente de qualquer outro parâmetro, e ele merece, precisa de mais atenção que os bebês que nascem a termo”.

Denise Suguitani também afirma que uma combinação entre orientação sobre a gestação e educação sexual contribuem para que os casos de nascimentos de bebês prematuros diminua.

“A gente precisa trazer esse tema com os adolescentes, para eles, com eles, pra eles terem essa questão de informação, autonomia e responsabilidade afetiva também. E várias formas que a gente pode trabalhar a prevenção, a gente sabe que, muitas vezes, não é possível prevenir um parto prematuro, mas grande parte das vezes, sim. A gente pode, com as políticas públicas, mudar esse cenário. Sem dúvida, é prevenção. É o antes, e não o curativo paliativo. A gente tem que falar de prevenção. A gente não quer que o parto prematuro aconteça por diversos motivos, ele pode vir a causar a morte do bebê, da mãe, trazer sequelas. Então, trabalhar o antes é o mais importante. Educação sexual, planejamento reprodutivo e um pré-natal de qualidade pra todas as gestantes”.

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Fonte: G1

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