O encontro entre a cúpula dos três poderes, realizado nesta terça-feira (20) na sede do Supremo Tribunal Federal (STF), conseguiu amainar a temperatura da crise institucional em Brasília, mas não escapou de ser espaço para troca de acusações e descontentamento.
Segundo um dos participantes, a reunião começou tensa e foi aos poucos se suavizando.
Foram cerca de três horas de encontro entre as cúpulas do Senado e Câmara dos Deputados, ministros do governo — o chefe da Casa Civil, Rui Costa, e o advogado Geral da União, Jorge Messias — e os 11 integrantes do STF.
Um dos participantes contou que houve momentos áridos, como uma troca de farpas entre o presidente da Câmara e o chefe da Casa Civil.
Rui Costa reclamou de como as emendas cresceram de valor de um ano para o outro e como elas tomam o espaço livre dos recursos, para os chamados gastos discricionários do governo.
Lira, em troca, disse que o governo precisava explicar como ministros mandavam grande parte do recurso dos seus ministérios para seus estados de origem. Além disso, Lira também citou que há falta de transparência do Executivo na decisão de quais projetos são prioritários.
Mesmo com as falas ríspidas, o clima foi cordial, segundo outros integrantes. Um ministro do STF disse que houve algumas "alfinetadas", mas que o importante foi o resultado, que afastou o aprofundamento de uma crise institucional.
Antes da reunião, Lira se encontrou com quatro deputados próximos, com membros da oposição e com dois candidatos à sua sucessão.
Do encontro, onde se concluiu que o fim das emendas PIX era inaceitável, mas que algo precisava ser entregue como forma de boa vontade da Casa, saiu a ideia do fim da "rachadinha" nas emendas de bancada – divisão dos recursos entre os deputados daquele estado. Essa foi uma das decisões tomadas mais tarde, no STF.
No final, piadas
Participantes do encontro reconhecem que o consenso não é o fim dos embates entre Executivo e Legislativo por conta dos valores distribuídos em emendas, mas houve progresso.
O sucesso do resultado final dependerá das reuniões nos próximos 10 dias entre Planalto e Congresso par definir o futuro dos recursos das emendas de comissão.
Apesar da tensão, um integrante afirmou que, se começou tenso, o final do encontro teve clima leve, almoço e até piadas.