Nove em cada dez vereadores do Alto Tietê buscam reeleição para câmaras municipais em 2024

Em Guararema e Mogi das Cruzes, por exemplo, todos os atuais vereadores buscam a reeleição neste ano. Rodrigo Prando, cientista político e professor universitário, acredita que a questão central da política institucional é a busca e a manutenção do poder. Todos os atuais vereadores da Câmara Mogi das Cruzes buscam a reeleição

Rodrigo Niemeyer/Câmara de Mogi das Cruzes

No Alto Tietê, nove em cada dez vereadores que ocupam cadeiras nas câmaras municipais da região disputam novamente as eleições neste ano, de acordo com levantamento do g1 realizado com dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

Dos atuais 160 parlamentares da região, 147 tentam se eleger novamente — o que corresponde a mais de 90%.

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Ainda de acordo com o levantamento, 121 dos 160 vereadores da região eleitos em 2016 tentaram a reeleição em 2020, o que indica que a busca dos representantes dos legislativos municipais aumentou neste ano.

Em Guararema e Mogi das Cruzes, por exemplo, todos os atuais vereadores buscam a reeleição neste ano.

Por outro lado, Ferraz de Vasconcelos é o município com a menor taxa de tentativas de reeleição: 82,3% dos parlamentares tentam permanecer na câmara municipal nos próximos quatro anos.

Manutenção do poder

Rodrigo Prando, cientista político e professor na Universidade Presbiteriana Mackenzie, em São Paulo, acredita que a questão central da política institucional é a busca pelo poder. Desta forma, as eleições têm um papel de tentativa de manutenção do controle por parte dos representantes que já integram o Legislativo e Executivo.

"Esse poder, obviamente, é uma ferramenta para atingir outros objetivos. Quem já é vereador acaba tendo uma visibilidade e espaço institucional e na própria sociedade que aqueles que se candidatam pela primeira vez não tem. Então, isso significa que, da perspectiva da manutenção e da ampliação do poder, é muito mais fácil para esses vereadores a continuidade e ampliação do poder do que aqueles que são novos, que são aqueles que se candidatam pela primeira vez, tenham chance de acessar o poder".

Para o cientista político, o alto índice de tentativa de reeleição contribui para a diminuição do espaço das novas candidaturas, especialmente em relação às questões ligadas a etnia e gênero.

"Se a gente for olhar o recorte da sociedade brasileira estatisticamente, a gente tem muito mais mulheres e muito mais negros e pardos do que brancos. Agora, na representação política, mas não apenas nela, nas próprias empresas, naqueles espaços de poder, no topo das organizações, ele é preponderantemente masculino e branco. De certa maneira, aquilo que existe na sociedade de elementos estruturais ou conjunturais, que acabam tirando o espaço ou dificultando especialmente a entrada desses grupos sociais na disputa política, se reproduz quando você tem um alto índice de renovação daqueles que já foram eleitos".

Além de políticas públicas, Prando avalia que a valorização do exercício da política por parte da sociedade civil é um dos fatores que podem provocar mudanças na composição dos legislativos municipais.

"Enquanto a política for atacada, vilipendiada, ela vai ser sempre ocupada por aqueles que gostam muito da política, e nem sempre são e com valores republicanos. Com isso eu quero dizer que, antes de mais nada, tem que haver uma revalorização da política como a possibilidade de resolução dos conflitos dentro da democracia, a partir do diálogo dentro das instituições e ao lado da legislação, das regras e da lei", finaliza.

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