Moradores que convivem com problemas causados em fortes chuvas também reclamam de falta de soluções por parte do poder público. A Prefeitura de Mogi afirma que há um projeto de novas sirenes após estudo do Plano Municipal de Redução de Risco. Sirenes em Mogi das Cruzes podem alertar moradores de temporais
Parte dos problemas de quem sofre com os alagamentos do Alto Tietê poderia ser evitada se os moradores fossem avisados com antecedência, com alertas ou simplesmente com placas que apontem os locais de risco.
Em Mogi das Cruzes, existem sirenes de alerta em dois bairros, mas a população acha que são insuficientes. Alguns moradores ainda dizem que um dos equipamentos existentes não funcionou no último alagamento.
Quem mora na Avenida Líbia, no distrito Jundiapeba, reclama que os alagamentos são constantes. Wilson Martinez mostra até onde o nível da água sobe. “Chove, fica alagado e ninguém aparece pra poder resolver. É um descaso total, acho que não vem limpar os bueiros, não vem limpar as ruas que ficam cheias de terra, porque como é paralelepípedo as areias soltam tudo e vai para os cantos e fica aquela nojeira que tá ali. Hoje tá limpo porque os próprios moradores pegam e vão fazer. O seu final de semana que tem pra descansar vão ter que limpar a rua porque a prefeitura não procura fazer nada”, disse o autônomo.
“Aí já fica naquele drama: será que vai entrar água dentro de casa, será que não vai? Aí a água volta pelo esgoto, aí você tem que colocar um cano de PVC no esgoto e fica
Você vai dormir com o coração na mão. Criança pequena, podendo ter o risco aí de pegar uma doença. Então, prefeitura tá totalmente um descaso”, explicou o funcionário público Maxwell Dantas.
Sirene instalada na Rua José Eloy Pupo, na Vila Oliveira, em Mogi das Cruzes
Reprodução/TV Diário
Ivanize Martinez, esposa de Wilson, mostra através de vídeo como fica a casa quando chove no bairro. Outro vídeo mostra uma rua do distrito tomada pela enchente. A metade do carro está debaixo d'água.
Para quem mora no local, faltam alguns investimentos básicos. A falta de boca de lobo para escoar a água da chuva é um exemplo. “Não vem verificar, não vem mandar alguém pra limpar os bueiros. Hoje você não tem uma pessoa que você possa falar. Você liga na prefeitura e ninguém sabe te dar informação, só vai passando de central pra central ou de ramal pra ramal. Não tem, não tem”, completou Wilson.
Mesmo sem chuva, na casa de Eulita Gomes o armário da cozinha fica suspenso por tijolos e a geladeira suspensa por cadeiras. Esse é o medo de deixar o eletrodoméstico no chão, pois a chuva pode invadir a casa e os eletrodomésticos podem ser perdidos.
Ela conta que sente medo vivendo dessa forma. “Assustada, né? Quando forma lá pra chover, eu já fico assustada. Quero botar a geladeira pra baixo pra dar uma limpadinha, ligo ela. Mas eu penso de largar ali embaixo e não ter ninguém pra ajudar pra pôr pra cima. Então, já deixo assim, porque é só eu e ele aqui. Nós usamos bota quando tá
Ele é enfermo, eu também, tenho problema de saúde. Então, a gente já fica assim, assustada já. Eu já fico atenta, se for de noite eu nem durmo, porque se chover forte e precisar tirar alguma coisa, mudar de lugar, eu já tô ali tirando, tirando já”, explicou a aposentada.
Câmera de monitoramento mostra rua do distrito de Jundiapeba tomada por água da chuva
Reprodução/TV Diário
Com todos estes problemas, a equipe de reportagem do Diário TV não encontrou placas da Prefeitura indicando que os locais onde gravamos correm risco de alagamento. Também não há sirene.
“Não temo isso aqui não, não temos informação nenhuma disso. Podia ajudar muito isso aí. É tudo sinalizado, conforme eles vêm fazer uma obra aqui eles enchem de placa. Aí dizendo que tem obra e coisa. Agora pra isso aí eles não, que seria uma coisa necessária, eles não providenciaram isso aí”, contou o mestre de obras Luís Antônio Freitas.
“A gente fica aqui sem alerta nenhum, quando a gente vê já tá entrando água dentro de casa. Um monte de coisa acontece. Já vi vizinho sair daqui com criança no colo, colchão nas costas. Então, tudo por conta de uma enchente, que a gente não sabe”, disse Maria de Lourdes.
De acordo com a Prefeitura, na cidade há duas sirenes para alertar a população para alagamentos. Uma na Rua José Eloy Pupo, na Vila Oliveira, e a outra na Praça da Bandeira, na área central de Mogi.
A dona de casa Maria de Fátima afirma que não sabe onde fica o equipamento. “Nunca fiquei sabendo, não sei nem onde que tem”. O frentista Celso Fagundes também não. “Não sei. Não sei nem identificar onde que tá. Não sei não”.
Após a reportagem indicar o local, Maria de Fátima afirma que é difícil perceber a sirene. “Depois que eu olhe lá, eu falei pra ela assim: "acho que deve ser aquele negocinho lá, olha!". Não dá nem pra perceber, parece um câmera que tá espiando as pessoas“.
A reportagem não encontrou nenhuma sinalização indicando o que ele é aquele equipamento, nem o que fazer se a sirene for acionada.
“A gente tem que tirar os carrinhos, sair antes de alagar. A gente tem que correr também. E quando o rio enche de lá pra cá e a gente quer correr não pode mais. A gente tem que sair antes, assim que formar a chuva a gente tem que correr”, disse o vendedor Josafá Santana. Ele também explica que ultimamente a sirene não é tocada quando ocorre enchentes e alagamentos. “Logo na hora que começar a mexer, quando o rio começa a mexer ali, eles acionaram a sirene ali. De uns tempos pra cá, não tocou mais”.
Placa informa sobre riscos das chuvas de verão Mogi das Cruzes
TV Diário/Reprodução
Diferente do que foi visto em Jundiapeba, no local tem uma placa alertando para o risco de alagamento. Aparecido Lima de Souza mora no local há mais de 30 anos e conta que já passou sufoco por causa das fortes chuvas.
“Realmente a enchente era violenta. Enchia mesmo, segundinha já tava cheio de água aí. Fiquei na banca de jornal ali, em cima ali. E saí correndo, porque senão o negócio [risos], enchia demais na época. Agora eles colocaram a sirene. É bom porque o pessoal toca a sirene e o pessoal já
O pessoal tira tudo os carros que ficam aqui perto, senão já viu, né?”.
Sobre os problemas apontados pelos moradores, a Prefeitura de Mogi das Cruzes informou que não há registro de problemas no acionamento da sirene da Praça da Bandeira, que é feito de acordo com o nível do córrego Rio Negro e disse ainda que há um monitoramento em tempo real pelas câmeras da CIEMP e contato com a Defesa Civil do Estado sobre a previsão meteorológica e ações a serem adotadas.
A Prefeitura informou também que há projeto de novas sirenes a serem implantadas após estudo do Plano Municipal de Redução de Risco, que está em fase de contratação e deverá ser feito pelo Instituto de Tecnologia e Pesquisas (IPT). Este estudo vai atualizar as áreas de risco existentes, indicando as medidas que deverão ser adotadas em cada uma delas. o mesmo vale para a instalação de placas alertando sobre riscos de alagamento.
A Prefeitura informou também que o serviço de limpeza de boca de lobo em Jundiapeba foi feito no final do ano e uma próxima ação está programada para esta semana, assim como o serviço de tapa buraco na próxima semana. Reforçou que os serviços são feitos de acordo com o cronograma, baseado nas solicitações pelo 162.
Na semana passada, a Prefeitura havia enviado informações sobre as sirenes e explicou que, por se tratar de ponto com risco de alagamento, a sirene é acionada para alertar os motoristas, moradores e comerciantes para adoção de medidas pessoais, como a retirada de veículo estacionado e a colocação de barreiras nos comércios e que, portanto, não há necessidade de um plano de evacuação, por exemplo. A administração do município informou ainda que estão sendo preparadas cartilhas de orientação sobre providências a serem adotadas em casos de emergências.
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