Proposta é de compra de até 20% das ações da companhia a R$ 30 o papel. Hypera afirmou que irá tomar 'providências para avaliação diligente da proposta'. Farmacêutica EMS
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A Hypera informou nesta segunda-feira (21) que recebeu proposta para unir negócios com a EMS, do grupo NC. O plano envolve uma oferta por até 20% das ações da companhia a R$ 30 o papel.
O valor representa um prêmio de 14,67% em relação ao preço de fechamento da ação da Hypera nesta segunda, de R$ 26,16.
Em carta à Hypera, a EMS diz que a oferta será lançada diretamente por seus acionistas controladores e que, após a combinação de negócios, a nova empresa será listada no Novo Mercado.
A EMS, que afirma ser "o maior conglomerado farmacêutico do Brasil", propõe um conselho de administração com nove membros para a empresa combinada, sendo cinco indicados pela EMS.
"Com base em estudos preliminares, a transação deverá resultar em ganhos expressivos de eficiência operacional e de capacidade de produção, ao mesmo tempo que reduzirá custos, expandindo as margens operacionais e aumentando a geração de caixa", afirmou a EMS em carta divulgada pela Hypera.
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A Hypera afirmou em fato relevante ao mercado que seu conselho de administração vai tomar "providências para avaliação diligente da proposta, incluindo a contratação de assessores externos".
A EMS afirmou ainda que realizou análise concorrencial preliminar e que "não se antecipa necessidade de remédios concorrenciais" que impactem a potencial transação, apesar de o negócio reforçar a condição de ambas as empresas como maior grupo fabricante de medicamentos do país.
"A companhia combinada também se beneficiará da captura de sinergias relevantes envolvendo ganhos operacionais, financeiros e tributários... deixando a companhia combinada mais bem preparada para impulsionar seu crescimento de maneira muito acelerada", disse a EMS, sem fazer projeções.
Procurada pela Reuters, a associação de redes de farmácias Abrafarma afirmou apenas que não comenta sobre operações "que ainda não saíram do papel".
A oferta da EMS foi confirmada pela Hypera no mesmo dia em que os principais executivos da companhia promoveram uma conferência com analistas para explicar um plano de otimização de capital de giro.
O projeto carrega uma estratégia de redução de estoques nos clientes, que têm como objetivo cortar a linha de contas a receber para 60 dias — ante os 116 do final do primeiro semestre deste ano —, em meio ao cenário de juros elevados do país e queda do real ante o dólar.
Considerado pela próprio presidente-executivo da Hypera, Breno de Oliveira, como uma "estratégia bastante agressiva" da companhia, a expectativa é que o plano gere ganhos para os acionistas no médio a longo prazos, afirmou.
Ao comentar o anúncio, a EMS afirmou que sua oferta é uma "solução estratégica" para a Hypera atingir as metas anunciadas no seu plano de otimização de capital de giro.
Segundo a EMS, a combinação das empresas vai resultar em uma "otimização do ciclo financeiro, com menor impacto nas vendas e na rentabilidade".
Namoro antigo
Essa não é a primeira vez que notícias em torno de uma possível consolidação envolvendo os maiores laboratórios farmacêuticos do país surgem na mídia.
Em 2022, a Hypera discutiu a venda da companhia para o Grupo NC. Na época, a Hypera também chegou a discutir uma venda para a Eurofarma.
O maior acionista da Hypera é o fundador João Alves de Queiroz Filho, com 21,38% do capital da companhia. A mexicana Maiorem detém outros 14,74%. O grupo Votorantim tem uma fatia de 5,1% na farmacêutica.
A Hypera é dona de algumas das principais marcas de medicamentos que não precisam de receita do país, como Buscopan, Coristina e Neosaldina. Nos últimos anos, a empresa tem investido para ampliar sua base de moléculas de medicamentos genéricos e tem planos de ter uma fábrica piloto de medicamentos oncológicos em 2026.
A Hypera teve lucro líquido em 2023 de R$ 1,65 bilhão, sob receita líquida de R$ 7,9 bilhões. Na oferta, o grupo NC afirma que a EMS teve faturamento líquido de R$ 7,95 bilhões no ano passado. Em 2022, a EMS teve lucro líquido consolidado de R$ 311,3 milhões, sob receita líquida de R$ 5,7 bilhões.
Pouco antes das negociações das ações da Hypera serem suspensas para divulgação do fato relevante, os papéis da farmacêutica caíam cerca de 2,3%, após oscilarem entre altas e baixas influenciadas pelo anúncio da estratégia de otimização de capital e, posteriormente, notícia sobre a EMS.
No fim do pregão desta segunda, as ações da Hypera subiram 1,91%, cotadas a R$ 26,16. O Ibovespa, principal índice de ações da bolsa de valores brasileira, recuou 0,11%.
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