Lucas Godoy Cavalcante morreu em agosto, após ser atendido na unidade de saúde. Mãe da vítima afirma que erro em diagnóstico médico agravou a situação de saúde do filho. INTS informou que jovem teve piora em função de diabetes e que chegou a ser entubado, mas morreu depois de parada cardiorrespiratória. Jovem de 20 anos morre após dar entrada na Upa do Oropó em Mogi das Cruzes
Em Mogi das Cruzes, a família de um jovem de 20 anos questiona o atendimento da Unidade de Pronto Atendimento (UPA) do Oropó. O rapaz morreu depois de dar entrada no local, com dor de garganta. Essa foi a segunda morte em três meses na unidade.
Flavia Helena Godoy Cavalcante, mãe de Lucas, afirma que a UPA informou depois de um segundo atendimento que o filho tinha diabetes tipo 1. "Eu falei: 'como nasceu? Nasceu com diabetes?'. Aí eu peguei e empurrei ele. Entrei lá pra dentro, lá. Fui ver o meu filho. E as únicas palavras que eu escutei do meu filho foram: 'mãe, eu te amo'. Ele morreu no meu colo". INTS informou que com a piora do quadro, em função de diabetes, jovem foi para a emergência, onde chegou a ser entubado e , depois de parada cardiorrespiratória, acabou indo a óbito (veja resposta completa abaixo).
Flavia conta que Lucas de 20 anos, morreu na UPA Oropó em agosto depois de passar por atendimento na unidade com dor de garganta. A mãe explica que o primeiro atendimento aconteceu no dia 9, quando ele foi medicado e liberado para casa. Como ele não melhorou, no mesmo dia ela voltou com o filho para a UPA.
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"Falei para o médico: 'doutor, ele está com dor de garganta, ele está com cansaço'. Aí o doutor virou e falou pra mim: 'olha, mãe, eu tô vendo aqui que a garganta está inflamada'. Aí eu falei: 'inclusive, meu pai e minha mãe levaram ele aqui, tudo aqui'. Ele falou assim: 'tem uma chapa aqui?'. Falei: 'tem'. Aí ele olhou a chapa, falou que não era nada também. Aí ele falou que não era nada. Inclusive, meu filho até pegou o celular dele e mostrou um exame de sangue dele que ele tinha feito. Aí o médico olhou e falou que no exame de sangue dele não deu nada. Ele mesmo pegou o celular dele e pegou para ver", conta a mãe.
"Aí o doutor nem pôs a mão, como sempre, não pôs a mão. E falou assim: 'agora você vai tomar medicação, um soro'. Quando chegou na medicação, um minutinho que eu saí de lá, o pai dele e o irmão dele ficaram lá. Quando eu voltei, eu perguntei para o pai dele: 'cadê o Lucas?'. 'Ah, ele foi para a observação'. Mas nessa hora eu corri perguntando pra todo mundo. Aí o vigilante, o segurança, falou assim: 'mãe, ele está na emergência'. Eu corri na emergência. Na hora que eu cheguei, empurrei a enfermeira e falei assim: 'eu quero entrar aqui. O que está acontecendo?'. E meu filho gritando, chorando", explica.
Emocionada, Flávia conta que quando percebeu que estava grave a situação ela tentou tirar o filho e levar para um hospital, mas não deixaram. E a partir dali, para ter notícias do filho, tudo foi ficando mais difícil.
"Eles falam que não tinha ambulância. Aquela, do tipo do Cross, que eles falam. Aí eu falei assim: 'não, mas tem que tirar ele daqui. Se ele tá com pneumonia grave, tem que sair daqui'. Mas em nenhum momento a moça falou que era diabete, sempre falava que era pneumonia. E nós preocupados a noite toda, preocupada de dia, preocupada com ele, nada. Ninguém dá notícia, ninguém fala nada com a gente", diz Flavia.
"Quando foi umas 4h, eu fui perguntar, questionar eles: 'eu quero saber do meu filho'. Às quatro da tarde. Aí eles não me deram nada. Quando foi 16h10, o doutor me chamou na sala e falou assim pra mim: 'mãe, a situação dele é muito grave. Ele tem diabetes tipo 1, ele nasceu com essa diabetes'. Eu falei: 'como nasceu? Nasceu com diabetes?'. Aí eu peguei e empurrei ele. Entrei lá pra dentro, lá. Fui ver o meu filho. E as únicas palavras que eu escutei do meu filho foram: 'mãe, eu te amo'. Ele morreu no meu colo".
Luiz Roberto Godoy, avô do rapaz, conta que solicitaram o prontuário médico, mas a primeira consulta do dia 9 não consta na documentação. Ele também questiona o atendimento ao neto, que segundo ele foi precário.
"Na primeira vez que ele foi atendido, no mesmo dia, ele recebeu uma tarja amarela. Como nós voltamos com ele pra casa, ele veio a evoluir a situação dele de falta de ar, nós voltamos correndo pra UPA. Só que aí eles colocaram a tarja verde. E já mandaram pra medicação. E no decorrer todinho dessa situação, que ele permaneceu dentro da UPA, a situação era estável. Como que de uma situação estável veio ao óbito? Inclusive, eles cometeram uma falha muito grave, que é o mais barato que tem, eles não fizeram destro no meu neto, que se eles fizessem o destro, eles viam que eles não podiam jogar a tal medicação em cima dele. No desespero, eles começaram a jogar a medicação e se perderam. Então, o que aconteceu? Eles mexeram com
Ele bem fragilizado, então, isso veio a piorar o quadro dele", diz Luiz Roberto.
Esse não foi o único caso na unidade. No dia 23 de outubro, uma idosa morreu na mesma UPA enquanto esperava por transferência para um hospital. De acordo com a Secretaria Municipal de Saúde, a idosa deu entrada na unidade três dias antes, com queixa de dor abdominal, tosse, vômitos e tremores. Depois do atendimento inicial a paciente foi apontada também com alteração no resultado dos exames laboratoriais.
Mais de três meses depois, a família ainda procura por respostas e diz que o atendimento na unidade está precário. Eles cobram providências para que mais casos como esses não continuem acontecendo.
"Porque eu fico mais triste
qual o problema deles virarem pra você e falarem: 'olha, vô, pai ou mãe, aqui nós não temos condições. Leva para um lugar mais adequado'. Eles têm essa condição de ver o paciente quando chega. O que importa para eles é a quantidade de gente que entra lá dentro, e não pela qualidade do serviço".
O que diz a Prefeitura e a INTS
A Prefeitura de Mogi das Cruzes lembra que a UPA do Oropó é gerenciada pelo Instituto Nacional de Tecnologia e Saúde (INTS), mas disse que está apurando as ocorrências. A Prefeitura destacou que mantém o monitoramento constante dos atendimentos prestados em todas as unidades de saúde, incluindo a UPA do Oropó, promovendo melhorias.
A administração destacou que as UPAS atendem pacientes de várias complexidades, inclusive casos mais graves e que, considerando o alto volume de atendimentos e a complexidade dos casos, a taxa de mortalidade está abaixo do esperado.
Já o INTS informou por nota que não houve demora no atendimento de Lucas, tanto no primeiro quanto no segundo atendimento. Segundo a INTS, no primeiro atendimento depois de receber medicação na unidade, ele apresentou melhora clínica e por isso foi liberado com indicação de medicação em casa. "Ao retornar, no dia seguinte, não foram relatadas comorbidades e o paciente foi encaminhado para exames laboratoriais e de imagens e mantido em observação. E que com a piora do quadro, em função de diabetes, foi para a emergência, onde chegou a ser entubado e , depois de parada cardiorrespiratória, acabou indo a óbito."
O Instituto destaca que, como protocolo, a unidade encaminhou o caso para a comissão de óbito, composta por equipe multidisciplinar, que concluiu que mesmo com todos os recursos empenhados, não seria um óbito evitável e destacou, ainda, que a família recebeu todo acolhimento possível.
Já em relação à paciente idosa, o INTS disse que ela já deu entrada na unidade com um estado geral já bastante comprometido. E que, após o atendimento inicial, foi encaminhada ao setor de emergência, onde foi atendida e que também houve solicitação de transferência via Cross. Mas apesar disso, não foi possível evitar o óbito.
A Prefeitura de Mogi das Cruzes disse que mantém monitoramento constante dos atendimentos prestados em todas as unidades de saúde, incluindo a upa do oropó, promovendo melhorias./ disse que as upas atendem pacientes de várias complexidades, inclusive casos mais graves e que, considerando o alto volume de atendimentos e a complexidade dos casos, a taxa de mortalidade está abaixo do esperado.
Jovem e mulheres morreram na UPA do Oropó
Divulgação/Prefeitura de Mogi das Cruzes
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