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Moda de segunda mão: brechós são fontes de renda e proteção ao meio ambiente

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Por Nova TV Alto Tiete em 02/02/2025 às 13:40:29

Conceito de moda circular une preocupação socioambiental e o uso mais duradouro das roupas. Alto Tietê tem, pelo menos, 237 MEIs no comércio varejista de produtos usados. Beatriz Faria de Oliveira Alves, de 22 anos, fundou o próprio brechó em janeiro de 2020

Beatriz Faria de Oliveira Alves/Arquivo pessoal

Abrir o guarda-roupas e ter a sensação que não tem nada para vestir. Quem nunca passou por isso?

Mas a peça pendurada no cabide que talvez não seja mais do seu interesse pode vestir outra pessoa, render um "dinheirinho" e de quebra ajudar o meio ambiente.

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É justamente isso que o conceito de moda circular prega: preocupação socioambiental e o uso mais duradouro das roupas. Ao invés de descartar as roupas e calçados depois do uso, a ideia é que eles voltem ao mercado.

E os brechós têm um papel importante na moda circular. Esses comércios são verdadeiros "garimpos" de itens que podem ampliar o closet sem pesar no bolso.

Um levantamento feito pelo Sebrae-SP, com base nos dados do Portal do Empreendedor, aponta que o Alto Tietê tem, pelo menos, 237 microempreendedores individuais (MEIs) no comércio varejista de produtos usados.

O levantamento leva em consideração todo o ano de 2024 e os primeiros dias deste ano. Ou seja, de 1º de janeiro de 2024 ao dia 4 de janeiro deste ano, 237 pessoas estavam registradas no Portal do Empreendedor, na categoria de comércio de artigos usados.

A analista de negócios do Sebrae-SP, Priscila Tanihara, avalia que o comércio de moda circular tem ganhado destaque nos últimos anos, impulsionado por vários fatores. Um deles é o cuidado com o meio ambiente, afinal comprar em brechó é uma forma de reduzir o desperdício e prolongar a vida útil das roupas.

O aumento de MEIs na categoria de comércio de artigos usados cresceu 41,9% se comparado a 2019, período antes da pandemia da Covid-19, em que o número estava em 167.

"Com a pandemia, houve uma mudança na forma de consumir, com foco no comércio local. Esse período também marcou o aumento da busca pelo empreendedorismo, seja pela realocação no mercado de trabalho ou por renda extra. Muitas pessoas passaram a desapegar de itens, especialmente pela internet, e, por isso, muitos empreendedores viram nos brechós um nicho promissor", explica Priscila.

Ela completa que também houve uma procura por um consumo mais consciente e sustentável, tendência impulsionada principalmente pela geração Z, formada por jovens que aderem com mais naturalidade à moda circular, demonstrando um desejo por autenticidade.

Consciência e sustentabilidade

A buscava por uma renda extra fez Beatriz Faria de Oliveira Alves, de 22 anos, dar vida ao próprio brechó, em janeiro de 2020. Atualmente, a página do empreendimento nas redes sociais acumula mais de 12 mil seguidores.

"Eu queria ganhar uma grana extra antes da faculdade, fiz um ano de medicina veterinária e, depois, decidi mudar para marketing por conta do crescimento do brechó", afirma.

Entretanto, o consumo sustentável não começou somente no momento de vender as peças. A empreendedora conta que a mãe dela foi a maior influência para o conhecimento da moda circular.

"Minha mãe me levava em bazares de igrejas, comprava peças usadas das amigas dela... Então sempre consumi, nunca tive problema em usar roupa de segunda mão. Inclusive, hoje em casa priorizamos comprar tudo de brechó - até mesmo para o meu sobrinho que ainda é criança", diz.

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Beatriz Faria de Oliveira Alves/Arquivo pessoal

E não para por aí. Beatriz carrega consigo histórias de clientes que mudaram o olhar para a moda "second-hand": uma cliente já contou que doou as roupas que não queria mais e transformou todo o guarda-roupa só com peças de brechó; outra que tinha um certo "preconceito" com a compra de usados, decidiu dar uma chance e passou a comprar somente em brechós; teve uma outra que apresentou o brechó para a mãe e a irmã e, hoje, elas são clientes fiéis e sempre presenteiam umas as outras.

A empreendedora explica que comprar em brechó ajuda no meio ambiente, mas ressalta que é preciso que quem estiver comprando entenda o propósito final do brechó: que é o consumo consciente e sustentável. "No meu brechó eu sempre prezo em lembrar o objetivo de que a rotatividade de peças é o que importa. Se a pessoa está comprando uma peça, ela precisa tirar alguma do guarda-roupa também", afirma.

"O que acaba 'atrapalhando' o entendimento das pessoas sobre moda sustentável é o próprio mercado, já que as pessoas, mesmo que de forma inconsciente, são instruídas a comprar o tempo todo e em excesso", completa.

Dos retalhos de tecido aos desfibrados

Outra alternativa sustentável que também envolve moda e sustentabilidade acontece em Suzano. Em 2004, o diretor administrativo Carlos Roberto Novelini Junior fundou, junto com o irmão, uma empresa que transforma retalhos de tecidos em desfibrados.

"Os retalhos de peças prontas, como uniformes de trabalho ou roupas com pequenos defeitos, são coletados direto nas confecções por caminhões", diz.

Por mês, a empresa recicla cerca de 2,5 mil toneladas de retalhos. Entre os principais consumidores estão: as indústrias automotiva e moveleira, empresas de enchimentos de almofadas, travesseiros e camas, além de indústrias de fios de algodão.

Novelini destaca que os impactos ambientais causadas pela indústria de vestuário é, principalmente, a ocupação física dos resíduos em aterros sanitários, que, quando descartados de forma errada podem contaminar o solo e a água, levando anos ou décadas para serem absorvidos pela natureza, além de colaborar para escassez dos recursos naturais não renováveis.

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Fonte: G1

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