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'Você cria conexão e isso traz engajamento': donos de brechós apostam em criação de conteúdo para impulsionar vendas on-line

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Por Nova TV Alto Tiete em 02/02/2025 às 16:40:48

Empreendedores de Mogi das Cruzes contam que conteúdos mostrando o garimpo das peças, curiosidades e informações sobre moda e opções de "look" chamam a atenção dos usuários. Segundo o especialista Rafael da Costa Rodrigues, o mercado digital já é uma realidade e as empresas precisam surfar na onda e acompanhar o movimento do mercado. Donos de brechós apostam em criação de conteúdo para impulsionar vendas on-line

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A concepção de "brechó" foi mudando ao longo dos anos. O que antes era o repasse de roupas entre familiares e amigos - de geração para geração -, se tornou uma cultura que vai além de lojas, feiras e até conteúdos nas redes sociais.

"Você cria conexão [com os clientes] e isso te traz engajamento", diz o empreendedor Felipe Augusto, de 24 anos.

Entretanto, além do lucro, há outro fator essencial: permitir que as peças vivam novas histórias. É isso que os donos de brechó de Mogi das Cruzes ressaltam sobre a comercialização dos produtos.

Felipe Augusto, de 24 anos, mora em Mogi das Cruzes e é dono de um brechó que acumula mais de 18,8 mil seguidores nas redes sociais. Segundo ele, a empresa - que completou 8 anos - começou após ele perceber que era uma "referência" de looks entre os conhecidos.

"Quando eu tinha 16 anos e dava meus rolês, as pessoas viam as minhas roupas e gostavam muito. Eu falava 'é de brechó', aí eu falava onde era e as pessoas iam até lá e voltavam falando 'poxa, fui e não encontrei nada'. Eu percebi uma necessidade que o público tinha e a facilidade que eu tinha para oferecer o que eles necessitavam. Então, pensei em começar a revender", conta.

Como o consumo em brechó sempre existiu, o olhar do empreendedor ficou apurado para o garimpo das peças. "Brechó é procurar, é sorte, é ter o tato, a visão… Às vezes a pessoa pode até ter passado por uma roupa idêntica à minha ou muito similar e não ter tido o tato de perceber. O garimpo é sorte, constância, então sempre precisa ir nos lugares que você mais gosta para tentar as coisas mais legais", explica.

"Às vezes, você guarda algumas coisas no seu guarda-roupa por apego emocional ou simplesmente pela questão de ter, como 'ah, eu tenho tal coisa'. Isso não é saudável. Então quanto mais você circular suas roupas e deixar que as coisas fluam, é muito melhor", afirma o empreendedor Felipe Augusto, de 24 anos.

A história do brechó começou nas redes sociais e, anos depois, ele ganhou um espaço físico no Centro de Mogi. Augusto conta que, para cuidar dos dois formatos - on-line e físico -, é preciso ter cuidado e saber separar as coisas, já que os clientes de cada meio são diferentes.

"É sempre outra abordagem para conversar, para atender. Então cada um precisa ter o seu tempo. Se eu tirei meu tempo para responder os meus clientes on-line, eu não dou atenção no físico. Coloco meu namorado para atender, minha mãe também... Então com a ajuda deles eu consigo conciliar essas coisas".

O empreendedor conta que, apesar do alto número de seguidores, não é tão focado em produzir conteúdo para as redes sociais. Entretanto, manter a proximidade com o cliente é essencial.

"Hoje em dia não basta só você criar um 'site de vendas', você precisa ter uma conexão, tem que aparecer, tem que conversar sobre outras coisas, tem que ter uma relação com os clientes para que aquilo gere afetividade e te traga engajamento", diz.

Venda de produtos x criação de conteúdo

Quando o assunto é engajamento nas redes, quem tira de letra é a Rayssa Esteves, de 25 anos. Ela tem, junto ao namorado Matheus Souza, um brechó totalmente on-line que conta com mais de 39,9 mil seguidores.

"Em 2019, comecei a vender desapegos meus no Instagram. Sempre tive o costume de consumir roupas em brechós por ter peças diferentes e, quando comecei vender no meu perfil, as pessoas gostaram e me pediram mais, então comecei garimpar para elas. Foi quando senti a necessidade de abrir um perfil somente para isso, focado em garimpos", relata.

As peças focadas em streetwear vintage são a marca registrada do brechó - ou, como a Rayssa prefere chamar, do "club". "Garimpamos novas peças semanalmente e viajamos a garimpo para outros países pelo menos três vezes ao ano para repor um volume de estoque".

E, claro, os "clubbers" acompanham todo o processo. A empreendedora fala que o foco sempre foi criar uma comunidade em que as pessoas pudessem se sentir parte do negócio. Então, garimpo, curadoria, criação de conteúdos... Todas as etapas são compartilhadas com os seguidores.

"Acredito que [a quantidade no número de seguidores] é por conta constância de conteúdos, expondo sempre a ideia do uso das peças - não focado somente na venda dos produtos, mas sim no contexto geral da cultura vintage".

"Nosso trabalho é muito importante para a sustentabilidade do planeta, garimpamos peças que estavam esquecidas e criamos uma nova 'vida' para elas".

donos de brechós apostam em criação de conteúdo para impulsionar vendas on-line

Rayssa Esteves/Arquivo pessoal

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Brechós de rede e o incentivo à circulação

Quem pensa que o conceito de moda circular existe somente entre os micro e pequenos empreendedores está enganado. O consumo da moda de forma sustentável é o objetivo principal de uma rede de brechós espalhada pelo país.

A CEO da franquia em Mogi das Cruzes, Paula Schimek, explica que o brechó trabalha com peças consignadas, ou seja, qualquer um pode ser fornecedor. A loja não compra peças do cliente. No caso, a peça fica exposta na unidade e, caso seja comprada, 50% do valor da venda vai para o fornecedor - o antigo "dono" da roupa - e 50% fica com a loja.

A franquia foi inaugurada no dia 9 de novembro, na Vila Oliveira. Paula conta que sempre teve vontade de abrir um estabelecimento, mas queria algo que tivesse um propósito não só na vida das pessoas, mas para a vida dela também.

"O conceito brechó sempre foi algo muito importante para mim, eu sempre gostei e sempre consumi muito. Toda essa parte de sustentabilidade, peças que já foram usadas, peças com história, eu sempre gostei. Para mim, [investir nesse ramo] era algo que com certeza iria acontecer na minha vida", diz.

Segundo Paula, apesar da loja física ser um ponto importante para a experiência do cliente, as vendas também acontecem pelas redes sociais. "Usamos a plataforma tanto para expor os produtos quanto para realizar vendas diretas, seja via comentários, mensagens privadas ou até mesmo por links compartilhados durante as lives".

Donos de brechós apostam em criação de conteúdo para impulsionar vendas on-line

Paula Schimek

Existe fórmula 'mágica' para o sucesso na internet?

De forma direta e reta: não. Entretanto, segundo o publicitário e especialista em Gestão Estratégica de Comunicação e Marketing, Rafael da Costa Rodrigues, a chave para o sucesso é a soma entre estudo e teste:

Estudo: "entender o que é marketing, quais são suas frentes, o que cada frente faz, como que uma está conectada à outra, o que uma potencializa a outra, entre outros";

Teste: "você entender a necessidade e o poder da constância, de ter uma comunicação linear, produzir conteúdo e começar a perceber o que está potencializando ou não, entender o motivo de ter dado certo, o motivo de ter dado errado, o que você pode fazer de diferente na próxima operação e como você pode melhorar os indicadores".

"As redes sociais têm o poder de conseguir fazer com que sua marca, com seus produtos e serviços, possam atingir o nicho de mercado que a empresa atua. A gente consegue criar conteúdos personalizados para falar com o público-alvo, explicando o produto/serviço, os diferenciais, falar um pouco da rotina do negócio e mostrar para o seu potencial cliente que você, de fato, pode agregar no dia a dia com as soluções que você pode oferecer", comenta.

Além disso, Rodrigues explica que, com as redes sociais, é possível escutar o público-alvo da empresa. Então é importante estar atento sobre conteúdos que falam sobre a empresa, serviços, atendimentos, críticas e elogios. É um grande campo de pesquisa para a evolução da empresa e a criação de estratégias personalizadas.

"Brechó é legal porque tem muitas possibilidades. Com a pluralidade de vestimentas - roupas de verão, inverno, roupas atuais, vintage - você consegue mostrar toda essa diversidade nas redes sociais, com estampas, cores, formas e tamanhos. Se tiver roupa de marca é interessante mostrar também. Outra coisa legal é montar opções de looks, como 'olha, esse combina com esse', e muitos outros".

"No brechó você tem várias coleções dentro de um espaço, então você consegue brincar com combinações, criar situações... Levar isso para dentro das redes sociais é muito legal e pode atrair o olhar de quem está interessado".

Mercado digital não é mais tendência, é uma realidade

De acordo com o especialista, cada vez mais o índice de vendas on-line vai crescer, já que as pessoas estão familiarizadas com as compras pelo celular, por aplicativo, por site, e, por conta disso, as empresas precisam surfar na onda e acompanhar o movimento do mercado.

"A internet não é mais a 'casa dos jovens'. Tem muitas pessoas da terceira idade, da meia-idade, que consomem pela Internet com muita facilidade e gostam de comprar pela Internet. Então, as marcas que ainda não vendem pela internet estão deixando dinheiro na mesa".

Outro ponto interessante é que o comércio on-line quebra as fronteiras regionais, atrai pessoas de outras regiões e potencializa a venda do produto.

"Uma dica que eu dou é: escolha bem suas redes e trabalhe bem suas redes. De maneira profissional, de maneira bem detalhada, com bastante carinho e afinco, porque ela de fato vai trazer resultado para você no médio prazo", completa.

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Fonte: G1

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