No interior do edifício, onde Lula discursava, deputados da direita radical tumultuavam a fala do brasileiro. Já parlamentares de esquerda aplaudiam constantemente as intervenções do petista.
Do lado de fora, centenas de manifestantes protestavam a favor e contra Lula em locais diferentes — uma medida da polícia para evitar confrontos.
Os dois grupos estavam separados por cerca de 250 metros, de lados opostos no entorno da Assembleia da República (AR), o Parlamento português. O policiamento foi reforçado e barreiras impediam qualquer contato entre eles.
Lula discursou no Parlamento em uma sessão de boas-vindas, antes da sessão principal, no dia da comemoração da Revolução dos Cravos, que marca o fim da ditadura portuguesa. A fala de Lula já havia causado polêmica antes mesmo de acontecer (ler mais abaixo).
Enquanto o petista falava, os 12 deputados do Chega, partido da direita radical que se tornou a terceira maior força política de Portugal nas últimas eleições legislativas, ficaram de pé, segurando cartazes com a bandeira da Ucrânia e com a frase "chega de corrupção".
Também bateram nas mesas e fizeram barulho para atrapalhar o discurso de Lula.
Apesar das interrupções, o petista se aproveitou do contexto da Revolução dos Cravos para defender a democracia no Brasil.
"A democracia no Brasil viveu recentemente momentos de ameaça. Saudosos do autoritarismo tentaram atrasar o relógio em 50 anos e reverter as liberdades que conquistamos. Os portugueses assistiram a tudo, preocupados com a possibilidade de que o Brasil desse as costas ao mundo", disse.
Também voltou a falar sobre a Guerra da Ucrânia e pediu paz, criticando soluções militares. O tema marcou o início de sua viagem a Portugal.
"Quem acredita em soluções militares para os problemas atuais luta contra os ventos da história. Nenhuma solução de qualquer conflito, nacional ou internacional, será duradoura se não for baseada no diálogo e na negociação política", declarou.
Ele ainda voltou a condenar a violação à integridade territorial ucraniana pela Rússia.
A manifestação contra Lula foi convocada pelo líder do Chega, o deputado André Ventura, apoiador declarado do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
Ventura prometeu que seria a "maior manifestação da história contra um líder estrangeiro".
O protesto, de fato, reuniu algumas centenas de pessoas, mas ocupava menos de um quarteirão nas proximidades do Parlamento português. Questionados pela BBC News Brasil, policiais não souberam estimar o número de manifestantes.
Fonte: MSN