Variedades de alhos são cultivadas de formas diferentes, estudadas, testadas e depois repassadas para produtores rurais. Projeto é fruto de parceria entre a Embrapa e o Incaper. Produtores investem no cultivo de alhos nobres no ES
Um projeto da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) em parceria com o Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural (Incaper) tem ajudado agricultores da Região Serrana do Espírito Santo não só a resgatarem a cultura de cultivo do alho, mas também produzirem espécies da planta livres de vírus e do tipo nobre, mais valorizado no mercado.
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São 21 espécies de alhos estudadas, sendo 16 variedades de alhos semi nobres e cinco de alhos nobres.
Alho cultivado no ES
Reprodução/TV Gazeta
De acordo com a Secretaria Estadual de Agricultura, o Espírito Santo é o sétimo maior produtor de alho do país, com cerca de 1, 6 mil toneladas plantadas em 154 hectares. A produção fica concentrada em municípios como Santa Maria do Jetibá, Afonso Cláudio e Domingos Martins.
A produção de alhos nobres é uma novidade no estado e uma demanda do produtor que deseja valorização de mercado.
Com mais de 60 anos de campo, Moacir Belon, produtor rural de Venda Nova do Imigrante, na região Serrana do estado, disse que cultivo de alho sempre esteve presente na história da família.
"Uma tradição da família porque os italianos sempre usaram muito alho e todos os temperos. O alho faz parte da vida da gente", disse o produtor rural.
Moacir Belon, produtor de alho em Venda Nova do Imigrante, ES
Reprodução/TV Gazeta
A área de plantio da família fica na zona rural do município e parte da produção é levada para uma fazenda localizada na sede do Incaper em Domingos Martins.
No local, os testes apontam quais espécies se adaptam melhor ao clima e ao solo e o resultado é a melhoria na qualidade e no valor no mercado.
Foi nessa área de testes e estudos que foi alcançada uma alta qualidade nas cabeças e dentes de alho da variedade grande roxo ou roxão do agricultor, mas ele lembra que no passado foram inúmeras as dificuldades enfrentadas.
"Anos de muita chuva é problema pro alho e seca também. A gente não tinha uma irrigação adequada, era difícil na época. Hoje não. A tecnologia está vindo cada vez mais alavancando o produtor e a gente está conseguindo melhorar todas as variedades que a gente produz", disse Moacir Belon.
Andréa Costa , agrônoma especialista em genética e coordenadora do projeto no Espírito Santo pelo Incaper, disse que depois que a Embrapa faz a limpeza dos vírus de todas as variedades, o alho é enviado para o Espírito Santo. Antes, as variedades livres de vírus passam por um processo delicado em laboratório.
"Eles pegam esses alhos em que foi feita a limpeza e levam para um laboratório de cultura de tecido como esse e dão condições adequadas no meio de cultura de nutrientes, hormônios pra que esses alhos possam crescer e se multiplicar. Depois que esses alhos crescem e se propagam na cultura de tecido, eles são levados para um casa de vegetação e são multiplicados também. A gente planta e avalia quais as melhores variedades aqui no Espírito Santo pra poder recomendar aos agricultores", disse Andréa.
Produção de alho no ES
Reprodução/TV Gazeta
A agrônoma explicou ao longos dos anos pode ser que o alho fique contaminado com vírus e seja necessário o agricultor obter mais espécies livres de vírus.
"Durante os anos consecutivos de plantio pode haver o acúmulo de vírus e ser necessário ele [o agricultor] pegar alho livre de vírus novamente. O alho quando está com vírus reduz o tamanho da cabeça, dos dentes e fica um alho menor que não é interessante pro mercado", destacou.
Cultivo de alhos nobres
O projeto também busca introduzir o alho nobre no Espírito Santo com o cultivo de espécies que nunca tinham sido plantadas no estado e que são mais valorizadas no mercado, principalmente por causa tamanho das cabeças e dos dentes.
Alho nobre produzido no ES
Reprodução/TV Gazeta
Tiago Monteiro, engenheiro florestal e técnico do Incaper disse que são cinco variedades testadas atualmente e o objetivo é descobrir quais delas se adaptam melhor à região. Os testes são feitos em ambiente de estufa.
"Você pode perceber que a formação dele [alho nobre] é de alhos maiores e você não tem dentro da cabeça a produção daqueles alhos pequenininhos que a gente chama de palito. São alhox padronizados, normalmente de 8 a 12 alhos sem aquela formação do palitinho. Isso tem uma melhor aceitação no mercado, principalmente pela dona de casa e na hora de você fazer o processamento do alho", disse o engenheiro.
Além dos alhos para cultivar, os agricultores também recebem toda a orientação necessária para o sucesso do plantio.
Estufa onde testes alhos livres de vírus semi nobres e nobres são testados e estudados no ES
Reprodução/TV Gazeta
"Eles recebem além dos alhos, o pacote tecnológico que veio dessa transferência Embrapa/Incaper para o produtor rural. Então, nós vamos ensinar a ele o manejo da irrigação, da adubação e o controle de doenças e pragas do alho", disse o técnico do Incaper.
Cedmar Brunelli é um dos cerca de 30 agricultores interessados e cadastrados no projeto de cultivo de alhos livres de vírus e alhos nobres. Em uma área de um hectare, em São Roque, zona rural de Venda Nova do Imigrante, ele tem mais de 20 cultivos diferentes.
Em maio deste ano o produtor separou um espaço para os alhos nobres depois que ganhou dentes das variedades Ito e Quitéria. A colheita foi no fim de setembro.
Cedmar Brunelli é um dos cerca de 30 agricultores interessados e cadastrados no projeto de cultivo de alhos livres de vírus e alhos nobres
Reprodução/TV Gazeta
"Gostei do Ito. Consegui umas cabeças melhores, mais fechadinhas. Ano que vem nós vamos nos adequar mais na época certa dele pra melhorar cada vez mais", disse o agricultor."
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