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Símbolo da extravagância de Edemar Cid Ferreira, mansão de R$ 140 milhões do ex-banqueiro tem sinais de abandono em SP

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Por REDAÇÃO: NOVA TV ALTO TIETÊ em 14/01/2024 às 11:54:30

Ex-dono do Banco Santos ficou famoso por colecionar obras de arte e pela mansão de 8 mil m² no Morumbi, Zona Sul da capital. Ele morreu neste sábado (13), aos 80 anos, vítima de problemas no coração. Prédio foi arrematado em leilão pelo empresário Janguiê Diniz por R$ 27,5 milhões, em 2020. Mansão que pertenceu ao ex-banqueiro Edemar Cid Ferreira na rua Galia, bairro do Morumbi, Zona Sul de SP.

Rodrigo Rodrigues/g1

Símbolo da riqueza e da ostentação de um mecenas das artes de São Paulo, a mansão que pertenceu ao ex-banqueiro Edemar Cid Ferreira no bairro do Morumbi, Zona Sul da capital paulista, já não é mais a mesma. O empresário faleceu neste sábado (13), aos 80 anos, vítima de problemas no coração.

Adquirida por R$ 140 milhões, o prédio de 8.000 m² exibe for fora sinais de abandono e decadência.

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Com muros pichados, mofo nas paredes, vidros e mosaicos quebrados, o prédio na rua Galia nem de longe lembra o paraíso particular construído por Edemar antes da derrocada do Banco Santos, nos anos 2.000.

Mansão do ex-banqueiro Edemar Cid Ferreira no Morumbi, em São Paulo

Jonne Roriz/Agência Facto/Agência Estado

A mansão foi projetada pelo arquiteto Ruy Ohtake, que recebeu R$ 1,15 milhão pelo serviço. A decoração ficou por conta do norte-americano Peter Marino, que também R$ 8,86 milhões pelo serviço.

O imóvel chegou a passar por cinco leilões para ser vendido. Nos dois primeiros, não houve interessados.

Em maio de 2019, no terceiro leilão, o imóvel chegou a ser arrematado por R$ 23,3 milhões. Mas o comprador, que não teve o nome revelado, não depositou o valor dentro do prazo estipulado pelo leiloeiro.

Mansão que pertenceu ao ex-banqueiro Edemar Cid Ferreira na rua Galia, bairro do Morumbi, Zona Sul de SP.

Rodrigo Rodrigues/g1

Em 2020, foi finalmente arrematada pelo empresário paraibano Janguiê Diniz por R$ 27,5 milhões e, desde então, está parada. Diniz é dono de empresas de educação e faculdades particulares como "Grupo Ser Educacional", "Universidade de Guarulhos" e "UniVéritas".

Vizinhos e seguranças da região disseram neste domingo (14) ao g1 que há tempos não veem movimentação ou qualquer obra de restauro e manutenção no prédio.

O mármore claro que revestia a casa por dentro e por fora, com o tempo foi ficando marcado pela fuligem, o mofo e a deterioração natural do tempo.

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Muros pichados da mansão que pertenceu ao ex-banqueiro Edemar Cid Ferreira no Morumbi, Zona Sul de SP.

Rodrigo Rodrigues/g1

A reportagem chegou a bater nas duas portarias do prédio para conversar com os seguranças que cuidam na preservação do edifício, mas não foi atendida.

Os sinais da presença mínimas de pessoas se vê pelos sacos de lixo amarrados na porta e por um caminhão azul estacionado bem na entrada da antiga garagem de carros.

"Está abandonada. Diziam que o prédio ia dar lugar a uma escola, mas parece que a vizinhança rica não gostou da ideia e, desde então, não se sabe o que vão fazer com a casa", disse ao g1 um segurança da rua, sob condição de anonimato.

Teto danificado da mansão que pertenceu ao ex-banqueiro Edemar Cid Ferreira no Morumbi, Zona Sul de SP.

Rodrigo Rodrigues/g1

"Diziam que o prédio seria demolido para a construção de um condomínio. Mas li na imprensa que o novo dono não confirmou a venda pra nenhuma construtora. E pelas leis de zoneamento da região, dificilmente ele vai conseguir erguer torres de apartamento aqui, uma vez que você pode notar que a vizinhança é formada apenas de casas", afirmou a única vizinha que caminhava com um cãozinho pela rua calma de mansões neste domingo (14).

Os vizinhos dizem se preocupar com a situação da minifloresta dentro da casa, que tem mais de 200 árvores e teve o desenho paisagístico do famoso artista plástico carioca Roberto Burle Marx.

Mansão do ex-banqueiro Edemar Cid Ferreira no Morumbi é leiloada

"Não temos notícias de como está sendo cuidado lá dentro desse patrimônio. A gente tem medo que o abandono possa trazer reflexos para a vizinhança, como pragas e insetos transmissores de doença", disse a advogada.

O g1 tentou contatou com as empresas de Janguiê Diniz, mas não obteve retorno até a última atualização desta reportagem.

Janelas danificadas e quebradas da mansão que pertenceu ao ex-banqueiro Edemar Cid Ferreira no Morumbi, Zona Sul de SP.

Rodrigo Rodrigues/g1

Quem foi Edemar Cid Ferreira

Edemar Cid Ferreira, fundador e antigo controlador do falido Banco Santos, morreu neste sábado (13), aos 80 anos, em São Paulo. O ex-banqueiro ficou famoso como colecionador de obras de arte e pela mansão extravagante que construiu no Morumbi, na zona sul da capital paulista.

Cid Ferreira morreu do coração, dormindo. Ele deixou esposa e três filhos.

Brasil, São Paulo, SP. 25/02/2011. Edemar Cid Ferreira, dono do banco de Santos, durante entrevista exclusiva ao jornal O Estado de S. Paulo, no Morumbi, em São Paulo

Evelson de Freitas/Estadão Conteúdo/Arquivo

O empresário se tornou um nome constante nos noticiários do Brasil nos anos 2000, quando o Banco Santos sofreu intervenção do Banco Central, após um rombo de R$ 2,1 bilhões (valores da época) no caixa da companhia.

Em 12 de novembro daquele ano, o BC interveio na instituição depois de constatar que não cumpria normas básicas, como o recolhimento compulsório — parcela dos depósitos dos clientes que as instituições financeiras são obrigadas a recolher no BC. À época, o Santos era o 21º maior banco do país.

Em 4 de maio do ano seguinte, o BC anunciou a liquidação do banco. Desde então, Cid Ferreira tentava reverter a decisão da Justiça argumentando que o negócio faliu em razão de pessoas que não honraram o pagamento de empréstimos feitos no banco.

Mansão de Edemar Cid Ferreira vai a leilão novamente por R$ 10 milhões

Cid Ferreira e outros 18 ex-dirigentes do Banco Santos foram denunciados pelo Ministério Público Federal por lavagem de dinheiro, formação de quadrilha e gestão fraudulenta. Em maio de 2006, o ex-banqueiro foi preso por 89 dias.

No período, ele se dedicou à vida espiritual e chegou a frequentar cursos ministrados no presídio por igrejas evangélicas, pela Igreja Católica e outros sobre espiritismo. Mas Edemar não se filiou a nenhum credo.

Mansão em que morou Edemar Cid Ferreira tem pé direito de 9 metros de altura e janelões blindados

MBRAS/Divulgação

O imóvel, que ocupa um terreno de 8.000 metros quadrados e um complexo de cinco andares em uma área de 4.100 metros quadrados, possuí duas galerias de arte, com pé-direito de nove metros, uma biblioteca e um heliponto.

Banheiros de vidro com tecnologia que muda de cor quando estão ocupados, mármores importados da França e elevadores pneumáticos também compunham a mansão.

No mesmo ano, cerca de 2.000 peças que pertenciam ao empresário e foram apreendidas pela Justiça no ano da falência do Banco Santos, foram leiloadas para angariar fundos destinados a pagar aos credores da instituição financeira.

Na época, o ex-banqueiro pediu à Justiça o cancelamento do certame da coleção de obras de arte que estavam sob a guarda do Museu de Arte Contemporânea (MAC) da Universidade de São Paulo (USP).

Parte do acervo milionário de arte do banqueiro Edemar Cid Ferreira vai a leilão

Em ofício enviado à 2ª Vara de Falências e Recuperações Judiciais da cidade de São Paulo, ele argumentou que o leilão iria esquartejar a coleção, desvalorizando o conjunto e fazendo com que as obras percam valor de mercado.

O ex-banqueiro também possuía um apartamento de 3.000 metros quadrados na Praia Grande, que foi vendido por R$ 78 milhões após quatro leilões.

Acolhido por amigos

Desde então, passou a morar "de favor" e a viver com ajuda de amigos. Da mansão no Morumbi, transferiu-se para a casa vizinha, que pertencia a Zizinho Papa, ex-banqueiro dono do Banco Lavras. Naquela época, dizia que, todas as noites, sentava-se em uma cadeira no deck da piscina da casa onde passou a viver ficava horas olhando para sua mansão.

Ficava indignado com a falta de manutenção na sua antiga residência. Reclamava da fuligem que, com o tempo, foi manchando e escurecendo o mármore branco que revestia as paredes da casa.

Edemar passou o restante de sua vida tentando provar que o banco tinha mais crédito a recuperar do que dívidas a serem pagas, o que jamais se comprovou. Desse embate resultou uma relação de tensão permanente entre Edemar e o administrador judicial, Vânio Aguiar.

Mansão de 8 mil metros quadrados que pertenceu ao ex-banqueiro Edemar Cid Ferreira no Morumbi, Zona Sul de São Paulo

Reprodução/Tv Globo

Fonte: ECONOMIA

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