O objetivo do encontro foi criar uma agenda para envolver alunos e docentes da Uerj no tema da gestão de grandes projetos, em particular, do ambiente olímpico. Organizado pelas professoras Bianca Gama, do Departamento de Inovação, e Marinilza Bruno de Carvalho, da Diretoria de Inovação, a atividade resulta de trabalho conjunto entre o Grupo de Pesquisas em Estudos Olímpicos da universidade, reconhecido pelo Comitê Olímpico Brasileiro, o Olympic Studies Center do Comitê Olímpico Internacional e o eMuseu do Esporte, que é uma iniciativa da Uerj.
O professor da Universidade de Lausanne, na Suíça, Jean-Loup Chappelet, um conhecido especialista em governança de entidades olímpicas, ressaltou que existem duas palavras importantes em projetos de gestão esportiva: steakholders, que são parceiros interessados que atuam de acordo com as práticas de governança corporativa de um projeto, uma empresa, um evento ou um empreendimento; e sistema.
De acordo com Chappelet, no começo do sistema olímpico, havia apenas dois steakholders, mas o número avançou. “[Hoje] steakholders de tipos novos geram inovação na governança. Os steakholders formam um sistema, e não só eles são importantes, mas a relação entre eles. Compreende o todo do sistema olímpico”, afirmou o professor suíço. Chappelet acrescentou que eles também produzem o financiamento do sistema.
Bianca Gama destacou que o debate no seminário pode provocar um avanço na medida em que se consiga agregar o desempenho de cada entidade esportiva, mesmo com as suas limitações, oportunidades, forças e fraquezas. “Se a gente, enquanto entidades esportivas, consegue identificar as fraquezas de cada uma e fazer daquilo como uma grande oportunidade, integrando todas elas, isso faz a diferença”, afirmou, em entrevista à Agência Brasil.
Para a professora, o eMuseu do Esporte é um case de como a sociedade tem voz ativa em qualquer projeto esportivo, sendo amador, atleta, fãs, confederação, entidade esportiva ou comitê. “A gente consegue fazer com que o projeto, agregando vários outros stakeholders, entregue uma informação de qualidade, que é a memória esportiva de uma nação, criada por várias mãos e disponível para todos. E todos também podendo compartilhar dessa história.”
Entre os desafios para juntar tantos parceiros e levar adiante a governança de um projeto esportivo, Bianca citou a dificuldade legal de recursos financeiros, de entender como se protegem as partes e de entender a melhor parte de cada um, além das limitações burocráticas e administrativas. “Este é o desafio: botar na mesa diversos players, da iniciativa privada e da iniciativa pública, para extrair o melhor de cada um. Mas existem barreiras e limitações, e o empreendedorismo e a inovação vêm para quebrar essas barreiras.”
O professor colaborador do Programa de Pós-Graduação em Ciências do Exercício e do Esporte e ex-membro do Conselho de Pesquisas do Comitê Olímpico Internacional, Lamartine DaCosta, destacou a necessidade de transição para uma cultura globalizada, que é digital, o que cria muitos desafios para o esporte. “Os nossos desafios no esporte são generalizados, [assim como os] da humanidade em geral. A nossa experiência não é isolada, mas de trocas internacionais”, afirmou.
A professora Leila Andrade, que dirige a Rede Sirius, composta por 26 bibliotecas na Uerj, destacou a participação da entidade no projeto do eMuseu, que foi na montagem da memória esportiva. Uma das ações foi a digitalização das fotos e das fichas cadastrais dos atletas da Confederação Brasileira de Basquete.
Foram digitalizadas 382 fichas cadastrais, cerca de 115 fotos de campeonatos mundiais masculino e feminino, 108 de jogos olímpicos. “E tivemos uma grata surpresa ao manusear documentos referentes às Olimpíadas de Londres, em 1948; de Roma, em 1960; e de Atlanta, em 1996, e também dos Jogos Pan-Americanos de Chicago, em1959; da Colômbia, em 1971; de Havana, em 1991; e de Indianápolis, em 1987. Com esses documentos deu-se início ao eMuseu do Esporte”, lembrou a professora.
Leila Andrade enfatizou que esta foi uma contribuição muito importante da Rede Sirius para o eMuseu do Esporte.
Fonte: Agência Brasil