Observando os Rios é conduzido pela Fundação SOS Mata Atlântica e avalia a qualidade de rios de todo o Brasil. Pesquisa analisou a qualidade da água do rio em Biritiba Mirim, Itaquaquecetuba e Suzano. Córrego do Balainho, localizado em Suzano, apresenta piora de 2022 para 2023. Trecho do Rio Tietê, em Itaquaquecetuba, foi classificado como ruim por estudo da SOS Mata Atlântica
Reprodução/TV Diário
Apenas um ponto de monitoramento do Rio Tietê na região do Alto Tietê apresentou boa qualidade, de acordo com relatório "O Retrato da Qualidade da Água nas Bacias Hidrográficas da Mata Atlântica", coordenado pelo programa Observando os Rios, realizado pela Fundação SOS Mata Atlântica.
A pesquisa foi divulgada na sexta-feira (22), quando foi celebrado o Dia Mundial da Água e analisou as características da água do rio em Biritiba-Mirim, Itaquaquecetuba e Suzano.
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O trecho do Rio Tietê em Biritiba Mirim foi o único classificado como bom pelo relatório, enquanto em Suzano e Itaquaquecetuba ficou em ruim, assim como na edição anterior.
Além disso, o estudo analisou o Córrego do Balainho, localizado em Suzano, cuja classificação passou de boa para regular nos dois pontos onde foi observado.
O resultado das análises conduzidas pela organização foi publicado na edição 2024 do estudo. Ele apresenta um monitoramento das bacias hidrográficas do bioma por meio de dados do Índice de Qualidade da Água (IQA). Dados da organização revelam que os rios do bioma onde vive maior parte da população brasileira se mantêm distantes da qualidade de água adequada.
"Percebemos uma tendência de melhora, mas o quadro de alerta em relação aos rios da Mata Atlântica persiste, revelando a fragilidade da condição ambiental de parte significativa dos corpos d'água monitorados. A qualidade regular da água obtida em 77% dos pontos demanda atenção especial dos gestores públicos e da sociedade, especialmente neste momento de emergência climática", disse Gustavo Veronesi, coordenador do programa Observando os Rios.
De acordo com o relatório, a qualidade da água dos rios da Mata Atlântica vem apresentando melhora gradativa, embora os desafios permaneçam, houve um avanço na preservação dos recursos hídricos ao longo do último ano.
O Córrego do Balainho, em Suzano, havia apresentado melhora em dois pontos no relatório anterior da Fundação SOS Mata Atântica. No entanto, voltou a ficar com média regular.
O que dizem as prefeituras
O g1 questionou as prefeituras das cidades do Alto Tietê citadas no estudo. Apenas Biritiba-Mirim não respondeu. Confira as respostas.
Itaquaquecetuba
A Prefeitura de Itaquaquecetuba informou que fiscaliza e acompanha as atividades da Sabesp na cidade. As ações destinadas a melhorar a qualidade das águas do Rio Tietê em Itaquaquecetuba são:
Tratamento do esgoto: Uma das principais fontes de poluição do Rio Tietê é o despejo de esgotos não tratados. A Sabesp implementa projetos para melhorar a infraestrutura de tratamento de esgoto, incluindo a construção de estações de tratamento (ETEs) e a expansão de redes coletoras.
Controle de efluentes industriais: Outra fonte significativa de poluição são os efluentes industriais. A administração municipal faz a fiscalização para garantir que os efluentes sejam tratados adequadamente antes de serem descartados no rio. Essa atitude pode envolver uma regulamentação mais rígida, inspeções e aplicação de multas se forem detectadas irregularidades.
Recuperação de áreas degradadas: Em algumas áreas ao longo do Rio Tietê, esforços são feitos para recuperar ecossistemas degradados, como matas ciliares e Áreas de Preservação Permanente (APPs) e conservação das Áreas de Proteção Ambiental (APAs). Essas ações visam restaurar a vegetação natural, reduzir a erosão do solo e filtrar poluentes antes que eles atinjam o rio.
Sensibilização e educação ambiental: A administração municipal promove campanhas de sensibilização e educação ambiental para envolver a população local na proteção e preservação dos cursos d'água e do Rio Tietê como palestras, workshops, distribuição de materiais educativos e programas escolares.
Suzano
Segundo a Prefeitura de Suzano, ao analisar os resultados dessas ações, são considerados como indicadores a redução dos níveis de poluentes na água, a melhoria da saúde dos ecossistemas aquáticos, o aumento da biodiversidade e a sensibilização da comunidade sobre a importância da preservação dos recursos hídricos.
A Secretaria de Meio Ambiente de Suzano informou que há necessidade de verificação da metodologia de análise que a entidade SOS Mata Atlântica realiza para obter tais resultados, visto que não segue os procedimentos das diretrizes da Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb).
A pasta ainda disse que promove ações frequentes com o Grupo de Fiscalização Integrada – Alto Tietê Cabeceiras (GFI-ATC) na Bacia do Balainho, bem como monitoramento das propriedades por meio do projeto do Fundo Estadual de Recursos Hídricos (Fehidro). Neste ano, não foram registrados novos descartes ou ações que sejam agravantes para a piora da qualidade do rio.
Para a secretaria, seria importante conhecer os agentes locais que realizam as análises, os pontos onde há a coleta e as épocas de recolhimento de amostras, inclusive para que possa participar o Conselho Municipal de Defesa do Meio Ambiente (Comdema), órgão atuante na política ambiental do município.
Observando os Rios
Segundo o estudo, foram realizadas coletas mensais entre janeiro e dezembro de 2023, com 1.101 análises feitas em 174 pontos de 129 rios e corpos d'água em 80 municípios de 16 estados da Mata Atlântica.
Na Mata Atlântica, onde vivem mais de 70% da população brasileira, 8% das análises realizadas em 2023 indicam água de boa qualidade – um incremento discreto, mas relevante, em comparação ao ano anterior (6,9%).
Já as amostras classificadas na categoria "regular" representam 77% do total, um aumento de dois pontos percentuais.
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