Álvaro é de Mogi das Cruzes e pretendia passar alguns dias no Litoral Norte, mas teve que voltar antes após ver cidade ser tomada por alagamentos. Morador de Mogi que estava em São Sebastião fala sobre estragos da chuva
“Um cenário de guerra, muita gente chorando. Muita gente que teve casa soterrada, que perdeu entes queridos”. O relato é do professor Álvaro Augusto Dias Junior, que estava em São Sebastião durante as chuvas que atingiram o Litoral Norte de São Paulo neste final de semana.
Morador de Mogi das Cruzes, na Grande São Paulo, ele pretendia passar alguns dias no distrito de Juquehy, mas acabou voltando mais cedo. A região em que ele estava foi duramente castigada. Casas e carros acabaram destruídos, enquanto as ruas amanheceram cobertas de lama.
Ruas do distrito de Juquehy, em São Sebastião, ficaram tomadas pela lama após tempestade
Álvaro Augusto Dias Junior/Arquivo Pessoal
“Por volta de 5h30 nós escutamos o barulho tão forte de uma cachoeira próximo a uma casa onde a gente estava. Parecia turbina de avião, de tão forte que era o barulho. A gente não conseguiu ver o estrago que a chuva fez em volta, primeiro porque a gente ficou sem energia”.
“De manhã que nós pudemos ver o que a chuva fez. Pedaços de árvore, tronco, tudo arrastado pela chuva. Nós vimos um carro meio do rio que ela trouxe lá de cima pra baixo, de algum condomínio. Meu amigo que trouxe a gente perdeu um carro, ficou com água e lama até metade do carro”.
O volume de chuva registrado de sexta-feira (17) a domingo (19) foi o maior da história. Até esta segunda-feira (20), 40 mortes haviam sido confirmadas, mas dezenas de pessoas continuavam desaparecidas. Quase 2,5 mil moradores precisaram deixar suas casas.
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Foi o que aconteceu com a família de Álvaro. A força da água derrubou muros de imóveis ao redor do sobrado em que ele ficou hospedado. Por segurança, decidiram deixar o local. Como perderam o carro que os levou até o litoral, precisaram buscar ajuda para voltar para o Alto Tietê.
“A região que nós estávamos corria o risco de vir abaixo em mais uma noite de chuva, um sereno, mais uma tempestade. Provavelmente, ia cair a casa. Por prevenção, nós evacuamos a casa. Passamos pela rua de baixo, tudo tomado pela lama, carro amassado”, comenta. Na tarde desta segunda, o professor conseguiu uma carona e foi até Boracéia.
A expectativa é seguir para São Paulo pela via Anchieta. Embora esteja mais próximo de casa, Álvaro lamenta pela situação vivida em São Sebastião e teme que os reflexos da chuva continuem nos próximos dias. “Está faltando água e acho que vai racionar comida também, porque os principais mercados da cidade foram afetados pela enchente”.
Registro foi feito por morador de Mogi das Cruzes que estava no litoral durante tragédia
Álvaro Augusto Dias Junior/Arquivo Pessoal
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