Com as chuvas de terça-feira (21), volume de água voltou a subir e invadiu casas. Moradores de Itaquaquecetuba reclamam de alagamentos na Vila Maria Augusta
As ruas da Vila Maria Augusta, em Itaquaquecetuba, estão debaixo d"água há mais de 15 dias. Com as chuvas de terça-feira (21), o volume do alagamento subiu e acabou invadindo dezenas de casas. Revoltados com a situação, os moradores até fizeram um protesto para chamar a atenção das autoridades.
Quem vive no local afirma que o problema é antigo: as chuvas de verão provocam enchentes no bairro há mais de 20 anos. Um dos motivos seria a proximidade da área com o Rio Tietê, que não estaria dando conta do alto volume de água, como afirma o morador Leandro Santos.
“Na parte de baixo, perto do rio, tem ainda famílias que não conseguiram sair. Muitas pessoas perderam móveis, tem carros lá, animais que morreram por causa disso. O pessoal ontem fez protesto aqui na rua da pracinha da Vila Maria Augusta. [O problema é que] não abriram a comporta do rio e a vazão de Mogi das Cruzes, Suzano, vem tudo pra Itaquaquecetuba”, diz.
“A maioria das casas, que vocês podem fazer, é baixa. Com a chuva de ontem deu um agravamento. Acabou entrando nas casas. Agora tem que sair de casa. Nós moradores gostaríamos de uma resposta. Lógico que todo ano tem enchente, mas nós gostaríamos de ter uma resposta, governador, prefeito, pra comparecer e falar com os moradores”.
LEIA TAMBÉM:
Moradores alegam que convivem com água na porta de casa há uma semana na Vila Maria Augusta, em Itaquaquecetuba
Em diversas ruas, a altura da água se aproxima dos joelhos. Há trechos em que atravessar a via de carro é praticamente impossível (assista acima). A secretária de desenvolvimento social do município Claudia Mazargão reforça a versão dos moradores e diz que o acumulo de água e a dificuldade de escoamento está ligada ao Tietê.
“A prefeitura alargou a margem do rio, fez a limpeza, a gente tinha algumas casas em cima de passagem de córrego que obstruía a passagem das águas, isso foi feito”, diz. “[Mas] o Rio Tietê não é responsabilidade da Prefeitura, é uma responsabilidade do Governo de São Paulo. A barragem está fechada. O prefeito até fez uma live de lá pra mostrar isso, está conversando com o governador, vai entrar com medida judicial para resolver isso”.
“O que pode ser feito é drenagem, drenar água da rua pro rio. Só que o rio está super cheio. Não tem como drenar essa rua pro rio, porque vai voltar. Infelizmente, o que nós precisamos, é que as comportas sejam abertas. O rio precisa abaixar o nível. Quem vai pra São Paulo vê como o nível do Rio Tietê na marginal está super baixo. Por que? Porque a água está toda represada aqui”, destaca.
Claudia afirma ainda que o volume da água abaixou nos últimos dias, mas voltou a subir com a chuva de terça. Como a maioria das casas do bairro é assobradada, há famílias que conseguem continuar no local. Porém, a recomendação é de que as mais prejudicadas deixem os imóveis até que o cenário seja totalmente resolvido.
Moradores de Itaquaquecetuba reclamam de alagamentos na Vila Maria Augusta
Reprodução/TV Diário
“Estamos tirando as famílias que estão ilhadas, temos um acolhimento para as famílias que não querem ficar na água ou precisa sair pra trabalhar, as crianças não querem perder aula. Estamos entregando kit de limpeza pra não correr risco de doenças, estamos entregando cestas básicas”, pontua a secretária.
“O que nós aconselhamos é que saiam. Se tem casa de parente nós levamos. A gente está trazendo um caminhão pra tirar mudança, ajudar as pessoas nisso. A gente tira o pessoal de casa, leva até outro lugar mais seguro”.
Questionado sobre o assunto, o Departamento Estadual de Águas e Energia Elétrica (Daee), informou em nota que a Barragem da Penha tem a função de controlar a vazão do Rio Tietê e que a operação é feita como medida complementar ao controle de cheias na bacia do Alto Tietê.
Explicou que o maior nível já registrado na barragem foi de 724 metros em relação ao nível do mar, que fica cerca de 6 metros abaixo de Itaquaquecetuba e que as margens estão na cota 732 metros. Portanto, diz que a operação da estrutura não interfere nas cheias em municípios que estão localizados em uma cota superior.
O Consórcio de Desenvolvimento dos Municípios do Alto Tietê (Condemat) deve se reunir com o Daee para tratar do assunto no dia 1º de março.
Assista a mais notícias sobre o Alto Tietê