Negócio surgiu dentro de um programa de geração de renda da ONG Missão Intensidade. Em seis meses já foram vendidos cerca de 500 pacotes. Mulheres se unem para fazer petistos pets em ONG e conquistam renda
Nos últimos anos o mercado para pets cresceu muito no país e tem espaço para evoluir ainda mais. No ano passado, por exemplo, o ramo de lojas de animais e pet shops foi um dos mais buscados como ideia de negócios no Sebrae.
Uma pesquisa serviu de inspiração para uma ONG do Alto Tietê, que reuniu mulheres para produzires petiscos para pets. Em cada biscoitinho tem ovo, aveia, banana e muita entrega. O negócio surgiu dentro de um programa de geração de renda da ONG Missão Intensidade, que fica em Mogi das Cruzes.
“Uma experiência desse tamanho é a primeira. A gente veio tendo outras experiências, foram tendo alguns pilotos e aqui realmente nasceu nossa primeira empresa de geração de renda dentro da Missão Intensidade. No período pandêmico a gente percebeu que grande parte das mulheres são chefes de família. Na verdade isso é um fato, a gente só constatou isso. Caminhando já pro final da pandemia, nós convidamos algumas mulheres pra que a gente pudesse montar uma empresa com elas, que fosse criadas por elas e fosse gerida por elas”, disse Rodrigo de Souza, fundador da ONG.
Empreendedoras apostaram em fabricação e venda de biscoitos para pets
TV Diário/Reprodução
Kelly Sousa Morais é uma dessas mães que toparam o desafio. A ideia de fazer biscoitos para pet foi uma baita novidade.
“Tudo novo, né? Nunca imaginei assim que isso seria um provável no nosso dia a dia. A gente estava com outras ideias, mas aí quando surgiu e a gente foi conversando no passar dessas semanas, que a gente tem uma rotina de reuniões por semana entre a gente, e aí foi esclarecendo. Vão vindo ideias e a gente foi gostando e agora estamos aqui”, contou a empreendedora.
Os testes de qualidade e satisfação do cliente ela faz em casa mesmo. O cão Bisteca prova tudo. “Cheguei assim com o biscoitinho e ele já ficou todo feliz. Gostou, foi a primeira a aprovar. E tem um gato também, novinho. A gente vai testar o [biscoito] de sardinha e ele vai ser o primeiro também”.
Em seis meses já foram vendidos cerca de 500 pacotes como esses. Um dos pontos de venda fica no mercadão de Mogi, na loja comunitária do Fundo Social da cidade, mas levou tempo para chegar a essa etapa.
“A condição que nós colocamos a elas é que passassem pelo processo. E qual era o processo? De estudar o negócio, de modelar o negócio, aprender todas as ferramentas de modelagem de negócio, porque a periferia ela é muito empreendedora, ela abre muitos negócios, mas também ela fecha muitos. Não só a periferia, como o empreendedorismo de maneira geral. E grande parte do fechamento das empresas se deve muito à falta de planejamento e organização do negócio. E foi o que a gente propôs pra elas. Vamos modelar o negócio? Vamos organizar, planejar? Então, elas passaram praticamente um ano organizando, modelando, testando negócio”.
A empreendedora Jocimari Ribas não tinha ideia de que o processo era tão longo. “Não tinha ideia não como é que era, porque a gente começou primeiro a só fazer reuniões, porque a gente tinha que decidir o que a gente ia fazer. E eram várias mulheres, até que foi diminuindo, diminuindo o grupo e ficou só a gente, só quatro”.
Dedicação que está proporcionando uma chance única para todas elas: um passo para a liberdade financeira.
“Antes, eu fazia vários trabalhos, mas era autônomo, entendeu? Para eu ter o meu dinheiro. Mas eu não tinha pensado nisso, só que daí o Rodrigo convidou as mulheres, daí ele me convidou também, ele mandou pra mim recado no WhatsApp e convidou. Daí eu aceitei. Ele falou assim: "a gente vai abrir, não sabemos o que vai ser ainda, já convidei várias mulheres e estou convidando você também". Daí eu aceitei pra gente definir, ver como é que ia ser as coisas”, explicou Jocimari.
“Antes a minha rotina era de dona de casa. Cuidar da casa, filhos, a rotina normal. E a minha única renda foi a ajuda do governo. Mas sempre buscando algum meio pra fazer em casa, vendendo catálogos ou fazendo alguma coisa artesanal pra fazer alguma venda, ajudar no dia a dia de casa. E agora chegamos aqui”, disse Kelly.
E tudo isso aqui é só o começo. Vem muita coisa boa pela frente, por exemplo, hoje essa cozinha que elas usam é aqui da ONG, o próximo passo é conquistar a cozinha própria. Para isso, a vinda de parceiros que possam contribuir com o projeto é muito bem vinda.
“O nosso grande desafio agora é montar uma cozinha delas, um espaço delas. A gente precisa de um investimento pra comprar o forno, o freezer, todo maquinário necessário pra que elas possam decolar e assumir totalmente o protagonismo do negócio delas”, disse Rodrigo.
“Eu acho que isso a gente imagina desde o dia que a gente começou a fazer aqui, porque a gente sabia que ia ser limitado para nós por causa do espaço, por causa do horário e por causa das coisas mesmo. É um sonho
pra nós, na verdade, no começo assim, parecia muito distante, mas a gente está tentando fazer com que aconteça, que torne realidade”, completou Jocimari.
Para conhecer um pouco mais do trabalho, é só procurar o perfil da ONG Intensidade nas redes sociais.
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