Problemas enfrentados pelos moradores dizem respeito, por exemplo, à falta de saneamento básico, asfalto e iluminação. Moradores de Poá reclamam da falta de infraestrutura e segurança na Vila São Francisco
Moradores da Vila São Francisco, em Poá, reclamam das más condições em que o bairro se encontra. Eles relatam que enfrentam falta de saneamento básico, asfalto e iluminação, por exemplo.
De acordo com a dona de casa Leideana de Andrade, o ônibus escolar do filho parou de ir até o local por conta dos buracos na via. Agora, ela precisa ir até outro ponto, longe de casa e mais perigoso.
“Antes passava aqui, pertinho de casa. Agora a gente tem que descer para pegar o ônibus e colocar nossas crianças. Disseram que, por causa do asfalto aqui, é muito buraco e quebra o ônibus. Mas o certo seria eles passarem aqui, porque nossas crianças são pequenas, de quatro, cinco anos. A buraqueira, a lama, quando está chovendo, é ruim para a gente ir. E o ponto de ônibus ali é muito perigoso. Assaltam muita gente”.
Durante a reportagem da TV Diário, foi possível presenciar a chegada de um ônibus municipal no bairro. Segundo os moradores, ele deveria circular pelo local, mas, por conta das condições da via, o veículo não faz o trajeto completo.
“Teve situação de o Uber ser cancelado, devido a eles olharem no mapa e verem o bairro. Em uma emergência, a gente não tem a quem recorrer. Vai chegar uma hora que nós, moradores, não vamos ter saída, devido às condições das ruas. Distribuição dos Correios também, a gente sofre com esse problema. Já reclamamos, e o que eles alegam é que as ruas não apresentam segurança”, contou a dona de casa Cristina Cabral.
Ruas da Vila São Francisco, em Poá, apresentam muitos problemas
Reprodução/TV Diário
Maria Rocha é presidente da associação “Amigos do Bem”, que ajuda os moradores. Segundo ela, pelo menos 480 famílias são cadastradas na associação. Maria conseguiu que um amigo pegasse as correspondências nos Correios, e ela é quem faz a entrega.
“Eles (os moradores) não teriam correspondência, porque os Correios não vêm até aqui. Eles falam que é porque a rua é cheia de buracos, que as casas não têm os números certos. Mas as casas têm os números certos. A falta de segurança. Também é perigoso para eles entrarem aqui, porque nós não temos segurança nenhuma”.
A falta de saneamento básico também tem preocupado os moradores. Segundo eles, algumas mangueiras que chegam de uma adutora levam água para o bairro, mas elas têm vazamentos.
“Não tem água, nem esgoto aqui, como você pode verificar. Tem muito vazamento de mangueira, para lá e para cá. A Sabesp tem um prejuízo enorme aqui, referente à água. E a falta de saneamento básico causa até doença. Aqui tem muitas crianças, que brincam na rua. Aqui, não tem condições de as crianças circularem. E o pior de tudo é, quando chove, é fossa séptica aqui. Você imagina o mau cheiro dentro da sua casa, em pleno domingo, meio-dia, você almoçando? Está difícil para nós”, desabafou o aposentado Luiz Lopes Ferreira.
O pedreiro Celso Luiz de Santana explicou que o bairro ainda está sendo regularizado pela Prefeitura, mas reclamou da demora.
“Eles falam que essa área pertence ao Incra, então eles estão pegando o cadastro de todo mundo para fazer a legalização do lugar. Mas sai prefeito, entra prefeito, sempre tem as promessas de que está tendo um projeto. Esse projeto nunca sai”.
Enquanto isso, os problemas se acumulam. Apesar dos postes, falta iluminação, o que também tem tirado o sossego dos moradores.
“Iluminação não existe. Nenhuma iluminação. A Bandeirante veio no ano passado, trocou todos os postes, colocou transformadores para evitar os gatos, porque muita gente aqui não tinha luz regularizada. Aí trocou, mas esqueceu de colocar iluminação pública, que a gente paga. Todo mundo aqui na vila paga, porque agora é obrigado a pagar. Eles não colocaram nem as luzes, nem os braços, e quando a gente reclama, eles pedem para a gente ir atrás do poder público”, falou a estudante Wanderlene Souza.
Além da falta de iluminação, a rua Danilo Leme de Oliveira está com perigo de desbarrancar. De acordo com os moradores, a Prefeitura já foi notificada. No caso de algumas casas que ficam ao lado de onde a terra já começou a ceder, os moradores não têm mais acesso à garagem.
O que diz a Polícia Militar
Sobre a segurança, a Polícia Militar disse que realiza atividades de polícia dia e noite em todo o bairro e nas principais vias de acesso, por meio de ferramentas de inteligência, para coibir o crime. Também pediu para que o cidadão relate, com detalhes, os crimes ocorridos para aumentar a possibilidade de prisões. Para denúncias, o telefone é o 190 e, caso a pessoa não queira se identificar, o número é o 181, ou então pelo site da PM.
O que diz a Prefeitura de Poá
A Prefeitura de Poá informou que estão previstos para o bairro serviços de rede de água e esgoto e de asfalto. Disse ainda que o bairro está em processo de regularização por meio do programa "Regulariza Poá", mas não citou prazo para conclusão.
Especificamente sobre a rua Danilo Leme de Oliveira, a Prefeitura explicou que existe uma obra no local e que o departamento de fiscalização de posturas notificou o proprietário para que faça um muro de arrimo, já que ele fez um corte de talude sem obedecer às normas técnicas. O município disse também que a rua foi fechada para carros, mas que essa restrição não foi respeitada, e que a Defesa Civil faz o monitoramento da área.
O que diz a EDP
Sobre a iluminação, a EDP informou que a taxa paga pelos moradores é uma cobrança municipal, que cabe à EDP somente a instalação dos postes e a distribuição de energia, e às prefeituras, cabe a colocação dos braços, das luminárias e lâmpadas, além da manutenção.
O que diz a Sabesp
A Sabesp informou que o local não possui redes de abastecimento de água e de coleta de esgoto porque se trata de ocupação em área de proteção de mananciais. Há um processo de regularização fundiária em andamento e, com isso, a Sabesp está realizando os preparativos para atender a região.
O que dizem os Correios
Os Correios informaram que, após a realização de visita técnica, foi constatado que o bairro não atende aos requisitos previstos na portaria 2.729/21, do Ministério das Comunicações.
Entre as exigências, estão a necessidade de numeração ordenada, individualizada e única, caixas receptoras de correspondências e ruas sinalizadas com placas denominativas.
O órgão disse ainda que, somente depois disso, poderá implementar, de forma gradativa, a distribuição na região. Esclareceu também que o atendimento dos Correios na localidade é realizado por meio de entrega interna, em três unidades diferentes durante o horário comercial.
Os Correios ressaltaram que casos específicos registrados nos canais oficiais de relacionamento são prontamente averiguados e solucionados. Mais informações podem ser obtidas pelo 3003-0100 ou no site dos Correios.
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