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Censo 2022: 470 mil indígenas vivem sem água, esgoto e coleta de lixo adequados

Número equivale a 29% da população, dez vezes a média nacional (2,9%).

Por REDAÇÃO: NOVA TV ALTO TIETÊ em 04/10/2024 às 11:00:18

Foto: Agência de Notícias - IBGE

Número equivale a 29% da população, dez vezes a média nacional (2,9%). Nas terras indígenas, sobe para 62,2%. Quase um terço dos indígenas brasileiros (29%, ou 470.250 pessoas) vive sem abastecimento de água, sem sistema de esgoto e sem coleta de lixo adequados, segundo dados do Censo 2022 divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta sexta-feira (4).

Os dados não levam em consideração os indígenas que vivem em habitações sem paredes ou malocas – cabanas grandes de madeira e palha onde várias famílias vivem juntas, e que respondem por uma parcela pequena da população indígena brasileira (3% ou 52.249 pessoas).

Considerando os indígenas que vivem em condições precárias de pelo menos uma das situações (sem água, ou sem esgoto ou sem coleta de lixo adequados), o percentual sobe para mais de dois terços (69%, ou 1,1 milhão de pessoas) e, nas terras indígenas, para 96% (545.706 pessoas) – veja nos números abaixo.

Abastecimento de água

População brasileira: 6% não têm abastecimento adequado;

População indígena total: 38% não tem;

Indígenas dentro das terras indígenas: 69% não têm.

Esgoto

População brasileira: 24% não têm

População indígena total: 60% não têm

Indígenas dentro das terras indígenas: 85% não têm

Coleta de lixo

População brasileira: 9% não têm

População indígena total: 45% não têm

Indígenas dentro das terras indígenas: 86% não têm

'A solução não é ir todo mundo para a cidade'

Marta Antunes, coordenadora do Censo de Povos e Comunidades Tradicionais do IBGE, diz que é possível ter políticas públicas para melhorar as condições de saneamento básico dos povos indígenas sem precisar mudar a organização social e espacial dos territórios indígenas.

"A solução não passa por mudar as terras, a solução passa por mudar as soluções. Você está garantindo que os indígenas continuem mantendo suas formas de estar, fazer e ser, ao mesmo tempo que possibilita que eles tenham acesso a formas mais adequadas de saneamento básico. A solução não é todo mundo ir para a cidade", disse.

Marta destaca que, desde 2010, quando ocorreu o Censo anterior, houve avanços nas condições de saneamento básico para os indígenas: o percentual da população indígena que vive sem saneamento de esgoto era de 73% (agora, está em 60%); e sem coleta de lixo era de 72% (agora, 61%).

Em razão de mudança no método de coleta dos dados, não é possível avaliar o que mudou em relação ao abastecimento de água.

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Taxa de analfabetismo entre indígenas é o dobro

A taxa de analfabetismo entre a população indígena é o dobro do que a taxa nacional. Isso é o que apontam os novos dados do Censo Demográfico 2022 divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgados nesta sexta-feira (4).

??Os dados mostram que 15% dos indígenas maiores de 15 anos não sabiam ler e escrever em 2022. Entre a população geral, esse percentual era de 7%.

Apesar do resultado elevado em comparação ao panorama nacional, a taxa de analfabetismo entre indígenas teve queda de cerca de oito pontos percentuais entre 2010 (ano do censo anterior) e 2022 – passando de 23% para 15% (leia mais aqui).

Maioria dos indígenas vivem em casas

Os dados do Censo de 2022 mostram também que a maioria dos indígenas (91,9%) vivem em casas – mesmo dentro das terras indígenas (91,4%).

O que vivem em habitações sem paredes ou malocas correspondem a 3,1% da população indígena em geral e 8,1% dos que vivem em malocas (veja os números abaixo).

Casa

População brasileira: 84,7%

População indígena total: 91,9%

Indígenas dentro das terras indígenas: 91,4%

Casa de vila ou condomínio

População brasileira: 2,4%

População indígena total: 1,1%

Indígenas dentro das terras indígenas: 0,1%

Apartamento

População brasileira: 12,5%

População indígena total: 3,5%

Indígenas dentro das terras indígenas: 0,02%

Habitação em casa de cômodos ou cortiço

População brasileira: 0,2%

População indígena total: 0,2%

Indígenas dentro das terras indígenas: 0,2%

Habitação indígena sem paredes ou maloca

População brasileira: 0,03%

População indígena total: 3,1%

Indígenas dentro das terras indígenas: 8,1%

Estrutura residencial permanente degradada ou inacabada

População brasileira: 0,04%

População indígena total: 0,08%

Indígenas dentro das terras indígenas: 0,07%

Dados do Censo 2022

Veja o que Censo de 2022 já permitiu saber:

O Brasil tem 203 milhões de habitantes, número menor do que era estimado pelas projeções iniciais;

O país segue se tornando cada vez mais feminino e mais velho. A idade mediana do brasileiro passou de 29 anos (em 2010) para 35 anos (em 2022). Isso significa que metade da população tem até 35 anos, e a outra metade é mais velha que isso. Há cerca de 104,5 milhões de mulheres, 51,5% do total de brasileiros;

1,3 milhão de pessoas que se identificam como quilombolas (0,65% do total) – foi a primeira vez na história em que o Censo incluiu em seus questionários perguntas para identificar esse grupo;

O número de indígenas cresceu 89%, para 1,7 milhão, em relação ao Censo de 2010. Isso pode ser explicado pela mudança no mapeamento e na metodologia da pesquisa para os povos indígenas, que permitiu identificar mais pessoas;

Pela primeira vez, os brasileiros se declararam mais pardos que brancos, e a população preta cresceu.

Também pela primeira vez, o instituto mapeou todas as coordenadas geográficas e os tipos de edificações que compõem os 111 milhões de endereços do país, e constatou que o Brasil tem mais templos religiosos do que hospitais e escolas juntos.

Após 50 anos, o termo favela voltou a ser usado no Censo.

O Brasil tinha, em 2022, 49 milhões de pessoas vivendo em lares sem descarte adequado de esgoto. Esse número equivale a 24% da população brasileira. Já a falta de um abastecimento adequado de água atingia 6,2 milhões de brasileiros.

Mais da metade dos 203 milhões de brasileiros – 54,8% – mora a até 150 km em linha reta do litoral.

Fonte: ECONOMIA

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