SSP afirma que investe continuamente na capacitação do efetivo, aquisição de equipamentos de menor potencial ofensivo e em políticas públicas. Ariel de Castro Alves, advogado e membro do Movimento Nacional de Direitos Humanos, afirma que números da região seguem tendência do estado de SP. Número de mortes por intervenção policial no Alto Tietê neste ano já supera total registrado em 2023
TV Globo
O número de mortes decorrentes de intervenção policial no Alto Tietê nos oito primeiros meses de 2024 já supera o total de registros de ocorrências desta natureza no ano passado, segundo levantamento do g1 elaborado com base nos dados da Secretaria de Segurança Pública (SSP). De janeiro a agosto deste ano, foram 15 casos, sendo que em 2023 foram 14 ocorrências dessa natureza.
O levantamento reúne dados das cidades de Arujá, Biritiba-Mirim, Ferraz de Vasconcelos, Guararema, Itaquaquecetuba, Mogi das Cruzes, Poá, Salesópolis, Santa Isabel e Suzano.
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Ferraz de Vasconcelos e Poá foram as cidades que mais tiveram vítimas fatais de violência policial neste ano, cada uma com cinco. Arujá, Itaquaquecetuba, Mogi das Cruzes, Santa Isabel e Suzano tiveram um caso cada.
Ainda segundo os dados, todas as vítimas eram do sexo masculino, sendo que 11 das vítimas tinham menos de 20 anos (duas eram menores de idade). Já em relação a cor e raça, oito eram negros, sendo cinco pardos e três pretos.
De acordo com a SSP, 2023 foi o ano com o menor índice de casos de violência policial que resultaram em morte na região desde 2013, quando a pasta passou a divulgar dados referentes a esses casos. Por outro lado, 2019 foi o ano de mais registros de pessoas que foram vítimas fatais de ações policiais na região, quando foram contabilizados 54 casos.
Ariel de Castro Alves, advogado e membro do Movimento Nacional de Direitos Humanos, afirma que os números da região são muito preocupantes e seguem a tendência do estado de São Paulo, que teve aumento da letalidade policial no primeiro semestre do ano.
"O aumento da letalidade policial no Alto Tietê e em todo estado de São Paulo tem relação com a política de segurança pública implantada no governo Tarcísio, baseada na violência policial. Tem relação com a flexibilização do uso das câmeras, já que atualmente o policial é que decide quando usar ou não".
Além disso, o especialista aponta as eleições deste ano como outro fator importante para compreender o aumento da letalidade policial. Para ele, a violência policial gera votos daqueles que são insensíveis com relação às mortes de jovens pobres e negros da periferia e das pessoas que se iludem achando que a polícia matando suspeitos ao invés de prende-los está enfrentando o crime.
Mas na verdade, segundo Alves, a violência policial gera insegurança, pois "qualquer um pode se tornar a próxima vítima de uma polícia descontrolada que mata antes e verifica depois, causando mortes de muitos inocentes".
"A maioria das vítimas são negros em razão do racismo institucionalizado nos órgãos de segurança pública, que inclusive atuam de formas diferentes nas abordagens de negros e brancos e nos bairros perifericos ou de classes média e alta", finaliza.
O que diz a SSP
Veja na íntegra a nota da SSP sobre o aumento de ocorrências:
As Mortes em Decorrência de Intervenção Policial são resultado da reação de suspeitos à ação da polícia. Todos os casos de MDIP que ocorrem em São Paulo são rigorosamente investigados pelas polícias Civil e Militar, com acompanhamento das respectivas corregedorias, Ministério Público e Poder Judiciário.
Para reduzir a letalidade, a SSP-SP investe continuamente na capacitação do efetivo, aquisição de equipamentos de menor potencial ofensivo e em políticas públicas. Além disso, os cursos ao efetivo são constantemente aprimorados e comissões direcionadas à análise dos procedimentos revisam e aprimoram os treinamentos, bem como as estruturas investigativas.
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