Tudo que se refere ao ser humano, envolve complexidade, a tendência ao caos aumenta, de maneira proporcional ao número de pessoas envolvidas.
Eleição não é diferente e segue a regra, o impacto do contexto sobre as decisões é enorme. Em Guarulhos, as duas últimas eleições para Prefeito foram atípicas.
Não é errado afirmar, que o atual Prefeito de Guarulhos foi eleito devido a dois eventos fortuitos, sem relação e altamente impactantes:
1. O primeiro a onda do movimento anticorrupção, que começou na revolta com aumento de passagem dos ônibus. A eleição ocorreu no auge destes movimentos, com uma ruptura com os políticos tradicionais e trazendo "outsiders", alguns legítimos, outros fabricados como o Gustavo Costa que já era uma discreto Vereador, mas, se apresentou como novidade.
2. O segundo ato foi com a pandemia, a qual dificultou eleger opositores. O contexto apresentou as limitações de movimentação, alta exposição midiática e insegurança do povo, além da inundação de recursos federais nos municípios, a oposição ficou bastante fragilizada.
Sim, parece ter uma contradição enorme, a notícia no título, enaltece a força do Elói Pietá, mas ele concorreu e não venceu os dois pleitos anteriores.
Agora, a argumentação: em 2016, o Elói Pietá foi derrotado pela rejeição ao PT, embora com grande capital político e ótimo recall, não era possível vencer a correnteza.
Em 2020, a eleição foi totalmente atípica, com a pandemia, o período eleitoral foi reduzido, vantagem para quem estava no poder. O candidato da situação, apesar de já estar num governo contestado, ganhou fôlego com a intensa exposição midiática, insegurança do povo e da grande profusão de benefícios sociais do governo federal. As pessoas não conseguiam associar os benefícios a esfera governamental e sim a manutenção dos governos.
Curiosamente, nas pesquisas mais sérias para o pleito de 2024, o ex-Prefeito Elói Pietá aparece com a maior intenção de voto, longe e bem a frente dos demais. Mas, foi suplantado por outro candidato do próprio partido, ou seja, o PT não quer o Elói Pietá e ignorou as expectativas eleitorais.
A adversidade traz bons frutos!
Caso o ex-prefeito transformar o fato de ter sido preterido no PT, como um sinal e oportunidade para migrar de partido, as portas da vitória estão se abrindo, e ele pode conquistar parte de um novo eleitorado, essencial para ganhar a eleição.
Seguem alguns pontos e parece que o contexto joga a favor do ex-prefeito, um olhar mais atento permitirá que defina o parceiro (a) ideal:
a. Elói Pietá em Guarulhos é maior que o PT? – seguramente, ele carrega um grupo de fiéis eleitores, cuja lealdade é superior ao engajamento partidário.
b. Elói Pietá precisa dar um passo ao Centro, existe uma parcela altamente significativa de eleitores que não vota no Elói Pietá pelo fato dele ser do PT, é um grupo de eleitores que prefere votar em candidatos identificados com a social-democracia.
c. Para se ser Prefeito, é necessário estrutura. Para superar este item torna-se essencial que seja escolhido um partido com estrutura e não que seja satélite do próprio PT. Um partido que seja possível observar claramente que o ex-prefeito está disposto a mudar e que possa eleger um bom número de Vereadores.
d. A escolha do Vice-Prefeito (a). As eleições presidenciais ensinaram que a escolha do vice é uma decisão estratégica dado o simbolismo. Um movimento para atingir públicos não alinhados ao perfil candidato. No caso do Elói Pietá, a tempestade perfeita, seria escolher alguém com perfil empresarial, de preferência do sexo feminino, com trânsito na política estadual e federal e bem aceita no segmento religioso. Teríamos alguém assim?
Observa-se que os desafios podem ser superados com articulação e pela decisão do ex-Prefeito, o qual seguramente, ao dar este passo, muda todo o cenário político de Guarulhos, considerando que o desgaste da atual gestão serve como um tônico para reavivar as qualidades da sua gestão.
ELÓI PIETÁ PRECISA MOSTRAR QUE GOSTA MAIS DE GUARULHOS DO QUE DO PT.