ECONOMIA
Índice desacelerou para 20,6% em janeiro, abaixo dos 25,5% de dezembro. Ministro da Economia, Luis Caputo, previu que a inflação será mais baixa em fevereiro e março. Javier Milei acena durante evento em Buenos Aires no dia 12 de dezembro de 2023JUAN MABROMATA / AFPA inflação na Argentina alcançou um índice de 254,2% em 12 meses, segundo o instituto oficial de estatísticas, o Indec. Trata-se de uma das variações interanuais mais altas do mundo. Em janeiro, o indicador desacelerou para 20,6% em janeiro, abaixo dos 25,5% de dezembro. O índice de preços ao consumidor de janeiro coincidiu com as estimativas prévias feitas pelo governo do ultraliberal Javier Milei, em torno de 20%, em um contexto de "estagflação" — estagnação econômica com inflação — anunciado pelo próprio presidente pouco depois de assumir.Após a desvalorização de 50% do peso em dezembro, a liberação de quase todos os preços da economia e os primeiros ajustes de tarifas de transporte e serviços públicos, a inflação mensal permanece próxima ao recorde histórico de fevereiro de 1991 (27%).Entre os setores com os maiores aumentos em janeiro estão bens e serviços (44,4%), transporte (26,3%), comunicação (25,1%) e alimentos e bebidas não alcoólicas (20,4%).'Pouco para comemorar' "Há pouco para comemorar com uma inflação nesses níveis, especialmente porque em dezembro os salários subiram menos de 9% e em janeiro mais perto de 15%, mas também abaixo da inflação", resumiu o economista Hernán Letcher à AFP.O governo iniciou sua gestão com uma inflação de 25,5% em dezembro, levando a inflação do ano passado a 211,4%."Com o que estamos fazendo em matéria fiscal, monetária e cambial, estamos reduzindo a taxa de inflação. A [inflação] por atacado já está despencando", disse Milei durante sua recente viagem por Israel e Itália.Segundo o Indec, o quilo de pão custou no país 1.214 pesos (1,3 dólares, 6,46 reais), o litro de leite 842 pesos (US$ 0,95, R$ 4,72), o quilo de açúcar 1.180 pesos (US$ 1,47, R$ 7,30), o óleo de girassol (1,5 litros) 2.630 pesos (US$ 2,98, R$ 14,8) e a carne moída a partir de 3.469 pesos (US$ 3,93, R$ 19,53)."Algumas coisas que eu comia antes, agora não como mais, como queijo e carne", disse Elsa González, uma aposentada de 74 anos, à AFP.Em média, o setor de saúde registrou um aumento mensal de 20,55%. "Com os remédios diários, agora tenho que tomar a metade do comprimido ou menos do que tomava antes por causa do preço", relatou Ramón Zamudio, de 70 anos, um zelador de um prédio no centro de Buenos Aires.O ministro da Economia, Luis Caputo, previu que a inflação será mais baixa em fevereiro e março. "Já está diminuindo", afirmou.Milei sofre grande derrota ao não conseguir aprovar mudanças legislativas na ArgentinaCesta básica Em seus dois meses de gestão, o governo lançou uma ambiciosa desregulamentação da economia, buscando reduzir ao mínimo o papel do Estado, baixar a inflação e alcançar a estabilidade.Milei emitiu um mega decreto com modificações de normas e leis, incluindo um capítulo trabalhista cuja aplicação foi temporariamente suspensa pela justiça.Paralelamente, enviou uma "Lei Ônibus" com mais de 600 artigos que, após intensos debates com aliados e opositores, acabou fracassando no Congresso.Caputo afirmou que adotará outras medidas executivas para alcançar este ano a meta de "déficit zero" comprometida com o Fundo Monetário Internacional (FMI) ao reativar um programa de crédito de US$ 44 bilhões (R$ 218,75 bilhões).A CGT, principal central sindical do país, organizou uma greve geral de 12 horas em janeiro e anunciou que pedirá um aumento de 85% do salário mínimo, atualmente em 158.000 pesos (US$ 179,5, R$ 892).O Indec fixou nesta quarta-feira a cesta básica alimentar em 285.561 pesos (US$ 324,5, R$ 1.613) e a cesta básica total em 596.823 pesos (US$ 674,7, R$ 3.354).