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Dia Mundial da Conscientização Sobre o Autismo: jovem autista aprende Libras para levar inclusão à amiga surda

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Por Nova TV Alto Tiete em 02/04/2024 às 06:34:33

Ana Maria Machado começou a aprender a Língua Brasileira de Sinais aos 12 anos para que conseguisse conversar com a colega de sala. Hoje, aos 18 anos, ela cursa faculdade de Letras, Português e Libras e atua como intérprete simultânea em atos cívicos, shows e outros eventos. Ana Maria Machado começou a aprender Libras com apenas 12 anos para ajudar uma amiga

Arquivo Pessoal/Fátima Machado

Por muitas vezes excluída nas salas de aula Ana Maria Machado, que é uma pessoa com Transtorno do Espectro Autista (TEA), se inspirou em uma amiga surda para aprender a Língua Brasileira de Sinais (Libras). Hoje, aos 18 anos, a jovem de Arujá, na Grande São Paulo, já atuou como intérprete simultânea em atos cívicos, shows e outros eventos.

No Dia Mundial da Conscientização Sobre o Autismo, celebrado nesta terça-feira (2), ela conta como driblou o preconceito para fazer carreira na área que escolheu para estudar, trabalhar e - futuramente - dar aulas.

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"Eu fui diagnosticada com autismo com um ano e dois meses de idade, junto com a minha irmã gêmea. Desde que começamos a estudar tinha muita exclusão dos alunos, ninguém brincava com a gente e tinha um olhar estranho também. Mas eu continuei estudando, comecei a falar com seis anos de idade e fazia terapia multidisciplinar, que faço até hoje", conta Ana Maria.

Ela ainda é atendida por uma equipe multidisciplinar, formada por terapeuta ocupacional, psicóloga e fonoaudióloga. Com esse trabalho desde a infância, a jovem foi se desenvolvendo, mas ainda se incomodava com a exclusão nas salas de aula.

Aos 12 anos de idade ela estudava com Beatriz, que é surda. Para que a amiga não ficasse mais sozinha e excluída Ana Maria decidiu que aprenderia Libras. Esse, então, se tornou o hiperfoco dela. Não demorou para que ela aprendesse o básico da linguagem, o que já aconteceu logo no primeiro ano de estudos na área.

"Eu aprendi Libras porque eu me colocava no lugar dela. Ninguém da sala se interessava em aprender a falar com ela e eu sentia a mesma coisa na escola, porque também ficava excluída. Então, eu ajudei ela a interagir e ela me ajudou a aprender", relembra.

Participando de atos cívicos e eventos na Câmara de Arujá, Ana Maria sabe interpretar os hinos de Arujá, Mogi das Cruzes, Santa Isabel e Guarulhos, além do Hino Nacional.

Ela também já foi intérprete no show de Guilherme Arantes quando o cantor se apresentou em Arujá. A jovem ainda atuou como intérprete por videoconferência na "Expedição TEAfrica", promovida pela Associação Osai, que aconteceu na Angola.

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Formada no ensino médio em 2023, a jovem agora cursa licenciatura em Letras, Português e Libras à distância, na Unifatecie, do Paraná, onde ganhou uma bolsa de estudos. Estudar é uma das paixões da jovem, que pretende também dar aulas futuramente.

"Poder fazer tudo isso é muito gratificante para mim, porque assim eu posso levar acessibilidade e inclusão para pessoas surdas e para pessoas autistas. Eu quero ensinar as pessoas e mostrar que o autista é capaz e que lugar de autista é onde ele quiser estar", ressalta Ana Maria.

O apoio familiar

Com tantas conquistas nos últimos anos, Ana Maria lembra sempre da importância do suporte da família e também do tratamento multidisciplinar.

"É muito importante que as mães e pais atípicos entendam que o diagnóstico não é o fim. É o começo de uma nova fase, de uma nova jornada. É fundamental que os filhos sejam levados para as terapias, que eles estejam nas escolas aprendendo e socializando", afirma.

A mãe de Ana Maria, Fátima Machado, concorda e relembra o quanto as terapias foram fundamentais na vida de Ana Maria e da irmã gêmea dela, Maria Luiza.

As gêmeas Ana Maria e Maria Luiza contaram com o apoio dois pais Fátima e João para se desenvolverem

Arquivo Pessoal/Fátima Machado

"Elas foram diagnosticadas com autismo severo e não tinham contato visual, nem coordenação motora. Foi com muita luta, sacrifício e terapia que conseguimos essa evolução. Para mim é muito gratificante, eu me sinto realizada como mãe e pessoa, porque vejo que o meu trabalho está sendo recompensado. Eu pensei muitas vezes em desistir, mas desistir não é uma opção. Levar inclusão e acessibilidade é nosso dever como ser humano", afirma a mãe.

Fátima conta que a família e os profissionais ainda estão tentando descobrir o hiperfoco de Maria Luiza, que sabe o básico de Libras. Agora, ela estuda inglês.

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Fonte: G1

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