Em 2021, 23 casos da doença foram registrados na região. Já em 2022, número aumentou para 41, e em 2023 chegou a 48. Infectologista afirma que a alta se dá por conta de períodos mais chuvosos, quando acontecem transbordamentos de córregos e rios. Caminhar em alagamentos pode ser uma maneira de contrair a leptospirose
TV Diário/Reprodução
Os casos de leptospirose no Alto Tietê aumentaram 108,69% no período entre 2021 e 2023. De acordo com os números divulgados pelas Prefeituras foram 23 casos em 2021, 41 em 2022 e 48 em 2023.
Nesse período, sete pessoas morreram pela doença na região. Uma morte foi registrada em 2021, três em 2022 e outras três em 2023.
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Médico infectologista e professor universitário, Jean Gorinchteyn explica que a alta nos casos se dá por conta dos períodos mais chuvosos, que resultam em transbordamento de rios e córregos. Esta é a principal maneira de contaminação da doença.
"Esses transbordamentos facilitam que as pessoas entrem em contato com a água que esteja contaminada pela Leptospira. Essa bactéria é eliminada pela urina dos ratos urbanos, que são portadores assintomáticos. Então, eles vivem e deixam essa urina, que pode contaminar até mesmo pessoas que não têm machucados, que estão com a pele íntegra", explica o especialista.
Os números comprovam que o volume de chuvas está diretamente ligado aos casos de leptospirose. Em Mogi das Cruzes, por exemplo, foram registrados 1.502,7 mm de chuva durante todo o ano de 2021, quando dois moradores contraíram a doença.
Em 2022, o volume subiu para 1.996 mm e o número de casos da doença subiu para seis. Em 2023, a quantidade de chuva diminuiu para 1.677,3 mm e o número de casos caiu para cinco.
Ferraz de Vasconcelos foi a cidade do Alto Tietê com o maior número de casos entre 2021 e 2023. Nesse período a evolução do número de casos acompanhou o aumento do volume de chuva anual.
Em 2021, o volume foi de 1.205 mm e três casos foram registrados. Depois, o volume subiu para 1.422,1 mm em 2022, quando houve o registro de 15 casos. Em 2023, junto com uma nova alta no volume de chuva de 1.619,5 mm veio o registro de 17 casos de leptospirose.
Mortes
Entre 2021 e 2022, o número de mortes por leptospirose cresceu 70% em todo o Brasil.
No Alto Tietê, as mortes pela doença aumentaram 200%, já que em 2021 apenas um havia sido registrado. Enquanto que 2022 e 2023 tiveram três mortes cada.
A morte de 2021 aconteceu em Itaquaquecetuba. Em 2022, a doença fez vítimas fatais em Ferraz de Vasconcelos, Mogi das Cruzes e Santa Isabel. Ferraz, Itaquaquecetuba e Santa Isabel voltaram a registrar óbitos em 2023.
"Em 90% das pessoas que contraem a doença os sintomas são mais leves, como febre e dor no corpo, principalmente na panturrilha, e a pessoa fica um pouco mais desanimada. Então, isso passa na maioria das vezes como uma virose e a pessoa nem mesmo procura um médico. Porém, em 10% dos casos a doença evolui em cerca de 7 a 8 dias com a apresentação mais grave, tendo amarelamento dos olhos, manchas avermelhadas no corpo e diminuição da urina", diz Gorinchteyn.
Ainda de acordo com o especialista, para que a doença não evolua para essa forma mais grave é fundamental que o paciente com os sintomas de complicação procure por atendimento médico o quanto antes para receber o atendimento correto.
A forma mais grave da doença exige internação hospitalar, sendo muitas vezes na Unidade de Terapia Intensiva (UTI). Isso porque o paciente precisa de hidratação e pode necessitar de diálise, quando há o comprometimento da função dos rins e sangramento.
Gorinchteyn explica também que as pessoas que tiveram um período de contato maior com a água contaminada têm mais chance de contrair a forma mais grave. A evolução insatisfatória pode acontecer mais em idosos e pessoas que já têm problemas de saúde.
Sintomas da leptospirose
Febre;
Cefaleia;
Dor muscular (mais comum na região da panturrilha);
Anorexias;
Náuseas e vômito;
Diarreia;
Dores nas articulações;
Alteração na circulação sanguínea ou hemorragia conjuntival;
Fotofobia;
Dor ocular;
Tosse.
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