Apesar do pedido, cidades ainda não têm previsão de quando vão receber e oferecer medicamento para pacientes da rede pública. Anvisa aprova venda do medicamento Paxlovid para tratamento em casos leves de Covid-19
O tratamento com Paxlovid, remédio indicado para casos leves da Covid-19, deve integrar a rede pública de saúde do Alto Tietê em breve. Um levantamento realizado pelo g1 mostrou que ao menos quatro cidades solicitaram remessas do medicamento aos governos federal e estadual.
Nesta semana, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aprovou a venda do antiviral em farmácias, além da disponibilização para pacientes de hospitais particulares. Se o pedido das prefeituras for atendido, o tratamento também poderá ser prescrito em unidades municipais.
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Segundo a apuração, Guararema e Suzano solicitaram o envio de remessas do Paxlovid ao Ministério da Saúde. Já Mogi das Cruzes e Santa Isabel fizeram pedidos à Secretaria Estadual. Em ambos os casos, não há previsão de chegada dos comprimidos (confira as respostas abaixo).
As cidades de Biritiba Mirim e Itaquaquecetuba disseram que ainda não têm detalhes sobre o assunto, sendo que a segunda ainda realiza estudo com a Vigilância Epidemiológica. Arujá, Poá e Salesópolis também foram questionadas, mas ainda não deram retorno.
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O Ministério da Saúde explicou que o antiviral formado pelos comprimidos nirmatrelvir e ritonavir, produzidos pela Pfizer e adquiridos pela pasta, foram distribuídos a todos os estados, conforme solicitação das secretarias estaduais de saúde.
Disse ainda que outras 50 mil unidades do Paxlovid, encomendadas pelo Governo Federal, estão previstas para serem entregues no início de 2023, segundo a previsão do laboratório. O órgão não deu detalhes de como será a distribuição no Sistema Único de Saúde (SUS).
O g1 aguarda uma posição da Secretaria do Estado sobre o assunto.
Caixa de Paxlovid, da Pfizer
Jennifer Lorenzini/Reuters
Como funciona o Paxlovid
O antiviral tem o objetivo de prevenir internações, complicações e mortes causadas pelo coronavírus. O remédio consiste em duas substâncias em conjunto, nirmatrelvir e ritonavir. Essa associação deve ser administrada por via oral e é indicada para pacientes com Covid-19 leve à moderada, não hospitalizados, que apresentam elevado risco de complicações e sem necessidade de uso de oxigênio suplementar.
Em 30 de março, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aprovou o uso emergencial do Paxlovid. Após a publicação da incorporação no Diário Oficial, na sexta-feira, o Ministério tem 180 dias para disponibilizar o tratamento na rede pública.
O remédio não está autorizado para utilização por mais de cinco dias. Além disso, como não há dados do uso do Paxlovid em grávidas, recomenda-se que seja evitada a gravidez durante o tratamento. Não é recomendado para pacientes com insuficiência renal grave ou com falha renal, uma vez que a dose para essa população ainda não foi estabelecida.?
Confira o que cada prefeitura respondeu sobre o assunto
Biritiba Mirim
A Secretaria de Saúde disse que ainda não tem essa informação.
Guararema
A Prefeitura de Guararema informou que o Ministério da Saúde abriu um formulário para solicitação dos medicamentos. Porém, até o momento, o município não tem informações do quantitativo nem previsão de quando serão enviados. “Ressaltamos que, quando enviada a medicação, a prescrição deverá seguir os critérios rigorosos constantes em protocolo”.
Itaquaquecetuba
A Secretaria de Saúde de Itaquaquecetuba, por meio da Secretaria de Saúde, informou que estuda a medida junto à Vigilância Epidemiológica. Destacou ainda que, atualmente, o medicamento é oferecido na rede municipal de saúde para o tratamento de HIV mediante prescrição médica.
Mogi das Cruzes
A administração municipal disse que aguarda o envio da medicação por parte do Governo Estadual, que não informou prazo.
Santa Isabel
Em Santa Isabel, a Prefeitura informou que solicitou ao Governo do Estado o envio do medicamento, mas destacou que não há previsão de quando serão entregues ao município.
Suzano
A Secretaria Municipal de Saúde ressaltou que “o medicamento tem um público limitado e a intenção é distribuí-lo com a Autorização Temporária de Uso Emergencial”.
Disse ainda que isso necessitará de acompanhamento e preenchimento de formulário específico ao retornar ao médico. Suzano informou que fez a solicitação de três tratamentos do Paxlovid, de acordo com a disponibilidade pelo Ministério da Saúde.
“A princípio, o Ministério da Saúde não tem uma previsão de entrega exata, mas o medicamento já foi solicitado e deve chegar até a primeira quinzena de dezembro. O tratamento será disponibilizado na Unidade Básica de Saúde (UBS) Prefeito Alberto Nunes Martins – CS 2, no Centro”.
A Prefeitura destacou que o remédio não está autorizado para tratamento de pacientes que?requerem hospitalização devido a manifestações graves ou críticas da Covid-19. Também não está autorizado para profilaxia pré ou pós-exposição para prevenção da infecção pelo novo coronavírus.?
Vacinas bivalentes
O médico infectologista Rubens Pereira dos Santos explica o que são as vacinas bivalentes e como elas agem no organismo.
“De fato, nós sabemos que no mês passado mais de 103 mil sequências foram enviadas ao laboratório da Organização Mundial da Saúde, 99% ômicron. E a gente sabe que nós estamos tendo mais de 300 sub variantes, então a vacina precisava ser atualizada. É claro que a vacina antiga, de tampinha roxa, monovalente, ela é eficiente também contra casos graves e contra óbito. No entanto, muitos pacientes tão adquirindo novamente o coronavírus com essa sub variante. Então, a gente precisava de uma nova vacina bivalente, que felizmente foi aprovada. Nós vamos ter duas bivalentes da Pfizer: uma que vai proteger contra a BA.1 e outra B.A4 e B.A5. São muito bem-vindas acima dos 12 anos de idade”.
Ele também comenta sobre que a vacina bivalente é indicada para pessoas acima dos 12 anos.
“Nesse primeiro momento, ela está sendo indicada acima dos 12 anos de idade. E não tem assim exatamente uma contra indicação, uma vez que ela é indicada principalmente para aqueles que estão numa situação mais vulnerável e nós recomendamos que realmente o reforço possa ser tomado. Então, cada um deve verificar se a última vacina tem pelo menos três meses e deve procurar aí o seu posto de saúde, a sua secretaria de saúde pra verificar assim que ela estiver disponível e desta feita obter o reforço da vacina da Pfizer bivalente”.
O médico infectologista ressalta a importância da vacinação no enfrentamento do novo coronavírus.
“As vacinas são importantes, né? Recentemente o que o Fiocruz nos diz, por exemplo, é que de 3 a 4 anos de idade, 5 anos de idade, somente 5,5% das crianças tinham tomado duas doses de vacina. Muito pouco. Então, abaixo de 12 anos continua ênfase na vacina monovalente. Elas são importantes porque elas dão uma proteção cruzada parcial, evitando a doença grave e o óbito. Então, nós não perdemos por ter tomado essas vacinas, não. E agora vem a chance do reforço com a vacina bivalente que todos nós realmente devemos cruzar“.
Rubens Pereira dos Santos ainda explica em quais situações é indicado o uso do medicamento Paxlovid.
“Primeiramente vamos recordar que a Anvisa já liberou seis medicações pra tratar o Covid. Três para Covid inicial, com risco de agravar, como o Molnupiravir e o Evusheld, e entre essas está agora o Paxlovid, que desde março foi aprovado e agora felizmente ele está chegando pra nós. Pro Covid mais grave, nós temos também o Rendesivir, Baracitinibe e o Sotrovimabe. Mas nós estamos aqui pra falar do Paxlovid, que é uma medicação que ela tem antirretrovirais, que é o nilmatrelvir e ritonavir. Essa medicação ela vai ser distribuída pelo SUS. A Secretaria de Saúde deve solicitar, é tomado duas vezes ao dia durante cinco dias. Num futuro próximo ela vai ter nas farmácias pra gente comprar, mas ainda não chegou e nós não sabemos o preço. Qual é o público-alvo? O público-alvo é acima de 18 anos com comorbidades. Se a pessoa tem uma doença grave e ela pega o Covid tem risco desse Covid evoluir, agravar, então os primeiros cinco dias, não para o Covid assintomático, mas para aquele Covid diagnosticado, os primeiros cinco dias que têm risco de agravar. Acima de 18 anos com comorbidades ou acima de 65 anos de idade. Então, nessa situação a medicação está indicada, porque a gente percebe que o paciente pode agravar. Então, está muito bem indicada. E acreditamos que ela vai ser muito útil e vai diminuir a mortalidade, as internações hospitalares”.
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